Capítulo 12

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Rebeca

Os dias passam se arrastando diante dos meus olhos.
As lembranças dos momentos que vivi na ilha ao lado de Alexander me atormentam cruelmente.
Tal qual, um viciado em drogas sofrendo os efeitos colaterais da abstinência, sou eu agora, aprendendo à conviver sem o cheiro viciante dele, o calor gostoso do seu corpo quente e viril. Seus beijos torturadores e a conexão perfeita de nossos corpos suados e saciados depois de cada noite de sexo, calmo ou selvagem.
Eu não consigo esquecê-lo, em nenhum minuto.
Não sei se suportarei tanta dor!
Mas custe o que custar, preciso ser forte.
Mantenho uma máscara para ocultar meu sofrimento, mas à noite sozinha no meu quarto eu desabo.
A ausência dele está me matando aos pouquinhos, lentamente.

Faz um mês que não o vejo.
Desde o triste episódio em que Alexander entrou pela casa enlouquecido à ponto de matar o próprio pai, simplesmente sumiu sem dar notícias.
No fundo me sinto culpada por ver pai e filho rompidos por minha causa.
Enfim, agora tudo o que quero é seguir enfrente, arranco forças nem sei de onde.
Mas tento prosseguir com minha vida.
Não posso permanecer nesse casulo por medo de viver. Coincidentemente hoje também é meu aniversário de dezenove anos.
Minha tia e Brianna, bem que quiseram me convencer para que fizéssemos uma pequena recepção para comemorar.
Eu me neguei a festejar, afinal minha empolgação é zero.
Não entendo como tia Norah com um barrigão de oito meses tem disposição para pensar em festa!
Desço para a área do jardim para tomar meu café da manhã.
Sou surpreendida!

"Congratulazioni a te!
In questa cara data i migliori i auguri... tanti anni de vita!"

No café da manhã toda família Castellari está presente; tia Gabrielle e Giovanni, Diego, Brianna e até o Dante, além meus tios queridos Enrico e Norah, que devem ser os responsáveis por essa linda surpresa.
Anotando falta um Castellari!
Fico emocionada com eles.
Não posso reclamar, a família Castellari me acolheu como um deles desde o primeiro momento em que cheguei em Nápoles ainda menina.
Uma pequena gota de lágrima surge nos meus olhos ao constatar a sorte que tenho.
Todos vem me abraçar e desejar felicidades, com presentes em mãos.

_ Muito obrigada por esse gesto de carinho. Tenho muita sorte de ter sido acolhida por vocês! Por fazer parte dessa família! _ Exponho meus pensamentos emocionada no momento de partir o bolo decorado de rosas comestíveis que fora encomendado.
Como de costume a algazarra se forma, todos falando ao mesmo tempo, enquanto comem e bebem.
Converso com Brianna em meio ao barulho à mesa sobre uma possível saída à noite para comemorarmos em grande estilo, segundo ela.
_ Não sei se é uma boa ideia _ conjecturo indecisa em voz baixa.
_ É claro que é uma boa ideia! _ Solta entusiasmada. _ Você não pode viver enclausurada por causa do Alexander _ Aconselha em tom amigável.
_ Não é isso! O problema sou eu! _ Nego indecisa diante de sua insistência.
_ O problema é que você está deixando de viver! _ Cochicha no meu ouvido.
_ Ei vocês duas?! O que tanto fofocam aí baixinho? _ Diego entoa do seu jeito brincalhão.
_ Coisa de garotas, tio. _ Brianna atesta com ar misterioso.
_ Espero que não esteja aprontando senhorita! _ Gabrielle adverte seriamente.
_ Pode deixar! _ Fanfarrea provocante.

Durante o dia ajudei tia Norah em finalizar alguns detalhes da decoração do quarto das meninas, para passar o tempo.  Falta pouco para elas nascerem. O médico marcou a cesariana para quinze dias. Estamos todos ansiosos para ver a carinha delas, mas ninguém está tão ansioso quanto o pai. Tio Enrico está à ponto de explodir de tanta felicidade.
No dia que soube que teria duas meninas até chorou de tanta alegria.

A noite meu celular toca, vejo na tela de quem se trata.
_ Oi amiga! Já decidiu? Aliás não aceito recusa! _ Brianna declara determinada.
_ Eu não sou a melhor companhia para ninguém! _ Contesto.
_ Deixa eu te falar uma coisa; não é para massacrar você. Mas você está precisando de um tratamento de choque _ Afirma categórica. _ Enquanto você vive se martirizando pelo que não foi. Meu primo vive por ai com aquela nojenta da Pietra proclamando o enlace matrimonial aos quatro ventos... Acorda Rebeca!

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