Capítulo 33

3.9K 330 10
                                    

Julia

No outro dia acordei e como de costume nem sinal de Katherine. Levantei tomei banho e fui almoçar com meus pais.

- Fiz um almoço rápido, minha filha, temos que pegar o ônibus agora de tarde. - disse ela.

- Sem problemas, Mãe a comida esta ótima. - falei.

- Onde esta Katherine? - perguntou minha mãe.

- Deve ter dormido no escritório. - menti.

- Acho que ela não dormiu em casa. - disse meu pai. No escritório não tem ninguém.

Dei de ombros e continuamos almoçando.

Ajudei eles com as malas e os deixei na rodoviária para pegarem o ônibus. Fiquei caminhando pelo centro, pensando em como colocar minha vida nos trilhos novamente. O primeiro passo era arrumar um lugar para morar. Patrícia tinha me dito que assim que eu me formasse meu salário aumentaria e com esse valor eu poderia financiar um apartamento para mim.

Aproveite que estava no centro e fui até uma corretora. Expliquei que eu queria um apartamento pequeno até porque era o que eu poderia pagar. Um quarto, cozinha, sala e banheiro estava ótimo. Ela ficou de me ligar assim que encontrasse algo para mim.

Voltei para casa e nem sinal de Katherine não sei se isso era bom ou ruim. Tomei um banho e me joguei no sofá era domingo e eu não tinha nada para fazer.

Ouvi forçarem a porta com a chave e Katherine entrou. Estava destruída como eu nunca tinha visto, ainda vestia o vestido da noite anterior. Estava suja, com a aparência cansada e olheiras fundas de quem havia chorado a noite inteira. Sua voz estava arrastada e eu podia sentir pelo cheiro que ela havia bebido muito.

- Desculpe por ontem. - disse ela com a voz arrastada.

- Não era minha intenção estragar a sua noite.

Por mais que eu ainda estivesse chateada aquilo me cortava o coração, o estado em que ela estava era deplorável.

- Você esta tremendo e toda molhada, pode pegar uma pneumonia. - falei indo até ela e a puxando pela mão.

- Não precisa fazer isso, eu não quero a sua pena. - disse ela baixo.

- Fica quieta você não tem condições de nada agora .- falei autoritária.

Tirei o vestido a deixando de calcinha e sutiã ela tremia muito e eu sabia que ela devia estar com febre. Coloquei-a dentro da banheira com a água quase escaldante. Fui até a cozinha e peguei um remédio para gripe e a obriguei a tomar.

Entrei na banheira com ela e esfreguei suas costas e seus braços que estavam cobertos de lama. Lavei seus cabelos e enrolei uma toalha.

- Vem. - puxei ela pela mão e tirei da banheira. Ela voltou a tremer, a sequei rapidamente e a deitei na cama. Peguei cobertores do armário e coloquei em cima dela.

- Agora você vai melhorar. - falei.

Fui até a cozinha e preparei uma sopa, ela não devia ter comido nada o dia inteiro. Voltei para o quarto e dei algumas colheradas na boca dela que comeu a contra gosto mas ainda estava com febre.

- Desculpa. - disse ela entre tremores.

- Pelo que? - perguntei.

- Por destruir nosso amor. - ela disse.

Engoli em seco aquelas palavras.

- Se preocupe só em melhorar. - falei.

Ela deitou novamente mas ainda sentia frio. Tirei a roupa que eu estava e deitei ao lado dela. Ela se aninhou no meu corpo e aos poucos os tremores foram passando até o corpo dela se estabilizar e ela adormecer nos meus braços.

Confesso que estava com saudades dela e te-la tão perto de mim, embora eu soubesse que nunca voltariamos a ser como antes.

- Obrigada. - ela sussurrou.

Acabei adormecendo junto e acordei com a cama molhada, o que era um bom sinal que a febre tinha baixado.

- Precisamos dar um banho em você. - falei lhe acordando.

A cara dela já estava melhor mas ela ainda estava rouca.

- Você também precisa. - disse ela e ela estava certa eu também estava suada.

Enchi a banheira com água e coloquei alguns sais.

- Entra. - ordenei.

Ela tirou toda a roupa e entrou.

- Entra também. - ela pediu.

Tirei minha roupa e entrei junto. Ela me abraçou por trás, como fazíamos muitas vezes para relaxar. A princípio eu não deixei mas em seguida ela começou a dar beijos no meu pescoço e fazer carinho nos meus braços, eu fui me deixando levar pelos carinhos.
Ficamos ali nos acariciando não sei por quanto tempo, até a água começar a ficar fria.

- Vamos, você precisa comer. - falei.

Saímos da banheira e eu troquei os lençóis da cama. Katherine estava deitada no sofá tapada com cobertor, de vez em quando eu a ouvia tossir. Fui até a cozinha e aqueci a sopa já era madrugada, mas ela precisava comer.

Trouxe a sopa numa bandeja e ela comeu, dei os remedios, arrumei a cozinha e fomos nos deitar. Ela deitou na cama fazendo manhã o que me derretia por completo.

- Vou dormir no quarto de hospedes. - falei.

- E se eu passar mal a noite? - perguntou ela.

- Só me chamar. - falei.

- Julia, por favor, deita aqui comigo, posso precisar de algo. - pediu ela.

Como eu era coração mole, acabei deitando ao lado dela. Ela me abraçou de novo e adormecemos assim com nossos corpos colados novamente.

No outro dia o despertador tocou, era segunda e tínhamos que ir para a emissora. Eu não tinha dormido muito, Júlia tinha tossido algumas vezes na madrugada.

- Vou avisar que você não vai hoje. - falei para Katherine.

- Não, preciso ir hoje eu tenho que enviar a versão final do projeto ou estou fora. - disse ela entre tosses e espirros.

- Que projeto, do que você esta falando. Você não vai a lugar nenhum nesse estado. - falei.

- Traz meu notebook do escritório, por favor. - pediu ela.

- Você tem que descansar. - falei.

- Quero lhe mostrar. - ela pediu.

Fui até lá e peguei o notebook.

Ela sentou com dificuldade e me mostrou o projeto que era imenso, era a implementação de filiais da emissora e o projeto estava perfeito.

- Esta ótimo, você fez sozinha? - perguntei.

- Sim, era uma surpresa. - disse ela baixando a cabeça.

- Por isso você vivia naquele escritório. - falei.

- Sim, se fosse aprovado eu ganharia um bônus, que permitiria não precisar mais trabalhar e ganhar o futuro até dos meus netos. - falou ela.

Não falei nada então ela continuou.

- Meu plano era terminar o projeto e nos casarmos, assim eu teria bastante tempo para nós, quem sabe filhos, casar. - falou ela sonhadora.

Destinos Cruzados (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora