Julia
No outro dia acordei e como de costume nem sinal de Katherine. Levantei tomei banho e fui almoçar com meus pais.
- Fiz um almoço rápido, minha filha, temos que pegar o ônibus agora de tarde. - disse ela.
- Sem problemas, Mãe a comida esta ótima. - falei.
- Onde esta Katherine? - perguntou minha mãe.
- Deve ter dormido no escritório. - menti.
- Acho que ela não dormiu em casa. - disse meu pai. No escritório não tem ninguém.
Dei de ombros e continuamos almoçando.
Ajudei eles com as malas e os deixei na rodoviária para pegarem o ônibus. Fiquei caminhando pelo centro, pensando em como colocar minha vida nos trilhos novamente. O primeiro passo era arrumar um lugar para morar. Patrícia tinha me dito que assim que eu me formasse meu salário aumentaria e com esse valor eu poderia financiar um apartamento para mim.
Aproveite que estava no centro e fui até uma corretora. Expliquei que eu queria um apartamento pequeno até porque era o que eu poderia pagar. Um quarto, cozinha, sala e banheiro estava ótimo. Ela ficou de me ligar assim que encontrasse algo para mim.
Voltei para casa e nem sinal de Katherine não sei se isso era bom ou ruim. Tomei um banho e me joguei no sofá era domingo e eu não tinha nada para fazer.
Ouvi forçarem a porta com a chave e Katherine entrou. Estava destruída como eu nunca tinha visto, ainda vestia o vestido da noite anterior. Estava suja, com a aparência cansada e olheiras fundas de quem havia chorado a noite inteira. Sua voz estava arrastada e eu podia sentir pelo cheiro que ela havia bebido muito.
- Desculpe por ontem. - disse ela com a voz arrastada.
- Não era minha intenção estragar a sua noite.
Por mais que eu ainda estivesse chateada aquilo me cortava o coração, o estado em que ela estava era deplorável.
- Você esta tremendo e toda molhada, pode pegar uma pneumonia. - falei indo até ela e a puxando pela mão.
- Não precisa fazer isso, eu não quero a sua pena. - disse ela baixo.
- Fica quieta você não tem condições de nada agora .- falei autoritária.
Tirei o vestido a deixando de calcinha e sutiã ela tremia muito e eu sabia que ela devia estar com febre. Coloquei-a dentro da banheira com a água quase escaldante. Fui até a cozinha e peguei um remédio para gripe e a obriguei a tomar.
Entrei na banheira com ela e esfreguei suas costas e seus braços que estavam cobertos de lama. Lavei seus cabelos e enrolei uma toalha.
- Vem. - puxei ela pela mão e tirei da banheira. Ela voltou a tremer, a sequei rapidamente e a deitei na cama. Peguei cobertores do armário e coloquei em cima dela.
- Agora você vai melhorar. - falei.
Fui até a cozinha e preparei uma sopa, ela não devia ter comido nada o dia inteiro. Voltei para o quarto e dei algumas colheradas na boca dela que comeu a contra gosto mas ainda estava com febre.
- Desculpa. - disse ela entre tremores.
- Pelo que? - perguntei.
- Por destruir nosso amor. - ela disse.
Engoli em seco aquelas palavras.
- Se preocupe só em melhorar. - falei.
Ela deitou novamente mas ainda sentia frio. Tirei a roupa que eu estava e deitei ao lado dela. Ela se aninhou no meu corpo e aos poucos os tremores foram passando até o corpo dela se estabilizar e ela adormecer nos meus braços.
Confesso que estava com saudades dela e te-la tão perto de mim, embora eu soubesse que nunca voltariamos a ser como antes.
- Obrigada. - ela sussurrou.
Acabei adormecendo junto e acordei com a cama molhada, o que era um bom sinal que a febre tinha baixado.
- Precisamos dar um banho em você. - falei lhe acordando.
A cara dela já estava melhor mas ela ainda estava rouca.
- Você também precisa. - disse ela e ela estava certa eu também estava suada.
Enchi a banheira com água e coloquei alguns sais.
- Entra. - ordenei.
Ela tirou toda a roupa e entrou.
- Entra também. - ela pediu.
Tirei minha roupa e entrei junto. Ela me abraçou por trás, como fazíamos muitas vezes para relaxar. A princípio eu não deixei mas em seguida ela começou a dar beijos no meu pescoço e fazer carinho nos meus braços, eu fui me deixando levar pelos carinhos.
Ficamos ali nos acariciando não sei por quanto tempo, até a água começar a ficar fria.- Vamos, você precisa comer. - falei.
Saímos da banheira e eu troquei os lençóis da cama. Katherine estava deitada no sofá tapada com cobertor, de vez em quando eu a ouvia tossir. Fui até a cozinha e aqueci a sopa já era madrugada, mas ela precisava comer.
Trouxe a sopa numa bandeja e ela comeu, dei os remedios, arrumei a cozinha e fomos nos deitar. Ela deitou na cama fazendo manhã o que me derretia por completo.
- Vou dormir no quarto de hospedes. - falei.
- E se eu passar mal a noite? - perguntou ela.
- Só me chamar. - falei.
- Julia, por favor, deita aqui comigo, posso precisar de algo. - pediu ela.
Como eu era coração mole, acabei deitando ao lado dela. Ela me abraçou de novo e adormecemos assim com nossos corpos colados novamente.
No outro dia o despertador tocou, era segunda e tínhamos que ir para a emissora. Eu não tinha dormido muito, Júlia tinha tossido algumas vezes na madrugada.
- Vou avisar que você não vai hoje. - falei para Katherine.
- Não, preciso ir hoje eu tenho que enviar a versão final do projeto ou estou fora. - disse ela entre tosses e espirros.
- Que projeto, do que você esta falando. Você não vai a lugar nenhum nesse estado. - falei.
- Traz meu notebook do escritório, por favor. - pediu ela.
- Você tem que descansar. - falei.
- Quero lhe mostrar. - ela pediu.
Fui até lá e peguei o notebook.
Ela sentou com dificuldade e me mostrou o projeto que era imenso, era a implementação de filiais da emissora e o projeto estava perfeito.
- Esta ótimo, você fez sozinha? - perguntei.
- Sim, era uma surpresa. - disse ela baixando a cabeça.
- Por isso você vivia naquele escritório. - falei.
- Sim, se fosse aprovado eu ganharia um bônus, que permitiria não precisar mais trabalhar e ganhar o futuro até dos meus netos. - falou ela.
Não falei nada então ela continuou.
- Meu plano era terminar o projeto e nos casarmos, assim eu teria bastante tempo para nós, quem sabe filhos, casar. - falou ela sonhadora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destinos Cruzados (Romance Lésbico)
RomanceKatherine morou durante muitos anos com seu pai em São Paulo, tinha sua independência financeira e uma relação instável com Roberta, até tudo desmoronar em sua cabeça. Julia era uma estudante de jornalismo em busca de uma oportunidade para finalmen...