#29 - Epílogo Decadente

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Havia gritos e sussurros disparando em todas as direções, com o som de ranger de dentes e unhas sendo arranhadas sobre uma superfície sólida em todo o momento, um barulho excruciante e ensurdecedor. Logo após, um tremeluzido teve início, distorcendo e confundindo a realidade em volta com uma enorme dança de luzes heterogêneas que perfuravam a visão. Uma forte vibração no ar embaralhou os sentidos, fazendo-a perder totalmente o senso de direção, foco e estabilidade, e como se não fosse o bastante, todos esses acontecimentos juntos fizeram-na sentir como se estivesse sendo desmembrada em milhões de pedaços da forma mais lenta e dolorosa possível. Queria gritar, berrar, fugir dali à qualquer custo, mas estava paralisada demais pela confusão gerada instantaneamente em sua cabeça.

Foi necessário que Daron a sacudisse de uma forma mais brusca para que assim pudesse finalmente despertar daquele “pesadelo”. Ainda demorou alguns minutos para que ela reagisse ao chamado, despertando atordoada, ofegante e tremendo bastante. Seus olhos estavam vermelhos e seu corpo inteiramente suado. A menina piscou várias vezes até que sua visão pudesse se normalizar, ouvindo seus batimentos cardíacos acelerados diretamente, por conta das veias dos ouvidos.

─ Suzan, olhe para mim! Respire, relaxe.

Depois de alguns minutos após o falecimento de Sarah, ele havia percebido quando ela tinha caído em seu subconsciente. A constante ausência de suas medicações tinha agravado ainda mais as alucinações que ela teve agora a pouco.

─ Olhe para mim! Está tudo bem, respire. ─ estava segurando nos ombros dela.

Apesar dele saber o motivo das alucinações dela, Nate continuou confuso e surpreso com o que estava presenciando.

Mesmo que Suzan não tivesse recuperado totalmente a consciência, ela ainda teve forças para tentar controlar a respiração.

─ Você está melhor? ─ indagou ao notar que a expressão facial dela “assentou”.

─ Estou bem! ─ respondeu sem nenhuma convicção.

─ Nossa, isso foi insano! ─ Nate rebateu, enxugando o suor da testa.

─ Suzan? ─ Daron voltou a indagar se ela realmente estava bem.

Ela respondeu balançando a cabeça, confirmando. Procurou observando pelo quarto em busca do corpo de Sarah e não demorou muito para ver um embrulho em cima de um colchão no chão, no outro canto. Estava envolto na coberta do mesmo colchão.

─ Você desmaiou depois de tudo ter acontecido, então o Nate me ajudou a cobri-la. Quando terminamos, você… Você já estava…

─ Obrigada! ─ não tirou os olhos do embrulho.

Daron consentiu com um pequeno sorriso.

─ Me desculpa por ter terminado desse jeito. Eu não queria… Eu jamais queria que…

─ Você tinha razão! Ela não merecia ter um final tão cruel como o de Kate.

─ Juro que se houvesse uma chance de salvá-la, eu seria o primeiro a pôr a minha própria vida em jogo por isso!

─ Não se preocupe, você não teve culpa.

Pintando um “clima” mais específico e afetuoso entre os dois, Nate se sentiu ligeiramente excluído, então, querendo se comunicar, fingiu tossir para que fosse notado.

Pesadelo - Os Jogos de EllaOnde histórias criam vida. Descubra agora