Capítulo 1

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" Dor não tem nada a ver com amargura.
Acho que tudo que acontece, é feito pra gente aprender cada vez mais, é pra ensinar a gente a viver "
(Adélia Prado)

Norah Castellari

Sabe aquela sensação que você tem, de que, algo muito ruim está para acontecer?
Há oito anos, eu senti e vivenciei esse momento.
A notícia da morte do meu irmão Thomas Collard e da esposa Sarah me pegou desprevenida como qualquer notícia ruim que chega ate nós. Tinha acabado de chegar em casa com meu marido, estávamos vindo de mais um dos eventos da Máfia. Já estava me preparando para tirar minha roupa . Ao me encaminhar para o banheiro meu celular toca, estranhei a ligação e me preocupei ao mesmo tempo. Ninguém costumava me ligar àquela hora, era um pouco mais da meia-noite.
Então a notícia fatal chegou ao meu ouvido por um homem que se identificou, sendo policial . Disse que encontrou meu número no celular de Thomas. Como estava salvo como "Norah irmã", ligou para este. Assim explicou. Eu não conseguia me pronunciar.

Oh meu Deus Rebeca! Pensei na filhinha deles.

É triste e devastador.

Choque é o que define tudo!

Saber que nunca mais verá as pessoas que você ama é desesperador.
A sensação é de vazio e impotência.
Foi assim que eu me senti.
Eu não conseguia acreditar.
Só podia ser um pesadelo.
Eu queria que fosse um pesadelo!
Mas não foi!
Foi um dos piores momentos da minha vida. Apesar de há muito tempo não viver com meu irmão, nós sempre estávamos falando pelo telefone.
Então era como se de alguma forma nunca tivéssemos nos separado. E perceber que eu não poderia mais vê-lo me devastou.
Meu único consolo foi saber que Rebeca a filha do meu irmão não estava com eles no momento do acidente. Foi um grande alívio no meio de tanta tragédia. Tudo que me foi repassado é que Thomas ficaria em Chicago para comemoração do aniversário de um amigo. Já estava voltando para casa.
Quando eles tinham algum compromisso sempre deixavam Rebeca dormir na casa de uma amiguinha filha de um dos vizinhos e amigos . Era algo que sempre ocorria. Às vezes esta amiguinha é que ia pra casa do meu irmão dormir com Rebeca quando os pais tinham algum compromisso. Era uma troca de favores.

Meu irmão era professor de matemática e Sarah de história. Os dois se conheceram no trabalho, começaram a sair e logo passaram a namorar, e em pouco tempo de relacionamento decidiram casar. Os dois eram apaixonados, se amavam muito. O nascimento de Rebeca só fez com que se unissem mais ainda.
Apesar de Thomas trabalhar em Chicago, gostava mesmo era da calma da pequena Blue Island, por isso decidiu comprar uma casa lá.
Era uma casa térrea com três quartos, sendo que uma era a suite principal. Além de uma garagem, sala para receber visitas e uma cozinha estilo americano. Tudo simples mais confortável. Ao redor um pequeno jardim. O lugar preferido de Sarah.

Eles eram uma família feliz.
Que tragédia!
Não parava de pensar. As lágrimas desciam incessantemente pelo meu rosto.
Eu não queria  acreditar!

O que a polícia passou para mim por telefone era que não conseguiram identificar no radar o motorista que causara o acidente. Apesar de não ter sido proposital. No entanto o  agente policial me informou que o motorista que causara o acidente,  tinha entrado na contramão em alta velocidade .
Não teve como meu irmão escapar da colisão.
Não foi proposital? Que ironia!

Bem ou mal, o outro motorista provocou o acidente.
Desço os degraus da escada descalça mesmo, Enrico está no escritório .

Então sigo para lá. Antes de entrar escuto meu marido aos berros.
Nem tinha me recuperado da triste notícia e logo tenho uma infeliz surpresa, nesse turbilhão de acontecimentos.
E assim nem precisei falar. Ele já sabia.

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