Soluço: O Príncipe dos Dragões

Capítulo 14 - "Aceite a Derrota"

Pov. Narradora

Mais um dia se iniciava em Berk, a brisa de verão fresca sendo apreciada junto ao sol do início da manhã. Todos os moradores saiam de suas respectivas casas para cumprir com suas obrigações, exceto as crianças da aldeia que caminhavam até a escola para mais um dia de aula, algumas de mau humor por precisar acordar cedo e outras extremamente animadas, como a pequena herdeira de Berk.

Liv: Mal posso esperar para a aula de combate, estou ansiosa para poder colocar em prática tudo que venho aprendendo nos últimos meses.

Bocão: Vai com calma, pequena guerreira, você entrou na escola há pouco tempo.

Liv: 4 meses é pouco tempo pra você, padrinho? ─ A jovem Haddock olha indignada para o adulto que estava levando ela para a escola. ─ Pelo amor de Odin, eu treino com você há 1 ano e meio, mas até hoje ainda não lutei com alguém da minha idade.

Bocão: Você é ansiosa demais pra alguém do seu tamanho, me lembra muito o seu irmão.

Liv: Ele também treinava com você quando criança? ─ Liv olhou para Bocão com os olhos brilhando em expectativa para ouvir mais sobre seu irmão, seus pais não falavam muito sobre ele. ─ Eu sei que vocês não gostam quando eu pergunto sobre ele, desculpa.

Bocão: Está tudo bem, você tem o direito de estar curiosa, afinal, é sobre o seu irmão mais velho que morreu antes que pudesse conhecê-lo.

Liv: Então você vai me contar mais coisas sobre ele?

Bocão: Mais tarde no jantar, hoje você dorme lá em casa e eu te mostro tudo que tenho guardado do Soluço.

Liv: Mas por que esperar até o fim do dia, se você pode me contar agora?

Bocão: Agora você precisa entrar na escola e ir me esperar na sua sala, a primeira e a segunda aula vão ser comigo.

Liv: Tá legal, me convenceu com isso, até daqui a pouco. ─ Liv abraça seu padrinho enquanto ele beija sua testa, antes de se afastar ela olha para o homem novamente. ─ Padrinho, eu só quero te pedir uma coisa.

Bocão: Pode falar, minha flor, sabe que eu faço qualquer coisa por você.

Liv: Promete que não vai pegar mais leve comigo só por eu ser a sua afilhada?

Bocão: Liv, você por acaso estava ouvindo minha conversa com a sua mãe?

Liv: Só a parte que ela pedia pra você pegar leve comigo. ─ Liv junta as mãos na frente do corpo e se balança nos calcanhares, sorrindo sem graça para o adulto que a olhava nos fundos dos olhos. ─ A culpa não é minha que vocês falam alto, eu só estava passando pelo corredor para pegar a minha mochila.

Bocão: Você sabe que a sua mãe vai me matar se descobrir que eu exagerei com você igual nós fazemos nos treinos.

Liv: O que os olhos não veem, o coração não sente. ─ Liv dá um sorriso exagerado para o padrinho que olha para ela com os olhos semicerrados. ─ Você conhece os meus limites, foi você quem me treinou, eu só não quero que achem que tenho privilégios por ser filha do chefe e sua afilhada.

Bocão: Tudo bem, prometo que vou ser justo e não vou tratar você diferente dos outros, mas você também não pode me chamar de padrinho em sala de aula.

Liv: Pode deixar, professor Bonarroto. ─ Liv coloca a mão na testa como se cumprimentasse um soldado. ─ Eu preciso ir, até depois, te amo.

Antes que Bocão pudesse responder, a pequena entrou correndo para a escola, deixando o homem sorrindo sozinho olhando para a afilhada.