Capítulo 5

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Rebeca

Lentamente, envio meu  olhar para Brianna,  numa indagação silenciosa. Ela está boquiaberta, tão perplexa  quanto eu. Tentando ocultar minhas emoções engulo o choro que está prestes a explodir na garganta.
Sinto um terrível mal-estar.
Com a desculpa que preciso ir ao banheiro levanto-me, sentindo uma leve tontura.  Brianna faz menção de me acompanhar, mas eu explico que não é necessário.
Caminho entre os espaços que separa as mesas. 
Meus são passos vacilantes.
Ponho no rosto a expressão mais fria que consigo. 
Sigo sem olhar para os lados em direção ao corredor que leva até o banheiro feminino.

Sinto minha visão ligeiramente turva pelas lágrimas que ameaçam romper.
Quando alcanço o corredor apresso ainda mais meus passos rumo ao meu destino.

Viro para entrar no banheiro e quando o faço, sigo abrindo todas as portas para me certificar de que esteja vazio para que eu possa dar vazão a grande dor,  corroendo minha alma.
Constatando que está vazio tranco a porta meio em ao desespero. E ali mesmo desabo,
na porta atrás de mim. 
Escorrego até o chão aos prantos, meu  corpo balançando involutariamente por causa dos soluços.
A carga de emoção que estou sentindo é insuportável.
Bagunço meus cabelos, enquanto num ato de insanidade esfrego- os.

Coloco minhas mãos na boca com  intenção de sufocar meu choro.
Não é possível !
Choro alto como nunca chorei antes.

Me sinto derrotada!

Destruida por dentro.

A dor é dilacerante.

Levanto do chão como se estivesse possuída por algo muito mal e arremesso minha bolsa de mão com toda força contra a parede , sem nem  me importar com o conteúdo ali dentro.
O barulho seco de algo quebrando ecoou no recinto.
Meu celular quebrou.

Me viro e contemplo as lágrimas descerem incontroláveis pelo meu rosto, no enorme espelho.

Não consigo me controlar.

Meu Deus me ajuda!  Imploro.

Alexander !  Alexander!

Minha cabeça dá um nó. Balanço -a de um lado para outro na vã esperança  de apagar a sua  imagem, da minha memória.

Maldito!

Eu não imaginava que era verdade, mas é.

É possível enlouquecer de amor.

Não aguento mais!

Meu choro sacode violentamente todo meu corpo.

Então num ato de desesperado, grito socando o mármore da pia com as  palmas das mãos.
Uma. Duas. Três. Quantas vezes posso suportar.
Minhas mãos estão machucadas.
Não ligo.
Por dentro é pior ainda.

Me encaro novamente.

Observo aquela mulher derrotada.
SOU EU !
_ Bem feito para você! Digo encarando -a. _ Do que adiantou esperar por ele? _ indago trincando os dentes,  o ódio dominando meu ser.
_ Ele nunca te quis! _ me descontrolo
Engulo o choro com rancor.
Tenho raiva da minha ingenuidade.
Fui uma boba!

Contemplo minha imagem.
Não passo de uma sonhadora.

_ SUA IDIOTA! BURRA! MEDROSA!_ esbravejo com ira.

Minha garganta dói pelo bolo que se formou.
Estou toda descabelada.
Meus olhos inchados.
A maquiagem bem elaborada que fiz não passa de um borrão.
Pareço mais uma palhaça.
Na verdade eu sou uma palhaça. Só que sem graça nenhuma.

Estou quase a meia hora  aqui neste lugar.
Nem sei como não chegou alguém.
Preciso me recompor.
Eu vou sufocar minha dor o quanto posso.
Solto um longo suspiro.
Respiro profundamente algumas vezes.

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