Katherine
Achei estranho receber uma mensagem de um número desconhecido me pedindo para comparecer ao hospital. Será que tinha acontecido algo com Julia?
Não pensei duas vezes e fui até o hospital. Olhei a volta do quarto e não vi ninguém, resolvi entrar. Julia estava sentada na cama fui até ela e me joguei em seus braços em um abraço cheio de saudades. Senti Julia fria e ela não correspondeu aos meus braços.
Em seguida escutei um ranger de garganta e vi que a mãe dela estava sentada em um poltrona ao lado da cama. Soltei Julia e a mãe dela me encarava seria.
- Oi. - falei e não obtive resposta da mãe de Julia
Julia tinha os olhos arregalados depois do abraço que eu havia dado nela e a sua mãe nos encarava.
- Recebi uma mensagem pedindo pra vir aqui hoje. - falei.
- Sim, eu mandei , Julia queria falar com você. - disse Maria.
- O que houve? - perguntei agora voltando a olhar para Júlia.
Maria não arredava o pé do quarto o que já estava me irritando.
- Mãe pode nos dar licença? - pediu Julia.
- Não é uma boa ideia. - disse Maria.
- Eu já concordei com tudo, será que não mereço um pouco de confiança. - insistiu Julia.
- Vou ficar na porta de olho. - disse Maria saindo do quarto e indo para a porta do lado de fora.
- Ei, como voce tá ? O que está acontecendo? - perguntei.
- Vou passar 30 dias na fazenda dos meus pais. - disse Julia.
Senti uma bomba me acertar com aquela informação.
- Como assim, porquê? - perguntei.
- Minha mãe descobriu sobre a gente e sinceramente Kath eu não tô conseguindo lidar direito com tudo. Tenho pesadelos com Lucas acordo assustada talvez seja bom passar um tempo no campo. - disse Julia.
- O que for melhor pra você, mas você tem certeza? Não quer ficar aqui eu cuido de você. - falei.
Vi os olhos dela encher de água e ela desabou.
- Calma, calma. - falei lhe abraçando sem me importar se a mãe dela estava na porta ou não.
Aos poucos Julia foi se acalmando.
- Eu não consigo lidar com tudo isso, Kath eu só não consigo. - falou Julia entre soluços.
- Não precisa lidar com nada eu entendo. Passa um tempo com a sua família, respira o ar do campo e se recupera. - falei pra ela.
- Você entende? - perguntou Julia.
- Claro que sim. - falei apertando ainda mais ela nos meus braços.
Maria apareceu no quarto e Julia se soltou rapidamente dos meus braços.
- Melhor eu ir embora. - falei e fui saindo do quarto antes de olhar mais uma vez para Júlia.
Ficar esse tempo longe dela seria horrível, mas se fosse para ajudá-la a se recuperar eu esperaria o tempo que fosse. Sai do hospital e fui para casa não estava com cabeça para ir até a empresa. Precisava colocar a cabeça no lugar e lidar com tudo aquilo.
Julia
Minha cabeça estava um turbilhão os pesadelos com Lucas eram constante minha mãe me pressionando sobre Katherine estava me sentindo presa na minha própria mente. A conversa com Katherine só piorou as coisas eu vi o sofrimento no olhar dela e aquilo me machucou demais eu não consegui falar nada eu apenas desabei e pela primeira vez eu me senti estranha nos braços dela, flashes de Lucas me agarrando voltavam a minha mente. Katherine se foi e eu fiquei ali lambendo as minhas próprias feridas.
[...]
Fazia duas semanas que eu havia saído do hospital já estava na fazenda dos meus pais. Todos os dias meu pai me levava até a cidade onde eu tinha consultadas com a psicóloga. O tratamento estava me ajudando a superar tudo, mas eu ainda tinha muitos pesadelos com aquilo tudo.
Troquei algumas mensagens com Katherine escondida da minha mãe é claro, sentia muita saudade dela que chegava a doer, mas não me sentia pronta para voltar a minha vida de antes.
Na empresa eu tinha colocado um laudo de um mês então meu emprego estava seguro para quando eu me sentir melhor voltar. O ar do campo estava me fazendo bem. Era fim de tarde o ar fresco do campo e eu estava sentada no açude da fazenda olhando o sol se pôr. Lembrei do dia que trouxe Katherine aqui e quase fomos pegas no flagra, senti uma nostalgia ao lembrar daquilo era tudo tão mais fácil.
Respirei fundo o ar do campo e resolvi tirar uma foto para enviar a ela. Tive vontade de ligar para ela, mas eu ainda não conseguia ouvir a sua voz sem desabar completamente e eu precisava tentar ser o mais racional possível com aquela situação
Eu só saia de casa para ir até a psicóloga não estava a fim de ouvir qualquer comentário que fosse sobre o porquê eu tinha voltado para morar ali. Mas naquele dia eu estava afim de caminhar pelos arredores.
Saí do açude e fui caminhando pela estrada.
- Tá perdida? - disse Marina sobre o cavalo.
- Não, só vim caminhar um pouco. - falei.
- Posso te fazer companhia? - disse Marina descendo do cavalo.
- Sim. - respondi.
- Como voce está? - perguntou Marina.
- Bem, na medida do possível. Devo ser o assunto principal da cidade. - falei.
- Quem se importa? Por anos eu fui também, esse povo gosta de uma intriga. - disse Marina.
E ela tinha razão, durante anos só se falava nela.
- Você tem razão.
- Vou ficando por aqui, acho que a sua mãe não vai gostar de te ver conversando comigo. Se quiser conversar ou fazer alguma coisa para se distrair pode me ligar. - disse Marina.
- Obrigada. - falei.
- Por nada. - disse ela indo embora.
Vi Marina se afastar e fiquei pensando em como eu queria ter a força dela de não me importar com a opinião de ninguém.
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Destinos Cruzados (Romance Lésbico)
RomanceKatherine morou durante muitos anos com seu pai em São Paulo, tinha sua independência financeira e uma relação instável com Roberta, até tudo desmoronar em sua cabeça. Julia era uma estudante de jornalismo em busca de uma oportunidade para finalmen...