Capítulo 53

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Katherine

A viagem foi tranquila apesar do longo trajeto eu cheguei na fazenda dos pais de Julia. Estava reticente me sentindo uma adolescente pedindo permissão para os pais para namorar, mas eu precisava fazer aquilo por Julia. Ela fazia questão dos pais no nosso casamento e eu faria qualquer coisa por ela.

Cheguei na fazenda e bati na porta, eu não sabia se os pais dela estavam em casa, mas eu esperava que sim. Seu Zé apareceu na porta e me olhou surpreso.

- Oi filha. - disse ele.

- Oi seu Zé, tudo bem? - falei.

- Sim, entre. - disse ele.

Entrei e observei o lugar era o mesmo desde a última vez que eu tinha vindo ali.

- Aconteceu alguma coisa?- perguntou o seu Zé.

- Sim e não, eu gostaria de conversar com o senhor e a dona Maria. - falei.

- A Maria foi na cidade, deve estar voltando daqui a pouco porque não senta e espera? - disse ele.

Fiz o que ele disse e sentei na sala. Ele me ofereceu café e ficamos conversando amenidades.

Eu não sabia se seu Zé estava por dentro do que estava acontecendo, mas o fato era que ele me tratou muito bem, desconfiei que dona Maria não tivesse dito nada para ele. Seguimos conversando até ouvirmos o som da porta abrindo e eu sabia que dona Maria tinha chegado, meu corpo inteiro gelou porque eu sabia que iria enfrentar a fera.

- Temos visita mulher. - disse seu Zé.

Assim que me olhou dona Maria franziu o senho e eu sabia que aquela conversa ia ser difícil.

- O que você faz aqui? - disse ela se súbito.

- Preciso conversar com vocês dois. - falei seria.

- Não temos nada para conversar. - disse Maria indo para a cozinha.

- Espera, dona Maria por favor, eu vim até aqui conversar amigavelmente, eu só quero explicar algumas coisas e depois eu prometo não incomodar mais vocês.

Seu Zé ouvia a nossa conversa calmamente e eu me perguntava se ela sabia da história toda.

- Ta, o que você quer? - disse dona Maria indo até a sala e se sentando ao lado do seu Zé.

- Desde muito nova eu soube que tinha algo errado comigo, eu não gostava dos meninos da minha sala, enquanto minhas amigas falava deles eu simplesmente não sentia nada e aquilo fazia eu me sentir uma aberração. Com o tempo eu entendi que eu gostava de meninas e não tinha problema nisso. Minha mãe foi uma pessoa importante na minha vida, pois ela fez eu entender que eu não era nenhuma aberração nem nada do tipo eu simplesmente gostava de meninas e isso não era um problema. - falei.

Dona Maria não disse nada e eu continuei.

- Eu sei que para vocês é estranho isso que tiveram outra criação, mas vocês entendem como eu teria tido uma vida frustrante se minha mãe não tivesse me aceitado como eu realmente sou? - falei e seu Zé baixou a cabeça.

- Eu conheci a filha de vocês por acaso, inúmeras foram as vezes que eu a recebi em minha casa, depois de uma briga com Lucas. Eles tinham uma relação abusiva que estava destruindo a filha de vocês. Eu cuidei dela e cuido até hoje. Não quero parecer arrogante nem nada disso, eu só quero que vocês entendam que ela é o amor da minha vida, eu quero compartilhar com ela todos os momentos da minha vida. E dito disso, eu preciso dizer outra coisa, recentemente a pedi em casamento e ela aceitou. Eu sei que pra vocês é difícil aceitar toda essa situação, mas ela faz questão da presença de vocês no nosso casamento por isso estou aqui. Talvez com o tempo vocês percebam o tamanho do amor que eu tenho pela sua filha, mas agora eu só peço que vocês me deem uma chance de mostrar como eu amo a filha de vocês e como quero fazê-la feliz. - falei já deixando as lágrimas caírem.

Notei seu Zé limpando os olhos e percebi que ele chorava também, dona Maria não demonstrava qualquer reação e aquilo me quebrou por completo. Seu Zé se levantou e foi até mim:

- Só me prometa que vai cuidar dela. - falou me abraçando. Recebi aquela abraço e prometi a ele sempre estar ao lado de Julia.

Dona Maria nos observava ainda sentada de cabeça baixa sem dizer nenhuma palavra. Depois de um tempo ela se levantou e me olhou os olhos.

- Eu vou tentar. - disse ela por fim e eu a abracei, era tudo o que eu precisava ouvir.

- Obrigada por me ouvir e confiar em mim.- falei olhando-a também nos olhos e ela deu um sorriso tímido.

- E quando é o casório? - disse seu Zé.

- Não sabemos ainda, esperamos que dona Maria nos ajude em tudo. - falei e dona Maria sorriu e apertou minha mão. 

O resto do dia foi calmo e diferente jantamos e conversamos sobre Julia e sua infância, devo confessar que nem nos meus melhores sonhos eu imaginaria aquela situação. Julia ficaria tão feliz com aquela noticia, mas eu queria dar-lhe pessoalmente. Passei mais um dia na fazenda curtindo aquele clima amistoso que foi lindo, queria contar todos os detalhes para Julia, mas resolvi esperar chegar em casa.

Me despedi de Dona Maria e seu Zé e peguei a estrada, andei 2 km e vi que o pneu do meu carro estava furado. Desci do carro e fui trocar o pneu, a estrada estava deserta. Abri o porta mala e tirei a estepe e o macaco. Me agachei para colocar o macaco na roda e senti uma pancada na cabeça que me deixou desacordada. 

Destinos Cruzados (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora