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Claro que eu estava agradecida que não tivesse espelhos ao redor quando saí da carroça. Além disso, o fato de que minha roupa estivesse toda enrugada por causa da sesta e que meu cabelo precisava urgentemente de uma escova, também estava coberta de pequenos troços e pedaços de palha. Embora Ethan estivesse sentado na mesma carroceria que eu, deve ter usado algum tipo de repelente contra palha, já que parecia tão perfeito como quando subiu. Ele decidiu se esticar e tirar um pedaço de palha do meu cabelo. Quando o fulminei com o olhar, ele só piscou um olho e se esticou para tirar outro. Eu golpeio sua mão para afastá-la, mas então não pude evitar passar minha mão pelo meu cabelo, tentando alisá-lo e eliminar o resto da palha.

Olhei ao meu redor e descobri que me encontrava em um pátio de cerâmica, rodeado por casas decoradas com ladrilho. As casas pareciam muito menos exóticas do que a maioria dos edifícios que eu tinha visto em Avalon até agora, embora o pátio de pedra acrescentasse algo à atmosfera.

Uma figura vestida de preto se desprendeu de um grupo de sombras e se aproximou. Não podia vê-lo claramente, já que não estava olhando em minha direção, mas qualquer breve esperança de que ele pudesse me ajudar morreu quando Kimber lhe entregou as rédeas do cavalo em silêncio. Supus que este era o dono da carroça, o amigo quente de Ethan e estava realmente agradecida quando só deu um pequeno assentimento para Ethan, e logo levou o cavalo e a carroça.

- Um alojamento para estudantes - Explicou-me Ethan, indicando os edifícios ao nosso redor, com um gesto de sua mão. - A universidade se encontra no final do caminho. Esse é meu andar. - Ele disse, apontando para uma janela no segundo andar. - E esse é o de Kimber - disse, apontando para uma janela justo na frente da dele. Olhei novamente para Kimber, mas ela ainda não parecia o suficientemente velha para ter seu próprio ―andar‖. Embora, é claro, por tudo que sabia dela, ela bem que poderia ser algum tipo de estranho Fae que detinha seu envelhecimento aos dezesseis anos e era, na realidade, mais velha do que minha mãe. Então, Ethan sorriu novamente. Se os Fae tem rugas de riso, ele ficaria cheio de rugas antes que completasse trinta. - Mas ali não é para onde vamos.

Kimber tinha se aproximado por trás de mim enquanto ele falava. Ela não me tocou, mas sabia que estava pronta para me agarrar se lhe desse uma desculpa para fazer isso. Ethan dobrou as largas mangas de sua camisa e ajustou sua postura como se estivesse a ponto de levantar algo pesado. Só que ali não havia nada para levantar.

Por trás de mim, Kimber solta uma bufada. - Deixa de alardear e faz de uma vez.

Fazer o quê? Perguntei-me.

Ethan respirou fundo e logo levantou suas mãos na frente dele na altura de seu peito, com as palmas para baixo. Algo produziu um som rouco, como uma rocha deslizando-se sobre outra. Ethan respirou fundo novamente, continuamente, e lentamente, levantando suas mãos uns poucos centímetros.

Minha mandíbula caiu aberta quando um conjunto de cerâmica se elevou do chão do pátio. Ethan moveu suas mãos para um lado, e as cerâmicas se moveram com ele, revelando uma escadaria que desaparecia em um poço escuro. Ele baixou a cerâmica e logo deixou sair seu fôlego com um longo zumbido. Estava suando e sem fôlego, mas sorriu.

- Estou melhorando nisto. - disse ele, falando com Kimber.

- Estou tão impressionada que quase não posso suportar. - ela respondeu.

Ethan ficou desinflado pelo seu tom, mas ainda assim, disparou de volta. - Eu gostaria de ver você fazendo isso.

Pelo silêncio de Kimber, deduzi que não poderia. Ethan sorriu, e então se deixou cair na escadaria e começou a descer na escuridão. Estremeci e tentei me afastar do poço, mas é claro, Kimber estava ali, me empurrando para a escadaria. Minha voz ainda estava inútil, então nem sequer pude protestar.

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