Francisco
O treino acabou e estamos todos no balneário.
Confesso que não estou minimamente concentrado nas conversas que estão a decorrer entre os meus colegas.
O facto de a Leonor querer adotar o Simão está a dar-me a volta à cabeça.
- Ei, puto! Estás a ouvir-nos? Estamos a falar contigo. - o capitão dos 'leões', Bruno Fernandes, faz-me despertar dos pensamentos.
- Ah? O quê? - acabo por suspirar. - Desculpa, não estou nos meus dias.
- Pois, nós já reparamos. - continuou o médio. - Mas está tudo bem?
- Não. As coisas com a Leonor estão tremidas. - confessei, esboçando um triste sorriso.
- Porquê? - interviu o guarda redes leonino de vinte anos, Luís Maximiano.
- Não me levem a mal mas não me apetece falar sobre isso.
Depois de ter dito aquilo, todos eles respeitaram o meu pedido e voltaram a falar de outros assuntos.
Após estar arranjado, saí de Alcochete dirigindo até casa.
Ao entrar em casa, deparo-me com a Leonor e uma outra mulher que nunca tinha antes visto.
Aproximo-me delas deixando o saco de treino pelo caminho.
- Boa tarde. - profiro e deposito um beijo nos cabelos da minha namorada.
Elas retribuem a saudação e continuam a conversar.
- Bem, acho que é tudo. Se precisar de mais alguma informação, irei entrar em contacto consigo. Depois falaremos melhor sobre o processo. Obrigada e boa tarde. - a mulher que teria por volta dos 50 anos disse, levantando-se.
- Eu acompanho-a à porta. - a educadora de infância foi com a mulher até à porta e eu deixei-me ficar na sala.
Entretanto, a loira caminha na minha direção e senta-se no sofá, junto a mim.
- Quem era aquela? - coloquei a questão.
- Uma mulher da segurança social. Ela veio cá para uma entrevista.
- Entrevista sobre quê?
- Então, sobre o processo de adoção do Simão. - constata, como se fosse óbvio.
- O quê? E porque é que não me avisaste? - elevei o meu tom de voz.
- Eu ia avisar... Só que foi tudo muito rápido e em cima da hora.
Não disse mais nada.
A verdade é que eu não queria adotar nenhuma criança. É um gesto muito bonito e teria todo o prazer em fazê-lo, mas não agora.
E, por muito egoísta que seja, eu tenho de dizer à Leonor o que sinto.
- Leonor, porque é que estás a fazer isto?
- Isto o quê?
- Isto de adotar o Simão ou outra criança qualquer. - esclareci.
- Então, porque queremos ter um filho.
- Não, eu quero ter filhos, tu não! - calmamente, tentei chamá-la à razão.
Ela suspira.
- Leonor, não és obrigada a fazer isto! Não és obrigada a ser uma coisa que não queres ser.
- Mas tu...
- Eu nada. Eu amo-te e é por te amar demasiado que não posso nem quero obrigar-te a fazer isto. Eu sei que não queres ser mãe biológica por causa dos traumas que tens. Mas também consigo perceber que não é só por isso... Tu não queres mesmo ser mãe, nem mesmo se for uma criança adotada. Ouve, jamais eu te obrigaria a ser algo que não queres, ok?
- Desculpa, Chico. Desculpa por te impedir de ser algo que tu tanto queres... Não é justo. - começou a chorar e puxei-a para o meu peito.
- Shh, não tens de pedir desculpa. Vai ficar tudo bem. Eu amo-te.
Se o Franciso do passado soubesse que não ia ficar tudo bem, teria feito tudo de forma diferente.
⚡
Oiii
Quem é vivo sempre aparece né?
Já não publicava nada aqui à bastante tempo e lamento por isso 😅
Ai ai que o Chico e a Leonor não estão nos mesmos patamares...
Conseguirão eles dar a volta à situação? 🤭
Espero que tenham gostado.
Um grande beijinho,
Rita ❤️
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LUZ ; francisco geraldes
FanfictionTERMINADA • ❝ - Eu não quero ser mãe, Chico.❞ ✓ ritaxsilva, 2019