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Os quinze minutos que passei esperando por meu pai me proporcionaram tempo suficiente para analisar esse encontro. Por agora todas as pessoas que eu tinha conhecido em Avalon tinham mentido para mim, e em certo modo, meu pai era um deles. Depois de tudo, ele me enviou o camafeu sem dizer-me que se o usasse seria como dizer que era da Equipe Seelie.

Eu me perguntei por que tinha me enviado para cá, já que fez isso sem perguntar para minha mãe se estava de acordo. Eu estava disposta a deixar para lá esse pequeno detalhe por que queria o que ele estava me oferecendo, mas agora vejo que deveria ter feito mais perguntas.

Pensei que ouviria os passos de meu pai na escadaria de madeira antes que ele chegasse até minha porta, mas não ouvi. Seu chamado repentino me faz saltar e ofegar, e no início não respondi, meus pés se congelaram no chão.

— Dana? — ele perguntou. — Você está bem, carinho?

Deixei escapar o fôlego que eu não tinha percebido que estava segurando e limpei as palmas suadas em minhas calças. Então abri a porta completamente, obtendo a primeira visão de meu pai.

Os Fae, uma vez que alcançam a idade adulta ao menos, são eternos. Intelectualmente, eu sabia disso. No entanto, não diminuiu o impacto de abrir a porta para o homem que eu sabia que era meu pai e ver alguém que poderia se passar por uma pessoa de vinte e cinco anos.

Tinha uma típica constituição Fae, alto e magro, mas emanava uma sensação de força robusta. Tinha o cabelo muito loiro, muito curto ao redor de seu rosto aristocrático. Seus olhos eram o mesmo azul frio como os de Grace... E os meus, de qualquer forma... Mas havia uma espécie de... Peso que lhe fazia parecer mais velho. Apesar da aparência juvenil de seu rosto, seus olhos não eram de um jovem.

— Dana. — disse, sua voz soava quase assustada enquanto ele me olhava de cima a baixo. Senti como se estivesse me inspecionando, mas como eu estava fazendo o mesmo com ele, quase não podia queixar-me.

Por um momento, pensei que ia me abraçar, e fiquei tensa. Não sou uma pessoa realmente sentimental no melhor dos tempos. Estava mais aliviada do que podia dizer, quando em seu lugar, estendeu uma mão que tremia. Ah, a famosa reserva Fae! Eu tinha esquecido por completo, já que Ethan não encaixava nesse molde.

Evitei os pensamentos de Ethan.

— Olá, papai. — digo, sentindo-me inexplicavelmente estranha ao chamá-lo assim. Não tinha parecido tão estranho no telefone.

— Minha pobre criança. — diz em voz baixa, dando-me a mão em um apertão firme. — Mal posso imaginar o que você passou nesses últimos dias.

Estremeço. Não, provavelmente não podia.

— Vamos, eu vou te levar para casa. — continuou. — Peguei sua mala e o laptop com Grace. —ele sorri. — Suspeito que ficará mais cômoda com sua própria roupa.

— Antes de irmos. — eu digo. —Gostaria de perguntar algo para você.

Ele assente, sério.

— Por que estava tão ansioso que eu viesse para Avalon?

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