Após Nate ter entrado dentro do quarto, Kira teve a sensação de que o ambiente ficou muito mais gélido e seco. A iluminação ambiente diminuiu e ela também reparou quando o monitor cardíaco começou a desacelerar, porém, não houve alterações em seus batimentos. O garoto ficou calado por um tempo e deu mais uma volta pela sala, com as mãos dentro dos bolsos.
Seguido de um chiado agudo, a janela começou a derreter como cera, inexplicavelmente, e depois, escorreu pela parede como tinta, até vir parar no chão em forma de um líquido em cores distorcidas e misturadas. Kira ficou surpresa com o que viu, mas não se assustou, não depois te ter presenciado várias coisas estranhas no Madre Maria. Passando-se poucos segundos ao acontecimento, um barulho maior reverberou do outro lado da sala, pois, a porta estava sendo sugada para dentro da parede em um tipo de redemoinho, então diminuiu até sumir completamente. O monitor cardíaco parou, e o que estava exibido nele, passou a tremer e piscar freneticamente.
Presenciando tudo aquilo, admirada, Kira tentou manter-se focada no ambiente sem ter que demonstrar sua confusão, então piscou os olhos algumas vezes e voltou a encarar Nate, aguardando para que ele voltasse a se pronunciar.
─ Entendo o motivo de estar surpresa com o que acabou de acontecer. ─ comentou. ─ Mas, isso pode até ser considerado “normal”! Eu chamo de “distúrbios do espaço”. São bem mais comuns fora do edifício. O Madre Maria serve como um tipo de catalisador para esses eventos, porém, o maior problema naquele lugar ainda são os paradoxos.
─ Você é um lixo! ─ ignorou seus comentários completamente e teve coragem de lançar algo ofensivo. ─ Seus “companheiros” confiaram em você! Como foi capaz de traí-los usando uma máscara tão fria?!
─ As pessoas são imaturas demais para compreenderem a realidade e todas as verdades envoltas nisso, ou, são negligentes demais para poder entendê-la.
─ Eu não me interesso com o que você tem a dizer! Isso acabou. Alguém me ajude! ─ gritou. ─ Por favor!
─ Ninguém poderá te ajudar aqui, e, você está equivocada, Kira. Não é simples assim, não estamos livres ainda.
─ Mas o que diabos você está insinuando?! ─ começou a se descontrolar. ─ Isso é um sonho? É o inferno?!
─ O inferno ainda seria bem melhor comparado a isso, mas eu diria que, esse é o “inferno” que temos que suportar.
─ Que porra é essa?! Eu deveria estar morta! Eu enfiei um canivete e rasguei a merda da minha garganta! Eu senti todo o sofrimento antes de… Antes de… Eu.
─ Sim, você morreu! Bom, não exatamente, mas, isso foi o fator chave para ter decidido a sua vitória!
─ Como é que é?!
O garoto voltou a se aproximar dela e puxou uma poltrona e a pôs ao lado da cama. Sentou-se calmamente.
─ Irei te explicar todas as coisas, mas para isso, devemos voltar ao início de tudo. Você está disposta a me ouvir?
Kira não respondeu absolutamente nada, mas também não negou, apenas manteve o olhar firme no rosto dele, repudiando-o.
─ Bom, vou entender isso como um “sim”. Então, dando início a nossa história…
“Tudo o que conhecemos hoje; as coisas estranhas que presenciamos até aqui, os distúrbios, os paradoxos, as angústias e os sofrimentos, tudo teve início quando uma pessoa resolveu fazer algo que estava fora dos limites da nossa realidade. E esta pessoa, era justamente a mãe de Mirella.
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Pesadelo - Os Jogos de Ella
Mistério / Suspensegêneros: mistério/terror Você acredita na realidade em sua volta? Acredita que tudo o que você faz, enxerga ou toca, é real? E se tudo o que você conhecesse não passasse de uma mera ilusão? O que aconteceria se o conceito de tempo, espaço, matéria e...