Capítulo 13

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Katherine

O conto de fadas durou menos que nas histórias infantis. Esse era o risco de se apaixonar por uma mulher hétero. A noite tinha sido ótima sentir Júlia em meus braços fez eu me sentir como a muito tempo não me sentia, viva.

No início tive medo, afinal era a primeira vez dela com uma mulher, mas a forma como ela gemia aos meus toques me tirou qualquer pudor e eu me entreguei totalmente, nos amamos várias vezes até ela me confessar que era a primeira vez que ela tinha tido um orgasmo com alguém.

Eu poderia ter ficado feliz em proporcionar aquilo a ela, mas a verdade era que eu fiquei com pena, que tipo de namorado ela tinha e que tipo de relação era aquela que ela nunca tinha conseguido ter um orgasmo.

Julia era uma mulher meiga e sensível, seus olhos diziam muito e ela tinha uma personalidade extremamente protetora o que fazia as pessoas muitas vezes tripudiarem em cima dela.

Nossa noite tinha sido incrível, a muito tempo eu não me sentia tão viva. Continuamos em nossa bolha até ela me dizer que seus pais estavam na cidade e ela teria que ir para casa. Minha vontade era de dizer não vai, fica comigo, mas eu não podia fazer isso, ela precisava lidar com seus problemas e eu não era o tipo de mulher que iria impor alguma coisa.

Dei-lhe um abraço como sempre fazia e fui embora. Ela tinha que lidar com seus problemas e eu tinha que lidar com os meus. Cheguei em casa e ainda podia sentir o rastro dela por todo o apartamento inclusive na minha cama.

Liguei para minha Mãe, estava me sentindo pra baixo e nada melhor que um colo de Mãe. Fui até o apartamento dela.

- Chegou na hora certa do jantar. - falou meu padrasto.

- Nunca vou recusar a comida de vocês. - falei.

Jantamos e eu fui ajudar minha Mãe a lavar a louça.

- O que houve, Kat? - perguntou ela.

- Dona Roberta me conhece como ninguém. - falei.

- Conheço mesmo.

- Mãe, acho que estou apaixonada e o maior problema ela é comprometida. - suspirei.

- Filha, você melhor que ninguém sabe que nao deve fazer aos outros o que não quer pra si.

- Eu sei, Mãe mas ela está se separando o namorado bate nela, eu sinto que preciso protege-la. - falei.

- Você sempre teve esse espirito protetor, meu conselho é você deixar ela se resolver com o namorado. - disse Roberta.

- Você esta certa, eu tenho que tentar não me envolver. - falei.

- Quero conhece-la. - falou Roberta.

- Mas Mãe, ainda é muito cedo.

- Eu vejo um brilho diferente nos seus olhos, brilho esse que eu não via nem com Roberta. Preciso saber se essa menina realmente esta a altura da minha filha. - falou ela.

- Mãe prefiro apresentar vocês se realmente essa nossa Relação der certo, não quero criar expectativas.

- Como você quiser. - ela disse.

Minha Mãe era muito especial, me entendia como ninguém. Fiquei mais um tempo com meus pais e voltei para meu apartamento, ia ser difícil dormir agora sem a presença de Júlia do meu lado na cama.

Fiquei imaginando como estaria o jantar no apartamento pensei em mandar mensagem mas não sabia se era seguro preferi ficar em silêncio.

Júlia

Lucas era outra pessoa, muito parecida com o cara que eu conheci a alguns anos. Falava com meu pai e minha Mãe agradavelmente e jantamos na mais absoluta paz. Lucas perguntou como tinha sido meu dia no trabalho o que foi estranho já que ele odiava o meu emprego.

Fui ajudar minha Mãe a arrumar as coisas.

- Amanhã vou aproveitar que estamos aqui e marcar os exames do seu pai. - disse ela.

- O que o papai tem? - perguntei.

- Muitas dores na coluna, o médico pediu exames, mas seu pai sempre quer deixar para depois. - disse ela.

- Foi por isso que vocês vieram ao Rio?

- Não, estamos com problemas nos papéis da fazenda e Lucas nos ligou para virmos ficar um tempo aqui enquanto ele resolve. - disse ela.

- Que tipo de problemas? E porque eu só estou sabendo disso agora? - perguntei tentando não me irritar.

- Achei que Lucas tivesse lhe dito, um homem apareceu lá pedindo nossa fazenda que era dele.

- Mas vocês moram lá, desde antes de eu nascer. - falei.

- Eu sei filha, mas seu pai não encontrou o documento que comprovava isso. Foi então que liguei pra cá e Lucas atendeu, ele disse para virmos ficar aqui o tempo que fosse preciso . - disse ela.

- Claro podem ficar o tempo que for. - falei.

- Seu pai não gostou da ideia, afinal ainda não conseguimos paga-lo, mas fazer o que.

Eu estava me sentindo uma estranha daquela família eu não sabia de nada a respeito da minha própria família.

- Meu deus, Mãe que dinheiro?

- Nossa fazenda estava indo mal das pernas, Lucas fez um empréstimo para seu pai, um valor altíssimo para quitar as dívidas. - disse ela.

- Mãe, porque não me disse eu podia ter ajudado vocês. - falei.

- Filha, você esta estudando mal tem dinheiro para se manter.

E ela estava certa recém agora eu tinha conseguido um emprego estável. Mas que droga, meus pais estavam nas mãos de Lucas e isso não era nada bom.

Assistimos um pouco de tv na sala e logo Lucas se despediu dizendo que estava cansado. Minha Mãe fazia sinal com a cabeça que eu deveria ir junto, mas eu fiquei enrolando até ir ao quarto.

- Gostou da surpresa? - ele disse.

- Meus pais? Sim, mas você podia ter me avisado.

- Ai não seria surpresa. - disse ele deitando na cama.

- Vou dormir no chão. - falei.

- Nada disso, você vai dormir na cama, faz tempo que você não satisfaz o seu namorado.

- Lucas, não existe mais nós, você acabou com tudo. - falei categorica.

- Isso é o que vamos ver, não esqueça que seus pais estão aqui, e sua Mãe ja deve ter lhe dito como eu ajudo eles, o mínimo que eu espero é uma retribuição. - disse ele em tom de ameaça.

- Esta me ameaçando? - perguntei.

- Entenda como quiser, seu pai me deve e colocou a fazenda como seguro, eu posso deixar eles embaixo da ponte se eu quiser, só depende de você. Agora eu vou sair, estarei de volta antes deles acordarem, afinal somos um casal feliz, não é mesmo? - disse me dando um beijo na bochecha e saindo do quarto.

Deitei na cama e a única coisa que consegui fazer foi chorar até adormecer.

Cecília - AnaVitoria

Teu olho despencou de mim
Não reconheço a tua voz
Não sei mais te chamar de amor
Não ouvirão falar de nós

A gente se esqueceu, amor
Certeza não existe não
E a pressa que você deixou
Não vem em minha direção

Parece que o tempo todo
A gente nem percebeu
Que aqui não dava pé não
Que tua amarra no meu peito não se deu
Te vi escapar das minhas mãos
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto não
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto
Não

Ausência quer me sufocar
Saudade é privilégio teu
E eu canto pra aliviar
O pranto que ameaça

Difícil é ver que tu não há
Em canto algum eu posso ver
Nem telhado, nem sala de estar
Rodei tudo, não achei você

Destinos Cruzados (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora