Capitulo 23

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Katherine

- Eu vou me arrumar também. - disse seu Zé, deixando eu e dona Maria na sala.

- Ela me contou que terminou com o Lucas, mas ainda é segredo. Vai ser bom esse baile pra ela se animar e quem sabe achar um rapaz bom. - disse sussurrando para mim.

- Claro. - concordei mesmo não gostando daquela conversa.

Tomei meu banho e fui ver se Julia tinha alguma roupa para me emprestar afinal eu não tinha ideia de que roupa usar.

- Oi. - disse entrando no quarto dela, que sempre ficava com a porta aberta.

- Oi . - ela disse.

- Preciso de uma roupa emprestada para esse baile, não sei o que vestir. - falei.

- Pode usar esse vestido aqui. - disse ela me alcançando o vestido.

- Esta tudo bem? - perguntei.

- Sim, agora va se arrumar ou vamos nos atrasar ainda mais.

Voltei para o meu quarto e terminei de me arrumar. Uma hora depois estávamos todos na sala prontos pra sair.

- Esta linda. - me disse Dona Maria.

- Obrigada, a senhora também. - retribui

- Vai chamar bastante atenção dos rapazes . - insistiu dona Maria.

- Vai mesmo, o que é bom, já que ela esta solteira. - disse Júlia em um tom irônico entrando na sala. Tive que disfarçar muito para que os pais dela não percebessem o olhar de cobiça que eu a encarei.

Fomos no meu carro até o lugar do baile que não era muito longe. Chegamos e os pais de Julia pegaram uma mesa para nós quatro. A banda tocava músicas sertanejas antigas e Julia ainda não tinha falado comigo, estava braba eu podia sentir.

Os pais de Julia foram dançar e ficamos só nos duas na mesa. Um rapaz alto e magro tirou Julia para dançar e ela aceitou o que me deixou com ciúmes. Dançaram uma música e eu fui até o bar pegar uma bebida, Julia tinha o poder de me tirar do serio.

- Você não é daqui. - disse uma mulher loira com uma cerveja na mão perto do bar.

- Não, sou nascida na capital mas vivi a maior parte da minha vida em São Paulo. - falei.

- Eu achei, prazer Marina. - disse ela.

- Prazer Katherine.

- Que ventos te trazem até aqui?

Nesse momento os olhos de Julia estavam grudados em nossa conversa e eu pudia ver que a cara dela não era nada boa.

- Estou visitando a família de uma amiga, Julia. - disse

- Claro, conheço Julia desde pequena. - ela disse.

- Acho que aqui todos meio que se conhecem . - eu disse.

- Você tem razão, coisas do interior.

Voltei para a mesa e nem sinal de Julia. Só seus pais estavam sentados, sentei com eles.

- Vejo que já conheceu o pessoal daqui. - disse Dona Maria.

- Conheci uma mulher, acho que Marina o nome, vocês conhecem? - falei.

Dona Maria franziu o senho e pude perceber que a mulher não era muito querida.

- Ela e Julia eram amigas quando crianças. - disse seu Zé.

- Mas depois Marina foi para a cidade e se desvirtuou apareceu namorando uma mulher e falava até em casamento, vê se pode uma coisa dessas. - disse Dona Maria.

-Deixa disso, Maria. - disse seu Zé.

- Os pais dela morreram de vergonha, depois a mulher deixou ela e até hoje ela esta aqui, mas o pessoal tem medo dela, sabe como é. - seguiu dona Maria.

Não, eu não sabia como era e estava ficando cansada daquela conversa cheia de preconceitos. Pedi licença e fui até o banheiro para evitar falar qualquer coisa para Dona Maria.

Entrei no banheiro e Julia estava lá retocando a maquiagem.

- Cansou de dançar com seu admirador? - perguntei.

- Sou solteira, não sou? - devolveu ela.

- Não sei, é ? - perguntei.

- De acordo com você sim. - disse ela foi então que eu entendi porque ela estava assim tão brabinha.

- Ah amor, para com isso, eu só falei aquilo para sua mãe porque fiquei com medo dela querer saber mais coisas - falei a pegando pela cintura e beijando seu pescoço.

Julia logo começou a ficar com o corpo molinho com meus toques, até que eu a soltei rapidamente ao escutar o barulho da porta se abrindo.

- Oi meninas. - disse Marina entrando no banheiro.

- Oi. - disse Julia secamente.

Marina entrou no banheiro e ficamos nos duas ali.

- Será que ela percebeu algo?- perguntei sussurrando.

- Quem a sua nova amiguinha? - disse ela.

- Meu deus, essa viagem está te deixando mais ciumenta do que o normal. - falei indo abraça-la de novo que me rejeitou. Marina saiu do banheiro e eu entrei para disfarçar.

Pude ouvir Marina falar algo para Julia que eu não entendi direito era algo sobre ela sempre desconfiar de Julia, não entendi bem. Quando saí do banheiro Julia já não estava mais lá. 

Voltei para o salão e Julia estava de novo dançando com o mesmo cara, Julia tinha tirado a noite para me irritar só podia ser. Não estava afim de sentar na mesa com os pais dela e os comentários preconceituosos de dona Maria. Fui até o bar pegar outra bebida e fiquei parada por lá. 

Quem me atendeu foi Marina.

- Olá de novo. - disse ela.

- Não sabia que atendia aqui também. - falei

- Na verdade isso aqui é meu. - disse ela.

- Interessante, parece ser um excelente negócio.

- É sim, o único lugar na verdade que o povo se encontra. Depois de uns problemas as festas voltaram para cá. - disse ela.

- Imagino o tipo de problema. - torci os olhos.

- Prepare-se garota esta entrando no covil das cobras, mas você acertou o pote de ouro. - brincou ela.

Rimos e continuamos conversando. Júlia parou de dançar e estava furiosa sentada na mesa eu podia ver pela forma como ela me olhava.

- Vai lá garota, antes que ela mate nós duas. - disse Marina.

Voltei a mesa e Júlia continuava brava comigo, e devo confessar estava gostando daquele ataque de ciúmes dela.

Algumas pessoas vinham cumprimentar Júlia e perguntar como estava a faculdade, foi então que eu entendi o que Marina quis dizer com o pote de ouro.

Destinos Cruzados (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora