Julia
Acordei no hospital e logo vi Katherine me abraçando minha mãe ousou dizer algo, mas logo o médico pediu para falar com elas, quando voltaram minha mãe estava com uma cara não muito boa e Katherine a ignorou e sentou do meu lado.
Ficamos as três ali no mais absoluto silêncio estranhamente constrangedor. Depois de um tempo o médico voltou e disse que eu ficaria a noite ali para observação.
- Vou passar a noite aqui com ela, a senhora pode ir para casa. - disse Katherine.
Minha mãe a olhou com fogo nos olhos e eu sabia que ali começaria outro barraco, mas para a minha surpresa ela falou:
- Tudo bem. Posso falar com você em particular? - disse minha mãe e as duas saíram do quarto.
Depois de um tempo Katherine voltou e segurou a minha mão.
- O que ela queria? - perguntei.
- Nada, só queria ter certeza que eu iria cuidar de você. - disse Katherine mas eu sabia que ela estava mentindo.
- Tem certeza? - perguntei.
- Sim, agora descansa não queremos esse bebê nervoso. - disse Katherine.
Acabei adormecendo e só acordando no outro dia. Cedo da manhã minha mãe já estava de volta ao quarto. O médico apareceu em seguida e me deu alta e mais uma série de coisas que eu devia evitar.
- Pode deixar vou ter certeza que ela vai cumprir. - disse minha mãe.
Minha mãe pegou uma parte das minhas coisas e Katherine outra parte as duas estavam na porta do quarto me esperando. Me senti naqueles filmes em que a mocinha tinha que escolher um lado.
Tomei coragem e respirei fundo.
- Vamos pro meu apartamento. - falei.
Minha mãe inflou a barriga em forma de vitória e vi os olhos de Katherine marejados.
- Nos leva Kath? - pedi e ela sorriu.
Minha mãe torceu a face mas não disse nada.
Entramos no carro e Katherine dirigiu em silêncio o caminho todo, aquela situação já estava ficando insuportável.
- Entregues. - disse Katherine.
- Sobe, vem. - falei puxando-a da mão.
Minha mãe abriu a boca para protestar, mas não disse nada.
Subimos até o apartamento e eu sentei no sofá ao lado de Katherine.- Tá com fome? Podemos pedir algo. - disse Katherine.
- Nem pensar, essas comidas que não sabemos a procedência, eu cozinho. - disse Maria.
Assenti e Katherine nada disse. Comemos as três naquele clima terrivel que já estava me fazendo mais mal do que se estivéssemos brigando. Mal consegui tocar na comida.
- Não gostou filha? - perguntou minha mãe.
- Quer comer outra coisa? - disse Katherine.
- Já chega. - bufei.
As duas me olharam espantada.
- Eu escutei o que o médico disse sobre não me exaltar nem deixar minha pressão subir, mas isso está passando dos limites. - bufei.
As duas me olhavam apavoradas e sem reação.
- Mãe, eu sei que você odeia a ideia de eu gostar de mulher. Mas isso é um preconceito seu que você vai ter que lidar. Eu amo Katherine e nós duas juntas vamos criar esse bebê e não vou abrir mão disso. Quero que a senhora e o pai participem e sejam os melhores avós que essa criança poderia ter. - falei para minha mãe.
- Katherine eu te amo, você é a mulher da minha vida, mas para de me esconder as coisas eu não tô doente apenas grávida. - falei olhando para Katherine.
As duas ficaram embasbacadas me olhando.
- Você não é assim filha é coisa dessa aí. - disse Maria.
- Essa ai tem nome. - disse Katherine.
- Já chega, não é coisa de ninguém é simplesmente o amor eu não mando nos meus sentimentos. E mãe não quero você destratando Katherine nem Katherine destratando você. - falei firme.
- Você já é bem grandinha pra ter as suas escolhas mas eu não vou ficar aqui vendo você destruir a sua vida. - falou minha mãe indo até o quarto fazer as malas.
Me mantive firme na sala eu não ia chorar, precisava pensar no meu bebê, já estava cansada de brigar contra os meus sentimentos. Eu amava Katherine e nem minha mãe podia mudar isso.
Minha mãe fez as malas e saiu porta a fora do apartamento.
- Não acha melhor ir atrás dela? É a sua mãe, ela foi criada cheia de preconceitos, mas com o tempo ela vai entender. - falou Katherine me surpreendendo com aquilo. Como aquela mulher podia ainda defender minha mãe.
A abracei forte e apertei seu corpo contra o meu, eu não podia e não queria tirar aquela mulher da minha vida nunca mais. Ela me beijou de forma carinhosa e ali eu tive certeza que queria passar o resto da minha vida com ela.
- Volta a morar comigo? - pediu Katherine.
- Tem certeza? - falei.
- Absoluta. - disse Katherine.
- Então eu aceito. - falei e ela me abraçou.
No mesmo dia começamos a arrumar as coisas para minha mudança definitiva. Ela disse que ia arrumar algumas coisas no apartamento dela e mais tarde voltaria para me buscar. Comecei a colocar minhas roupas nas malas e notei que já estava noite. Tomei um banho e esperei Katherine, estava com fome, mas resolvi esperar para jantar com ela.
Ela apareceu de banho tomado e bem arrumada.
- Vamos sair? - perguntei.
- Não, só queria estar bem para te receber. - falou.
Colocamos minhas malas no carro, o resto das coisas levariamos no outro dia. Entrei no apartamento de Katherine havia vários balões de corações espalhados pela casa.
- O que é tudo isso? - perguntei.
- Pra você boas vindas. - ela disse .
Olhei para a mesa e havia um jantar a luz de velas esperando por nós.
- Você cozinhou não acredito.- falei
- Eu tentei. Mas qualquer coisa pedimos comida. - ela sorriu.
Selei nossos lábios e ela pediu para mim esperar mais um pouco que ela precisava pegar uma coisa.
Quando Katherine voltou se joelhou diante de mim e me alcançou uma caixinha contendo um anel lindo que não era a primeira vez que eu via.
- Quer casar comigo e ser a minha mulher pro resto da vida? - pediu ela com os olhos cheios de água me olhando.
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Destinos Cruzados (Romance Lésbico)
RomanceKatherine morou durante muitos anos com seu pai em São Paulo, tinha sua independência financeira e uma relação instável com Roberta, até tudo desmoronar em sua cabeça. Julia era uma estudante de jornalismo em busca de uma oportunidade para finalmen...