#02 - Segundo Convocado

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Mark estava de pé na porta da escola, olhando para todos os lados à espera de alguém, viu ao longe um rosto conhecido se aproximando em meio a multidão de alunos que se recolhiam para suas devidas salas. Aguardou para que a pessoa viesse em sua direção para poder a acompanhar, então Suzan passou por ele sem parar para conversar, ainda estava um pouco chateada com o amigo, mas Mark a seguiu mesmo assim, estranhando por ela ter uma espécie de curativo enfaixado no topo de sua cabeça, e sua fisionomia estava abatida, nada amedrontada, mas sim, inquieta.

─ Ei Suzan! O que houve? Você está ferida? ─ tentou puxar assunto, mas sua preocupação era real.

─ Não se preocupe!

─ Como assim?! Sua cabeça está enfaixada! Como não devo me preocupar?! Sério?

─ Foi só um acidente.

─ Huh? O que aconteceu?!

─ Um dos quadros do corredor de casa acabou despencando na minha cabeça ontem. Meu pai não fez o trabalho do jeito certo quando colocou aquelas coisas na parede, e deu no que deu.

─ Despencou? ─ sorriu do inconveniente. ─ Nossa! Deve ter feito um baita estrago!

Suzan manteve-se séria.

─ E enquanto a ele, Steve? Nem sequer ajudou você quando isso aconteceu?

─ Ele não voltou pra casa ainda desde que saiu. Você sabe! Ele vive mais no trabalho do que na própria casa, com a sua única "família". ─ ajeitou a alça da mochila. ─ Por sorte eu consegui acordar antes de vir pra escola.

─ Você dormiu a noite anterior toda no chão do corredor?! ─ sorriu novamente.

─ Não tem graça Mark! E sim, eu dormi!

─ Bom, pelo menos não foi nada mais grave, não é?

─ É, talvez.

Cruzaram os corredores e chegaram na porta de suas salas. Suzan estava prestes à entrar quando Mark a impediu segurando em seu ombro. Ela olhou fixamente em seus olhos.

─ Err... Eu queria pedir desculpas, pelo o que eu... Disse ontem. ─ ele proferiu. ─ Ou pelo o que deu a entender.

Suzan não gostava de carregar mágoas. Sorriu após alguns segundos, estando satisfeita, balançou a cabeça ao aceitar o pedido.

─ É por isso que eu te adoro! ─ Mark comemorou, aliviado.

─ Querem entrar ou preferem que eu carregue as carteiras para que os mocinhos assistam a aula da porta? ─ interrompeu a professora Louise com ironia.

─ Desculpe! Já estamos entrando professora. ─ explicou Suzan, e em seguida cochichou para Mark. ─ Bruxa!

...

A sensação de ar rarefeito escapando de seus pulmões e o frio congelante ao seu redor eram coisas tão reais, quando Suzan se viu parada no meio do nada, e o "nada" ainda era só mais um detalhe explicável, pois o chão carregava uma cor acinzentada como resultado de queimadas, e as árvores já ressecadas e sem vida, arranhavam os céus com seus galhos secos e desnudos, penetrantes, como garras de uma fera selvagem faminta encravadas na couraça de sua presa. O céu azul foi deletado, dando espaço a um tom alaranjado que dava ao ambiente, um ápice mais macabro do que já aparentava, e volta e meia, corvos repousavam sobre os galhos das árvores ao se afastarem dos demais que voavam em círculos nos ares, acima da cabeça da inocente garota.

Pesadelo - Os Jogos de EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora