Capítulo 42

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Katherine

Achei estranho receber uma mensagem de um número desconhecido me pedindo para comparecer ao hospital. Será que tinha acontecido algo com Julia?

Não pensei duas vezes e fui até o hospital. Olhei a volta do quarto e não vi ninguém, resolvi entrar. Julia estava sentada na cama fui até ela e me joguei em seus braços em um abraço cheio de saudades. Senti Julia fria e ela não correspondeu aos meus braços.

Em seguida escutei um ranger de garganta e vi que a mãe dela estava sentada em um poltrona ao lado da cama. Soltei Julia e a mãe dela me encarava seria.

- Oi. - falei e não obtive resposta da mãe de Julia

Julia tinha os olhos arregalados depois do abraço que eu havia dado nela e a sua mãe nos encarava.

- Recebi uma mensagem pedindo pra vir aqui hoje. - falei.

- Sim, eu mandei , Julia queria falar com você. - disse Maria.

- O que houve? - perguntei agora voltando a olhar para Júlia.

Maria não arredava o pé do quarto o que já estava me irritando.

- Mãe pode nos dar licença? - pediu Julia.

- Não é uma boa ideia. - disse Maria.

- Eu já concordei com tudo, será que não mereço um pouco de confiança. - insistiu Julia.

- Vou ficar na porta de olho. - disse Maria saindo do quarto e indo para a porta do lado de fora.

- Ei, como voce tá ? O que está acontecendo? - perguntei.

- Vou passar 30 dias na fazenda dos meus pais. - disse Julia.

Senti uma bomba me acertar com aquela informação.

- Como assim, porquê? - perguntei.

- Minha mãe descobriu sobre a gente e sinceramente Kath eu não tô conseguindo lidar direito com tudo. Tenho pesadelos com Lucas acordo assustada talvez seja bom passar um tempo no campo. - disse Julia.

- O que for melhor pra você, mas você tem certeza? Não quer ficar aqui eu cuido de você. - falei.

Vi os olhos dela encher de água e ela desabou.

- Calma, calma. - falei lhe abraçando sem me importar se a mãe dela estava na porta ou não.

Aos poucos Julia foi se acalmando.

- Eu não consigo lidar com tudo isso, Kath eu só não consigo. - falou Julia entre soluços.

- Não precisa lidar com nada eu entendo. Passa um tempo com a sua família, respira o ar do campo e se recupera. - falei pra ela.

- Você entende? - perguntou Julia.

- Claro que sim. - falei apertando ainda mais ela nos meus braços.

Maria apareceu no quarto e Julia se soltou rapidamente dos meus braços.

- Melhor eu ir embora. - falei e fui saindo do quarto antes de olhar mais uma vez para Júlia.

Ficar esse tempo longe dela seria horrível, mas se fosse para ajudá-la a se recuperar eu esperaria o tempo que fosse. Sai do hospital e fui para casa não estava com cabeça para ir até a empresa. Precisava colocar a cabeça no lugar e lidar com tudo aquilo.

Julia

Minha cabeça estava um turbilhão os pesadelos com Lucas eram constante minha mãe me pressionando sobre Katherine estava me sentindo presa na minha própria mente. A conversa com Katherine só piorou as coisas eu vi o sofrimento no olhar dela e aquilo me machucou demais eu não consegui falar nada eu apenas desabei e pela primeira vez eu me senti estranha nos braços dela, flashes de Lucas me agarrando voltavam a minha mente. Katherine se foi e eu fiquei ali lambendo as minhas próprias feridas.

[...]

Fazia duas semanas que eu havia saído do hospital já estava na fazenda dos meus pais. Todos os dias meu pai me levava até a cidade onde eu tinha consultadas com a psicóloga. O tratamento estava me ajudando a superar tudo, mas eu ainda tinha muitos pesadelos com aquilo tudo.

Troquei algumas mensagens com Katherine escondida da minha mãe é claro, sentia muita saudade dela que chegava a doer, mas não me sentia pronta para voltar a minha vida de antes.

Na empresa eu tinha colocado um laudo de um mês então meu emprego estava seguro para quando eu me sentir melhor voltar. O ar do campo estava me fazendo bem. Era fim de tarde o ar fresco do campo e eu estava sentada no açude da fazenda olhando o sol se pôr. Lembrei do dia que trouxe Katherine aqui e quase fomos pegas no flagra, senti uma nostalgia ao lembrar daquilo era tudo tão mais fácil.

Respirei fundo o ar do campo e resolvi tirar uma foto para enviar a ela. Tive vontade de ligar para ela, mas eu ainda não conseguia ouvir a sua voz sem desabar completamente e eu precisava tentar ser o mais racional possível com aquela situação

Eu só saia de casa para ir até a psicóloga não estava a fim de ouvir qualquer comentário que fosse sobre o porquê eu tinha voltado para morar ali. Mas naquele dia eu estava afim de caminhar pelos arredores.

Saí do açude e fui caminhando pela estrada.

- Tá perdida? - disse Marina sobre o cavalo.

- Não, só vim caminhar um pouco. - falei.

- Posso te fazer companhia? - disse Marina descendo do cavalo.

- Sim. - respondi.

- Como voce está? - perguntou Marina.

- Bem, na medida do possível. Devo ser o assunto principal da cidade. - falei.

- Quem se importa? Por anos eu fui também, esse povo gosta de uma intriga. - disse Marina.

E ela tinha razão, durante anos só se falava nela.

- Você tem razão.

- Vou ficando por aqui, acho que a sua mãe não vai gostar de te ver conversando comigo. Se quiser conversar ou fazer alguma coisa para se distrair pode me ligar. - disse Marina.

- Obrigada. - falei.

- Por nada. - disse ela indo embora.

Vi Marina se afastar e fiquei pensando em como eu queria ter a força dela de não me importar com a opinião de ninguém.

Destinos Cruzados (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora