Icarus Falls - ziam

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Nome: Léo
Wattpad: sextustarquinius
Twitter: @ziamanicism

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Tudo aquilo se resumia num teatro. E Zayn não suportava mais. Encarou-se no espelho — parecia que ia vomitar — e sentiu pena de si mesmo. No primeiro intervalo comercial, escusou-se dos outros e correu para o banheiro: estava sentindo suas estruturas entrarem em colapso. Tudo aquilo estava o matando lentamente, contorcendo suas entranhas, como ácido corroendo metal, por dentro. E, subitamente, a voz de Liam invadiu o ar do banheiro através da porta:

— Zain, você está bem?

Havia uma nota doce de preocupação em sua voz, mas misturada com uma cautela comedida. O que só fez o estômago de Zayn contrair-se ainda mais.

— Eu estou bem, Liam — Zayn respondeu (mentiu), sem sair do lugar e levando a mão até os olhos —, só não... só não estou a fim de conversar agora.

Suspirou. Sob suas pálpebras, viu luzes disformes e embaçadas, como em telas: telas de tevê embaçadas, cenas confusas e quebradas. O coração batia tão forte que confundia seus ouvidos. Suas mãos estavam trêmulas e geladas. Quando Liam o respondeu, segurou sua vontade de chorar:

— Eu não vou embora — disse, com um tom de voz mais baixo, quase um sussurro. — Não até me dizer que está tudo bem.

Arrojado ele, Liam, ao fazer tal exigência. Pois sabia que não estava tudo bem. Fazia alguns anos que não estava tudo bem.

Desde que se conheceram, Zayn e Liam são como o céu e o mar: se tocam, se permeiam e se expandem, ao ponto de poderem envolver o mundo inteiro. Sem se dar conta disso, Zayn sentia uma euforia tremenda toda vez que estava perto de Liam. Mas essa euforia teve vida curta. Logo se deu conta de que o fato do rapaz de Wolverhampton ter uma namorada o ressentia profundamente. Logo se deu conta de que seu coração gelava quando suas mãos se tocavam, por acaso. Logo se deu conta de que sentia uma vontade irresistível de abraçá-lo por acha-lo fofo demais. Logo se deu conta de que pensava só nele.

Mas Liam tinha uma namorada.

Parecia uma tragédia shakespeariana, a qual terminaria em suicídio ou loucura. A segunda opção, na verdade, parecia a mais possível: apesar de a imagem dela vir sempre à mente de Zayn, apesar de seus esforços homéricos para se censurar, quando subiam ao palco, tudo isso se dissolvia. Uma espécie de bolha se cosia em torno deles e construía um mundo apartado, onde ambos cantavam um para o outro... como se fossem palavras verdadeiras.

E eram. De ambas as partes. Só que Liam não sabia. Demorou bastante tempo, mas percebeu que, pela primeira vez na vida, estava apaixonado por um homem. Mas há de se escusá-lo: não era qualquer homem, era Zain Malik. Descobriu-se como quem descobre o rosto de um filho recém-nascido, a culminância de um amor que pacientemente esperou para transbordar.

— Eu o amo — murmurou no calor da sua epifania. — Eu amo o Zain.

Harry o encarou com uma sobrancelha arqueada e murmurou, antes de voltar novamente os olhos para a tela de seu celular:

— Você foi literalmente o último a saber.

Claro que, após alguns anos de ressentimento — e, especialmente, após um show em que a namorada de Liam estava na plateia —, Zayn murchou, secou como uma flor velha. Morte necessária em pleno verão. Estava pronto para enterrar seu amor, estava pronto para enterrar a si mesmo. Quando Liam correu até ele. Foi uma cena até engraçada: Zayn, zangado, não queria papo, e Liam, irritado, não aceitava ser ignorado. Os dois praticamente entraram em luta corporal antes que Liam conseguisse dizer que havia percebido.