Capítulo 2

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CAPITULO2

Klaus...

Anos atrás...

Roselina e eu, namoramos desde dos quinze anos, estudamos sempre juntos, e agora estamos prestes a nos formar, temos um plano traçado em nossas vidas, nos formar e arrumarmos um emprego, no meu caso, vou começar a estagiar na empresa, dos meus pais, sou o único que se interessa pela empresa, ela sempre foi apaixonada por natureza e paisagismo, ela vive falando que quando casarmos, teremos um enorme jardim com várias espécies de flores, eu vivia repetindo a mesma frase,"e se você se perder no meio delas, como vou te achar?", ela sempre sorri quando me responde,"simples, escute as batidas do meu coração, elas sempre estão mais fortes, quando você esta por perto".
As batidas do coração dela, podia esta mais, fortes, mas as minhas não eram diferentes.

— Então, lindo, pronto para encerrarmos essa etapa da vida?

Olho para ela e sorrio

— Estou ansioso, para começar a próxima, vai ser a melhor de todas.

Ela abre aquele sorriso, que ilumina tudo a sua volta.

— Vai mesmo.

******************

Nossos planos, continuaram por alguns anos, até Roselina chegar numa tarde, em meu escritório, toda aflita, eu já havia notado sua agitação durante alguns dias, mas hoje ela esta andando de um lado a outro, e quase não para, para respirar, tento acalmá-la dizer que respire fundo, mas ela parece assustada, vejo isso em seus olhos azuis, que costumam, estarem sempre com aquele brilho de felicidade.

— Rose, fique calma, você esta me assustando linda.

Ela me olha ainda sem conseguir, formar as palavras até que as lágrimas, ameaçam cair.

— Meu, Deus, Rose, você esta me assustando.

— Eu... eu... tô, grávida Klaus...

Respiro fundo, e tento processar as palavras, até que elas me atingem, grávida, eu ia ser pai, então o sentimento que surge em meu peito, parece inflar de um jeito, que vai explodir...

— Grávida??

Ela examina meu rosto, acredito que, não era a reação, que estava esperando.

— Nos, vamos ter, um bebê??

— Aos, vinte e quatro anos, ainda é cedo Klaus, e nós nem...

Não deixo ela terminar.

— Casa, comigo?

Ela faz uma careta, esta me encarando como, se eu fosse louco ou algo assim.

— Esta, me pedindo em casamento, só porque estou grávida?

Não era essa a reação, que esperava dela, parece chateada, só então eu vejo, ela está entendendo errado, eu já ia pedi-la em casamento, estou com o anel, guardado há dias.
Me levanto e vou até à gaveta da minha mesa, e puxo, pego a caixinha dentro dela, e levo até esta a sua frente novamente, ela me encara e tampa a boca, logo que percebe, o que aquilo significa.

— Comprei, já faz alguns dias, estava esperando o momento certo.

Ela ergue a sobrancelha, desconfiada.

— E, o momento certo, é após me engravidar?

Abro um sorriso, culpado.

— Quero, a mulher que amo para o resto de nossas vidas, juntas, quero essa família, a nossa família.

Ela sorri, enquanto ponho o anel em seu dedo, seus olhos brilham, quando me abraça e me beija, esse era o dia mais feliz da minha vida.
Sabe quando, você encontra uma pessoa, que te completa em tudo, Roselina é assim, ela é o lado doce, vive sorrindo e distribuindo gentilezas, é aquele tipo, de pessoa que faria de tudo, para fazer você se sentir melhor, e eu queria fazê-la se sentir melhor, em todos os momentos, como esse, que estamos passando agora.
Um mês depois, que nos casamos, estamos aqui, no hospital, Roselina parece esgotada e completamente perdida, no sofrimento, tento ser forte por ela, por mim, por nós, mas é difícil, encontrar a mulher que ama, se desfazendo numa poça de sangue...
Chegamos ao hospital, em minutos, avancei todos os sinais, enquanto olhava para Rose se contraindo de dor, e sua mão, parecia querer proteger nosso bebê, e mantê-lo lá, mas não é isso que acabamos de ouvir, do médico, as palavras seguintes, foram" aborto espontâneo", como algo assim, pode ser espontâneo, ver nosso sonho, nosso anjinho se desfazer, numa poça de sangue.
Rose chorou por horas, até o médico lhe dá um calmante para dormir, mas eu não consigo fechar os olhos, tudo que vejo é nosso bebê, indo embora, me entrego a dor por alguns minutos, enquanto ela esta sedada.
Rose não conseguia comer, e às vezes só dormia, foi difícil ver ela passar por tudo aquilo, mas precisava ser forte por ela.

Depois de um ano, ficamos tentando engravidar novamente, sua saúde frágil às vezes me preocupava, e eu tinha medo e um pânico gigante de vê- la passar, por tudo aquilo, eu não conseguiria, confesso.
Quanto mais o tempo passava, mais aflita ela ficava e aquilo, me matava um pouco, até que finalmente, ela aparece no escritório numa tarde, aquilo me assustou, parecia uma espécie de piada, do tempo, o mesmo nervosismo, ansiedade, mas hoje ela sorria, enquanto eu ficava sem reação, Rose como sempre me tranquilizá, dizendo que aquilo era um milagre, e que agora sentia que seríamos uma família de verdade, pouco a pouco fui deixando aquele sentimento de esperança entrar, e quando vi, já estava tão eufórico quanto ela.
Cada dia que passava, eu conseguia me sentir mais tranquilo e quando sua barriga crescia, eu me enchia de amor, fomos ao médico e descobrimos que teríamos uma menina, Rose não pensou duas vezes, quando me disse que se chamaria Crystal.
A gravidez estava avançando bem, até que o primeiro susto veio, eu estava no escritório, quando me ligaram do hospital, sai disparado em desespero, quando cheguei ao quarto, onde ela estava, quase não tinha fôlego.
O médico me explicou, que a pressão de Rose, estava muito alta, que era normal na gravidez, às vezes, mas no caso dela eles estavam preocupados, não conseguiam a controlar, depois de muitas recomendações, ela recebe alta, agora meu pesadelo, volta a me assombrar, porque eram às duas pessoas que eu amava, que estavam correndo risco de vida, e eu não podia fazer nada, não podia demonstrar para Rose, o quanto estava em pânico.
Os dias foram se passando, e meu coração estava cada vez mais apertado, quando chegou o dia...
Aquele dia, onde tudo ficou cinza, e os sons foram substituídos por gritos, mas os gritos eram meus.
Escuto o médico dizer, que fizeram de tudo para controlar, mas não foi possível, tentaram salvar às duas, mas só conseguiram salvar a bebê, porque Rose, pedia a todo tempo.
Eu deveria esta sorrindo, deveria esta segurando minha filha, deveria está comemorando com ela, a mulher da minha vida, meu coração, mas tudo que consigo fazer, é ficar olhando um ponto vazio, estou sentado cercado de gente, me cumprimentando enquanto, só balanço a cabeça, já estou em modo automático, alguns dias, mesmo agora vendo o caixão baixar, levando meu coração, como vou viver sem meu coração, vejo o silêncio se aproximando, enquanto sou o único, a ficar ali diante do túmulo, recém coberto, tento gritar e chorar, mas minha garganta, esta apertada e meus olhos parecem não piscar, estou mesmo no modo Zumbi, mas percebi que estando assim eu não sinto, não reajo, só existo, mas, porque, e agora o que vou fazer, como viver sem ela, a minha, Rose, era para ficarmos juntos até o fim, mas agora... estou sozinho e sinto que para sempre...
As primeiras semanas de luto, me tranco em meu quarto, bebo e apago, a Senhorita Marie, tenta me convencer a ver a bebê, mas não consigo, quero ficar aqui no escuro, quero esquecer que tem vida lá fora, só quero beber e esquecer, mas quanto mais o tempo passa, algo dentro de mim se transforma, e fico amargo, sinto raiva de tudo e todos, quero que todos sintam dor, quero que todos me deixem em paz, eu me esqueço até que tenho uma filha... só quero o escuro do meu quarto, e outra garrafa de uísque.
Só quero, esquecer o mundo la fora.

A Fera ( Esse Livro, Poderá Ser Retirado Em Breve, Então Aproveitem)Onde histórias criam vida. Descubra agora