Capítulo 11

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Alexander

Nápoles

Entro no prédio onde Rock mora, passo direto para o elevador.
Ao chegar na cobertura, nem chego à apertar a campainha, a porta é aberta de uma vez . 
_ Irmão! _ Rock saúda  vindo me abraçar abrindo os braços  exageradamente, cerramos nossos  punhos para o habitual soquinho no ar.
_ Pensei que tinha esquecido seu velho amigo. _  Graceja   fazendo uma careta de falso sofrimento.
Ao adentrar para o ambiente, sou surpreendido com pelo menos cinco mulheres seminuas em sua sala.
_ O que é isso ? _ Aponto confuso.
_ Mulheres! _ Acena  revirando os olhos. _ Não reconhece mais? _ Replica zombeteiro.
_ Eu não sou cego! _ Resmungo _ Eu estou perguntando, o que elas fazem aqui? _ Repito impaciente.
_ Aproveitei que você vinha. Então às convidei para uma festinha particular... Se é que você me entende.
Cantarola  com animação,  sem se importar com meu mal humor.
_ Dispense -as!_ Ordeno  encarando-o.
_ Você está brincando!  Protesta incrédulo. _ Ficou maluco? Eu convidei as melhores.
Avalia  ignorando minha ordem.
_ Não estou interessado. _  Adiciono firme.
Ele fica parado no mesmo lugar,  como se estivesse analisando a questão. 
Só de ficar  imaginando  fazer sexo com essas mulheres, me causa um certo desconforto.
Rock me observa como se não me reconhecesse. Na verdade nem eu estou me reconhecendo. Em outros tempos não perderia tempo em ter essas mulheres em cima de mim ou embaixo, mas agora, definitivamente não consigo.
Será que estou tão viciado no corpo de Rebeca à ponto de não me sentir atraído por outra?

_ Você virou um cara sem graça  _ Reclama.

_ Não vim para para nenhuma "festinha", Rock . _ Declaro  incisivo  _  Você ligou dizendo que eu precisava está aqui  para apurar algumas   informações importantes sobre as investigações. Estou aqui para isso _  Justifico.

Ele assente como se tivesse reconsiderando a  explicação.
_ Meninas quero pedir desculpas, mas infelizmente vamos ter que adiar "nossa festinha" _  Flerta descaradamente  com todas.
Elas fazem cara de  decepcionadas, todas  reclamando  ao mesmo tempo. Mas enfim se retiram com Rock se despedindo de cada uma em especial.  Me afasto do caminho para que não me toquem.
Quando finalmente estamos sozinho ele me examina crítico
_  A Rebeca deve ter feito  alguma bruxaria com você! _ Comenta desdenhoso.
_ Não toque no nome da minha mulher! _ Estouro   olhando -o diretamente. 
_ Ciumento também? _ Ele continua empenhado em me irritar.
_ Rock, não estou para brincadeiras! _ Aviso seriamente.
Ele levanta as duas mãos simulando rendição.

_ Aqui está tudo o que descobrimos sobre os últimos passos de Avicknash. Ele viajou para Las Vegas pelo menos vinte  vezes em apenas  seis  meses, e todas às vezes frequenta essa  casa de prostituição. _ Verifica indicando o nome.
Sabemos que ele tem uma verdadeira versão à esse tipo de lugar _ Conclui .
_ Sexy Paradise ?_ Leio o nome da casa noturna intrigado.

Avicknash fora criado num prostíbulo desde que nascera. A mãe era uma prostituta,  criou o  filho a vida inteira vendendo o corpo. Por essa razão Avicknash tem verdadeira fobia à esses lugares.

_ Sim. Essa é a casa noturna.  O  que ninguém sabe informar, é  quem é, na verdade o proprietário. Estranho não é? Investigamos mas não conseguimos descobrir. Não há registro. O lugar é gerenciado por uma mulher... Também descobrimos que Igor estava tendo a ajuda de um certo Nicol Marakov, o homem era uma espécie de leva e traz, entre Igor e o tal aliado. Nós o pegamos à cinco dias quando estava desembarcando no aeroporto de Palermo. 
Estamos com ele no galpão. Você quer interrogá-lo? Conclui objetivo.
_ Vamos lá!

Em menos de trinta minutos chegamos num dos subúrbios mais pobres de Nápoles. Temos um galpão nos arredores onde armazenamos armas, drogas e tudo que traficamos.
Os seguranças logo vêem em nossa direção assim que paramos a pickup. Ajeito os óculos escuros,
o sol hoje está escaldante.
Desço do veículo, batendo o pé para tirar a areia dos meus sapatos caríssimos ao pisar a estrada de chão. Ajusto o paletó no corpo puxando dos lados.
Rock passa à minha frente indicando o caminho até a nossa vítima.
Entramos no armazém,  ainda temos vários caminhões que ainda esperam para serem descarregados.
Seguimos em um corredor.
Um segurança armado está  sentado fazendo a vigília  do lado de fora. Ao me ver,  levanta-se quase caindo da cadeira.
_ Abra a porta ! _ Rock dar a ordem.
O quarto é totalmente escuro mesmo durante o dia.
Rock entra primeiro acendendo a lâmpada para clarear.  Levamos alguns segundos para nos acostumar com a luz muito forte.
Imagine quem está no escuro por tanto tempo.
O homem com capuz preto na cabeça está sentado  numa cadeira de madeira com encosto, e as mãos amarradas para traz.
Rock puxa o capuz  bruscamente assustando o pobre coitado.
Ele pisca várias vezes, forçando a visão à adaptar-se  com a claridade.
Chego perto e logo sinto o odor por muitos dias sem que ele tome um banho.
Uma cadeira é trazida,  me acomodo calmamente enquanto tiro o paletó e entrego para Rock. Desabotou os botões da camisa para arregaçá-la até os cotovelos, dando o tempo para que o indivíduo recupere a visão.
Quando finalmente ele consegue, tenho o prazer de vê-lo empalidecer ao  notar minha presença.
Um riso se forma  rapidamente no meu rosto ao perceber o pânico em seus olhos .
_ Estou vendo que não haverá necessidade de formalidades entre nós. Já me conhece, não é?  _  Verifico  ao ver sua expressão de espanto.
Ele assente respirando com dificuldade. 
_ Vou te fazer algumas perguntas, espero sinceramente contar  com sua colaboração. _ Acrescento em tom baixo e calmo. _ Pode ser?
Seus olhos arregalados são de puro terror.
A respiração é cada vez mais rápida.
_ Desatem  o cidadão, é uma tremenda falta de educação conversar com alguém, enquanto está amarrado. _ Comando para um dos seguranças.
Após ser desatado, o homem  flexiona as mãos várias vezes. Sentindo alívio.
_ Fique de pé! _ Ordeno
Ele executa minha ordem.
Analiso cada um dos seus movimentos, como um animal espreitando a vítima.
_ Há quanto tempo conhece Igor? _ Vou logo ao ponto principal. 
_ Não conheço ninguém  com esse nome. _ Nega ofegante
_ Resposta errada! _ Reprovo sarcástico _ Mais vou te dar mais uma chance. 
_ Para quem Igor Avicknash está trabalhando? Recito lentamente.
Ele balança a cabeça em negativa.
_ Se você forçar a memória um pouquinho,  talvez lembre.  Tente! _ Incentivo -o com olhar implacável.
Ele continua em silêncio.
_ Por favor!  Faça um esforço! _ Atormento com calma simulada.
Imbecil !
_ Talvez eu possa te ajudar à lembrar! _ Insisto tranquilamente. Indico para que Rock pegue no meu paletó na parte interna, o par  de  anéis para acoplar nos quatro dedos dos  punhos,  estes servem para potencializar  golpes e socos.
Pego-os, colocando nos dedos cuidadosamente em cada mão. Sempre  com meus olhos fixos no infeliz.
O homem puxa uma forte respiração, reconhecendo o perigo.
O medo o domina.
_ Não tem nada para me falar? _  Condeno-o, levantando da cadeira enquanto fecho e abro os punhos para testar os anéis com várias pontas. 
Demoro alguns segundos espreitando-o,  dando um tempo, só para deixá-lo  mais atormentado.
E quando ele menos espera o soco no queixo de baixo para cima  quebra boa parte dos seus dentes.
Ele vai ao chão, tamanha  à força do golpe. 
O sangue começa à jorrar.
Mas não o deixa inconsciente.
_ Levante-se ! Rujo feroz.
Ele faz um pequeno esforço, mas consegue ficar de pé.
_ Só me diz quem está ajudando Igor _ Berro perdendo a paciência.  _ Fala infeliz!
_ Eu não sei! _ Nega desesperado.
_ Sabe sim! _ Aposto irado. _ Você é o garoto de recado dos dois. Como não sabe? _ Questiono enfurecido.
_ Por favor não me mate! _ Implora
_ Isso só depende de  você _  Devolvo implícito.
_ Ela...ela te... odeia! _  Balbucia cuspindo sangue. _ Tudo o que faz é só com um objetivo; destruir Alexander Castellari! _ Cospe as palavras agonizando .
_ ELA QUEM ? Grito descontrolado no rosto do maldito.
_ Ela sempre te odiou! Alardeia tossindo.
A adrenalina toma conta do meu sistema.  Sinto uma fúria  descomunal, seguro-o pelo pescoço  sacudindo violentamente.
_QUEM- É - ELA ? Trovejo  pausadamente, com ira crescente.
_ FALA!!! - Berro mais uma vez.
Ele rir loucamente fora de si.

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