Capítulo 43

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Katherine

Os dias na empresa se arrastavam ficar sem Julia era uma agonia sem fim. Meu projeto havia sido aceito e estava tudo certo, finalmente eu podia botar meus planos em prática e viajar por aí conhecer o mundo meu único impedimento era Julia, já que todos os meus planos incluíam ela.

Ela estava fazendo o tratamento e indo relativamente bem, nos falamos por mensagens, embora eu quisesse ouvir a sua voz, ela ainda não se sentia segura para isso e eu respeitava. Estava na empresa quando recebi um telefonema de Roberta.

- Roberta, tudo bem? - perguntei.

- Não, Kath meu pai, ele faleceu. - disse ela e eu pude ouvir seus soluços no telefone.

- Eu sinto muito Roberta eu sei como ele era importante pra você. - falei.

- Eu não quero atrapalhar a sua vida, mas será que você poderia vir até aqui? Minha mãe está arrasada e eu tenho tanta coisa para resolver. - chorou ela.

- Claro, não precisa nem pedir. - falei.

Liguei para minha secretária marcar meu vôo para o mesmo dia. Pensei se devia avisar Julia sobre aquilo ou não. Eu sabia que ela tinha ciúmes de Roberta, mas naquele momento eu precisava ajuda-la, mas também não queria atrapalhar o tratamento de Julia. Optei por não falar nada e fui para casa arrumar as malas para pegar o vôo para São Paulo.

Cheguei em São Paulo e fui direto para o meu apartamento que agora era a casa dos pais de Roberta. Encontrei Roberta e ela me abraçou e desabou em meus braços chorando muito.

Fui com ela resolver todas as pendências sobre o enterro. Sua mãe era a mais sentida com tudo, tiveram que dar remédio para ela se acalmar durante o enterro. Depois de todos os trâmites feitos, fomos as três para o apartamento.

Era impossível entrar naquele lugar e não relembrar todos os momentos que nós duas passamos ali. Senti uma nostalgia ao lembrar de tudo, queria viver aquilo tudo de novo, mas com Julia. Ter uma casa para compartilhar, momentos para viver. De repente senti meus olhos encherem de água.

- Você está bem? - perguntou Roberta

- Sim, não é nada demais. - falei.

- Desculpe se a sua vinda até aqui atrapalhou o seu namoro. - disse Roberta

- Não se preocupe com isso. - falei.

- Quero te pedir outra coisa Katherine, você teria como me conseguir transferência para a empresa de São Paulo? Sem o meu pai não quero deixar minha mãe sozinha. - pediu ela.

- Claro, eu consigo pra você. - falei.

- Obrigada, depois de tudo você sempre me ajudando. - disse ela.

- Sem ressentimentos Roberta, vocês podem ficar nesse apartamento o tempo que precisarem. - falei.

- Eu agradeço Kath, mas assim que eu me organizar gostaria de te pagar um valor pelo aluguel. - disse Roberta.

- Você quem sabe mas por agora não tem necessidade. - falei

- Obrigada mais uma vez. - disse ela.

Arrumei minha mala e minhas coisas e fui para o aeroporto iria pegar meu vôo de volta para casa. Roberta fez questão de me levar.

- Acho que isso é um adeus. - disse ela .

- Parece que sim. - falei a abraçando.

Nos despedimos e eu sentia que ali eu estava encerrando um ciclo da minha vida, estava deixando para trás a cidade que há muito tempo foi minha casa mas que agora já não pertencia mais a minha vida. Subi no avião com a sensação de estar voltando para a minha verdadeira casa.

Julia

Ja fazia um mês que eu estava na fazenda dos meus pais. Os pesadelos já tinham diminuído consideravelmente, mas eu ainda não estava pronta para voltar a minha antiga vida. Pedi mais trinta dias de laudo para a empresa. Katherine disse que entendia mas eu podia sentir que as coisas estavam cada vez mais estranhas entre nós.

Marina passou a fazer parte dos meus dias, caminhavamos e conversamos sempre as tardes, longe da vigília da minha mãe, o que era bom já que me distraia. Ela me contou como foi se assumir para a família e as barras que passou. Acabei me abrindo pra ela e contando sobre minha vida com Katherine.

- Eu vi o jeito que voces se olhavam no baile aquele dia. - disse Marina.

- Ela é muito especial, mas agora estamos bem distante. - falei para Marina.

Eu gostava de conversar com ela principalmente porque ela entendia o que eu estava passando e não me julgava em cada palavra como fazia minha mãe.

Os dias passavam mais rápido com os passeios que eu fazia com Marina e logo os 30 dias passaram voando.

Já fazia quase dois meses que eu estava na fazenda dos meus pais, já me sentia forte e mais confiante. Os pesadelos eram raros e eu já tinha diminuído o número de consultas com a psicóloga. Eu precisava tomar um decisão sobre voltar ou não.

Entrei na cozinha e minha mãe estava fazendo o almoço.

- E o pai? - perguntei.

- Está lá fora fumando. - disse minha mãe.

- Tomei uma decisão, vou voltar para a emissora. - falei.

Minha mãe parou tudo o que estava fazendo para me encarar.

- Vai voltar a viver com aquele monstro? - bufou Maria.

- Não, eu vou voltar para a emissora que é o meu trabalho e o que eu amo fazer. - falei.

- E aquela mulher? - perguntou minha mãe.

- Não sei, não falo com ela desde o episódio no hospital. - menti.

- E onde você vai morar. - perguntou ela .

- Vou para um apartamento que eu já havia alugado antes de tudo acontecer. - falei.

- Nós vamos com você, pelo menos até você se sentir segura. - falou Maria.

- Vocês quem sabem. - falei saindo da cozinha.

Eu me sentia uma completa idiota por não conseguir confrontar a minha mãe e falar que eu amava Katherine e ela era a mulher da minha vida, mas eu era fraca demais para encara-la.

Destinos Cruzados (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora