Claro, eu tentei bater na porta e gritar, mas não posso dizer que me surpreendeu muito quando não funcionou. A única forma de sair do quarto era pela janela. Tive que subir em uma cadeira para poder ver o exterior, e o que vi foi desalentador.Estava no terceiro andar, assim usar a janela não parecia a melhor ideia do mundo, mesmo que eu tivesse conseguido abri-la, coisa que não consegui. Não havia nada que bloqueasse minha visão, e não parecia como uma pintura, mas os golpes repetidos e o bisbilhotar não conseguiram mais do que algumas unhas quebradas.
Por que, oh, por que decidi fugir de casa? Tinha lidado com minha mãe por toda minha vida, o que importaria mais alguns anos? Maldição, nem sequer eram dois anos, mas só esse verão, meu último ano de escola (eu tinha saltado um ano na escola média, por que no geral eu era mais jovem do que meus companheiros) e logo o seguinte verão. Depois disso estaria longe, na universidade, e tinha a intenção de ir para a universidade mais longe de casa (onde quer que me leve o tempo) como fosse possível.
Tinha meus olhos arenosos, e minha cabeça doía, mas não me imaginava deitada e tomando uma pequena e agradável sesta nestas circunstâncias.
Encontrei-me mexendo em meu camafeu, uma vez mais. Estava meu pai realmente na prisão? Se assim era, por quê? Minha mãe tinha me contado histórias terríveis sobre ele mas eu estava convencida que ao menos metade eram mentiras.
Mas e se não fossem? E se estava na prisão por que pertencia ali?
Sacudi esse pensamento para longe.Tia Grace havia me interceptado na fronteira, intimidando-me e logo me bloqueando.
Sentei-me na borda da cama e examinei minhas opções. Pena que pelo que parecia, eu ainda não tinha nenhuma. Uns quinze minutos depois, escutei o som de passos que se aproximavam, e vozes.
Uma delas era minha tia Grace, o outro era um homem, que eu esperava que fosse meu pai. Não podia ouvir o que diziam, e quando se aproximaram o suficiente as palavras mudaram, até que se calaram.
O cabelo da minha nuca eriçava sem razão, e me afastei da porta. Ouvi o suave murmúrio da voz de Grace e a porta se abriu sozinha.
Havia dito que minha tia Grace era alta e imponente. Tinha que medir pelo menos 1.80 metros. Mas o homem que parou atrás dela era enorme. Mais de seis pés de altura provavelmente sete. Tinha que agachar-se para passar pela porta, e me perguntei se era mais largo já que tinham feito uma escadaria estreita.
Parecia como um cruzamento de uma estrela da NBA e uma versão não verde do incrível Hulk.
Grace entrou no quarto e, felizmente, seu enorme amigo ficou para trás.
Bloqueando a porta, suponho, para se por acaso eu comece a correr.Repassei depressa minha lista de opções para fugir.
Tive que reprimir um calafrio, inclusive tentei soar valente.
- Aonde você foi enquanto eu estava trancada no meu quarto? - perguntei.
Ao menos tentei perguntar. Temo que ―choramingar‖ poderia ser uma boa descrição.
Então, tive uma melhor visão dela, e do grande hematoma que aparecia no lado do seu rosto. Fiquei sem fôlego.
- O que aconteceu? - perguntei-lhe, esquecendo momentaneamente que ela era o inimigo.
Ela me olhou, sombria.
- Meu irmão foi... Um imprudente ao te trazer aqui.
- É?
- Está em perigo. Nossa família é uma com grande poder e importância. Agora que Seamus te declarou como sua filha e te trouxe até aqui, há grupos que poderiam te ver como um instrumento para controlá-lo. Alguém deve ter me visto te trazendo para cá. Atacaram-me enquanto eu abria a porta principal. Tive a sorte de ter chamado Lachlan e pedir-lhe que me encontrasse. Os afugentou antes que pudessem fazer muito dano.Mas isso demonstra que eu tinha razão: você não está a salvo aqui.
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Glimmerglass
Teen FictionDana Hathaway não sabe ainda, mas está em grandes problemas. Quando sua mãe, uma alcoólatra, aparece em seu recital do coro bêbada, Dana decide que já teve o suficiente de sua função como guardiã de sua mãe, assim que arruma suas malas viaja para ve...