; dez

1K 49 7
                                    

Francisco

O treino acabou e estamos todos no balneário.

Confesso que não estou minimamente concentrado nas conversas que estão a decorrer entre os meus colegas.

O facto de a Leonor querer adotar o Simão está a dar-me a volta à cabeça.

- Ei, puto! Estás a ouvir-nos? Estamos a falar contigo. - o capitão dos 'leões', Bruno Fernandes, faz-me despertar dos pensamentos.

- Ah? O quê? - acabo por suspirar. - Desculpa, não estou nos meus dias.

- Pois, nós já reparamos. - continuou o médio. - Mas está tudo bem?

- Não. As coisas com a Leonor estão tremidas. - confessei, esboçando um triste sorriso.

- Porquê? - interviu o guarda redes leonino de vinte anos, Luís Maximiano.

- Não me levem a mal mas não me apetece falar sobre isso.

Depois de ter dito aquilo, todos eles respeitaram o meu pedido e voltaram a falar de outros assuntos.

Após estar arranjado, saí de Alcochete dirigindo até casa.

Ao entrar em casa, deparo-me com a Leonor e uma outra mulher que nunca tinha antes visto.

Aproximo-me delas deixando o saco de treino pelo caminho.

- Boa tarde. - profiro e deposito um beijo nos cabelos da minha namorada.

Elas retribuem a saudação e continuam a conversar.

- Bem, acho que é tudo. Se precisar de mais alguma informação, irei entrar em contacto consigo. Depois falaremos melhor sobre o processo. Obrigada e boa tarde. - a mulher que teria por volta dos 50 anos disse, levantando-se.

- Eu acompanho-a à porta. - a educadora de infância foi com a mulher até à porta e eu deixei-me ficar na sala.

Entretanto, a loira caminha na minha direção e senta-se no sofá, junto a mim.

- Quem era aquela? - coloquei a questão.

- Uma mulher da segurança social. Ela veio cá para uma entrevista.

- Entrevista sobre quê?

- Então, sobre o processo de adoção do Simão. - constata, como se fosse óbvio.

- O quê? E porque é que não me avisaste? - elevei o meu tom de voz.

- Eu ia avisar... Só que foi tudo muito rápido e em cima da hora.

Não disse mais nada.

A verdade é que eu não queria adotar nenhuma criança. É um gesto muito bonito e teria todo o prazer em fazê-lo, mas não agora.

E, por muito egoísta que seja, eu tenho de dizer à Leonor o que sinto.

- Leonor, porque é que estás a fazer isto?

- Isto o quê?

- Isto de adotar o Simão ou outra criança qualquer. - esclareci.

- Então, porque queremos ter um filho.

- Não, eu quero ter filhos, tu não! - calmamente, tentei chamá-la à razão.

Ela suspira.

- Leonor, não és obrigada a fazer isto! Não és obrigada a ser uma coisa que não queres ser.

- Mas tu...

- Eu nada. Eu amo-te e é por te amar demasiado que não posso nem quero obrigar-te a fazer isto. Eu sei que não queres ser mãe biológica por causa dos traumas que tens. Mas também consigo perceber que não é só por isso... Tu não queres mesmo ser mãe, nem mesmo se for uma criança adotada. Ouve, jamais eu te obrigaria a ser algo que não queres, ok?

- Desculpa, Chico. Desculpa por te impedir de ser algo que tu tanto queres... Não é justo. - começou a chorar e puxei-a para o meu peito.

- Shh, não tens de pedir desculpa. Vai ficar tudo bem. Eu amo-te.

Se o Franciso do passado soubesse que não ia ficar tudo bem, teria feito tudo de forma diferente.

Oiii

Quem é vivo sempre aparece né?

Já não publicava nada aqui à bastante tempo e lamento por isso 😅

Ai ai que o Chico e a Leonor não estão nos mesmos patamares...

Conseguirão eles dar a volta à situação? 🤭

Espero que tenham gostado.

Um grande beijinho,

Rita ❤️

LUZ ; francisco geraldesOnde histórias criam vida. Descubra agora