Havia se passado algumas semanas desde que Ella tinha falado com Nate após sua morte. Havia o dito estar necessitando de sua ajuda para poder iniciar os jogos, mas após muita incredulidade do garoto, ele simplesmente recusou e permaneceu aos berros para que quem supostamente estaria atrás daquilo tudo (segundo ele) o soltasse. Isso não aconteceu, pois Ella o manteve preso em uma sala pequena e sufocante até que o mesmo decidisse aceitar o plano.
O corpo de Nate estava ressecando aos poucos e as sensações de fome e sede aumentavam cada vez mais, abalando o seu psicológico. Sabia que se não tomasse uma rápida atitude, acabaria morrendo, mas não estava disposto a concordar de forma alguma com aquela “palhaçada”.
No profundo silêncio do vácuo, o garoto estava quase desacordado quando ouviu a voz de Ella novamente, assustando-o.
─ Suponho que você já tenha uma resposta. ─ disse.
─ É… E ela continua sendo a mesma. ─ respondeu opaco após um momento. ─ Vocês estão brincando comigo… Vamos, digam o que querem.
─ Eu disse. Falei todos os detalhes a você.
Ele gargalhou baixo, sarcástico.
─ Trancar pessoas em uma espécie de jogo psicológico e doentio. Que tipo de pessoa você é, tramando uma vingança desse nível?
─ Está equivocado! ─ disse gentilmente a voz da menina. ─ Isso não é um tipo de vingança.
─ Cômico!
─ Se ainda não está disposto a aceitar, serei obrigada a te deixar aqui por mais um período.
─ Vá para o inferno!
Tudo ficou em silêncio então. Ella não mais se pronunciou, e depois de deixar o local, o feixe de luz voltou a ficar mais claro, deixando Nate sozinho por mais uma vez. O garoto suspirou e abaixou a cabeça, ainda preso na parede. Estava exausto.
Depois de alguns minutos na quietude, Nate não suportou mais e então dormiu. Em seus sonhos, começou a lembrar do rosto de Kira e da maciez que ele tinha em suas mãos. Conseguiu ver nitidamente o sorriso gentil dela e o volume de seus cabelos encaracolados balançando com a brisa. Ela abriu a boca vagarosamente para falar algo e Nate já conseguia sentir o tom de sua doce voz, mas o rosto dela simplesmente desapareceu quando uma voz mais grave e penetrante ecoou no ambiente:
─ Não é uma ideia muito inteligente ignorar ela, vai por mim! ─ disse a voz de um homem vinda do outro lado da parede.
Atordoado, Nate acordou e tentou assimilar o que estava acontecendo antes de recuperar totalmente a consciência, dando-se conta da presença da outra pessoa.
─ Quem está aí? ─ indagou de forma abatida. ─ Foi você quem me colocou aqui, não é?
─ Dá um tempo! ─ respondeu o homem. ─ Estamos na mesma situação, se não estiver pior para mim, aliás. ─ sua voz estava fraca.
─ Quem é você?!
Houve um breve momento de silêncio.
─ A garota disse que traria você aqui. Ela falou que precisaria de nós dois.
─ Então… Esse troço é mesmo real? ─ sentiu um aperto no coração. ─ Impossível!
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Pesadelo - Os Jogos de Ella
Mystery / Thrillergêneros: mistério/terror Você acredita na realidade em sua volta? Acredita que tudo o que você faz, enxerga ou toca, é real? E se tudo o que você conhecesse não passasse de uma mera ilusão? O que aconteceria se o conceito de tempo, espaço, matéria e...