Capítulo 13

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Rebeca

Contemplamos a imensidão do céu em silêncio, ouvindo apenas o som do cricrilar dos insetos.
É tudo tão calmo!
A lua prateada  brilha em todo seu esplendor. Claramente vemos todas as cores da natureza ao nosso redor  devido a intensa luminosidade.
Poderia passar o resto da vida assim, nessa paz. 
Sorrio.
Paz é tudo o que quero! 
Inclino para o lado de  
Alexander e ao erguer meus olhos,  sou capturada pelo seu olhar hipnótico, devastador, chega à ser constrangedora a forma  como me examina.
_ Dá para...  parar de ... me olhar assim ? _ Titubeio sem graça
_ Você é a melhor visão que eu tenho essa noite! _ Emite suavemente.
Um tremor percorre meu corpo. 
Não vou cair no seu charme.
Ele faz de propósito.
_ Você está me deixando constrangida.  _ Ofego sem ar.
_ É mesmo? _ A indagação é cínica, seguida de um sorriso travesso.
_ Você sabe que está! _ Acrescento zangada .
_ Esta não é minha intenção. _ Infere comprimindo os lábios sensualmente, me observando com certo divertimento.
_ Já vimos a lua, agora quero voltar  para casa. _ Murmuro com meus sentidos em alerta .
_ Vamos dormir aqui? Tem uma cabana lá embaixo.  _ Sugere de modo encantador.
_ Você planejou isso desde o início não foi? _  Acuso entredentes percebendo o tamanho da minha idiotice. _ Quero voltar para casa. _  Comunico decisiva. 
_ Não importa! Vamos dormir aqui. Já decidi _ Pronuncia inflexível. 
_ Você prometeu me levar para casa. Além do mais estou morrendo de frio. _ Arrisco tensa, soltando um suspiro de insatisfação e temor. 
Ele tira a jaqueta e me vira para que eu à vista.
_ Satisfeita agora? Mais tarde nem vai lembrar do frio _ Retruca presunçoso. 
_  EU NÃO QUERO FICAR AQUI COM VOCÊ! _ Explodo impaciente _Você não acha que interfere demais na minha vida? Você quer sempre decidir as coisas por mim. Isso é muito desagradável! Cansa!  _ Confronto- o, levada por uma raiva desenfreada  _ Além do mais, sua noiva é a Pietra. _ Despejo de uma  vez, encarando seus  olhos brilhando ameaçadores.
Que se dane!
_ Não admito que você mencione o nome dela quando estivermos juntos! _ Seu tom é rude e  intolerante. _ Você conseguiu transformar um momento nosso em algo desagradável.  _ Rosna enfurecido.
Meus olhos arregalam de perplexidade, enquanto me sinto a pior  espécie de todo o planeta.
Algo queima em meu rosto.
Algo corrosivo.
Abrasador.
Talvez vergonha. 
Alexander acaba de demonstrar de forma clara como água, que  eu não represento NADA para ele.
Não sou digna nem de tocar o nome de sua adorável noiva.
Juntando o pouco de dignidade que me resta.
Desço o pequeno morro pisando duro.
Ainda bem que estou com botas confortáveis.
Algo providencial.
Nem imaginava para qual objetivo: correr para longe desse homem odioso.
_ Rebeca! Rebeca!_ ouço sua voz dura e autoritária ecoando pelo ar silencioso.
Não dou à mínima atenção.
Atravesso a relva quase correndo, logo chego na estrada.
Não tenho a menor noção para qual lado seguir! Não importa.
Em minutos ele atravessa a moto à minha frente.
Seu semblante é diabólico.
_ ME DEIXA EM PAZ! _ Grito agressiva.
_ Vamos! Vou te levar para casa. _ Indica  truculento.
_ Vou à pé! _ Aviso andando apressada.
_ Está indo para o lado errado. _ Provoca zombeteiro. 
_ Qualquer lado que seja para bem longe de você,  serve. _ Revido com os punhos fechados.
_ Venha! Não estou para brincadeiras! _ Procede sem me dar ouvidos.
_ VAI PARA O INFERNO! _ Berro transtornada.
Continuo caminhando decidida, enquanto ele vem do meu lado pilotando a moto na mesma velocidade dos meus passos.
_ Desse jeito vamos chegar só amanhã! _ Verifica com calma calculada. 
Paro um pouco, ele pára também ao meu lado.   Olho diretamente em seus olhos para enfrenta-lo.
Quero que ele sinta o que é ser desprezado e humilhado.
Se é que existe algum tipo de sentimento, por menor que seja nesse homem, que não seja arrogância.
_ Quer saber de uma coisa?
Ele não emite um som se quer.
Seus olhos investigadores passeiam pelo meu rosto.
Parecendo atento à cada um dos meus movimentos. 
Instinto?
Trilho por um caminho perigoso.
Quero ir até o fim.
_ Acho que devemos colocar as coisas em equilíbrio! _ Proponho   diante do seu silêncio.
_ Equilíbrio?!...
_ Equilíbrio! _ Corto abrupta  _ Vou procurar um amante também,  para que fiquemos no empate e ...
Nem completo a frase, quando sinto o puxão nos meus cabelos. Alexander agarra meus  cabelos com tanta força que sinto couro da minha cabeça esticar.
Meus olhos lacrimejam de dor.
Ele desce da moto sem me soltar.
Luto desesperada para me soltar das suas garras, isso apenas intensifica a dor latejante.
Num movimento brusco consigo me desvencilhar, mas antes que eu tenha tempo de escapar,  ele dar um tapa violento no meu rosto.
Caio de cara no chão.
Logo sinto o gosto de sangue na boca.
Permaneço deitada  esperando o golpe final.
Ele se transformou no monstro que eu nunca tinha visto. Mas que ouço falar.
Sempre ouvi as pessoas da máfia falar que Alexander não usa armas para matar.
Usa os próprios punhos.
Acho que  vou morrer!  Ele chega perto de mim.
Me levanta com indelicadeza do chão  enrolando a mão nos meus cabelos.
Vira meu rosto erguendo para ficar frente à frente com seus olhos. 
Seu rosto está contorcido de ódio e terror.
_ No dia que você pensar em se entregar para outro homem... eu acabo com você ! _ Sua voz causa medo.
_ Ai! Você está me machucando. _ Choramingo gemendo de  dor.
_ Escutou o que eu disse?
Balanço a cabeça afirmando completamente apavorada.
A dor que sinto é física, mas também na alma.
Ele me analisa.
Vira meu rosto para ver o machucado.
Parece arrependido.
Põe o capacete na minha cabeça.
Choro baixinho.
_ Sobe ! _ Ordena, ligando  a moto.
Obedeço sem questionar.

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