; onze

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As contrações eram cada vez mais fortes e parecia que iria explodir a qualquer momento.

Não estava nada preparada para este momento.

Afinal, qual é a mulher que está?

A gravidez não vem com um manual de instruções e, por mais que nos digam quais as sensações, nunca se está preparada para dar à luz.

Muito menos nas minhas condições.

Nunca quis ser mãe.

E agora aqui estou eu... Prestes a sê-la.

- É agora! Vai ter de fazer força, está bem? - diz a médica.

- Eu não consigo... - murmurei.

- Tu consegues sim, Leonor. - Francisco agarrou a minha mão e apertou-a. - Traz esse bebé cá para fora.

- Eu não consigo, Francisco. - repetia várias vezes.








- Eu não consigo, Francisco.

Acordei de repente e elevei o meu tronco.

Levei a mão ao peito e tentei regularizar a respiração.

- Nonô, o que é que aconteceu? - o Francisco, que também já tinha despertado, questiona.

Olhei para ele e a minha visão começou a ficar turva.

Engoli em seco e corri até à casa de banho.

Baixei-me ao nível da sanita e vomitei.

Senti os meus cabelos serem agarrados e percebi que o lisboeta estava ali comigo.

Levantei-me, fui até ao lavatório e lavei os dentes. Depois disso, lavei a cara e peguei na toalha para a secar. Olhei-me ao espelho e observei o Francisco, que já me observava atentamente.

- Com o que é que estavas a sonhar para te deixar assim? - proferiu.

Mirei-o e suspirei.

Não queria nada ter aquela conversa mas eu sabia que se o evitasse agora, teria de lhe contar depois. Por isso, é preferível falarmos já.

Inspirei e expirei e comecei a brincar com os meus dedos.

- Eu sonhei que estávamos prestes a ter um filho. - comecei. - Estavam todos a pedir-me para fazer força e eu só queria chorar. Eu não tinha forças para trazer aquele bebé ao mundo e... - as lágrimas que, entretanto se formaram nos meus olhos, caíram e impediram-me de continuar.

- Calma, Leonor! - puxou-me, levemente, pelo braço para o quarto e sentamo-nos na cama.

- Chico, eu não te posso fazer isto. - murmurei.

- Isto o quê?

- Tu não podes continuar comigo. Não podes quando um dos teus maiores sonhos é ser pai e esse sonho não é o mesmo que o meu. Tu mereces alguém que te queira dar filhos. - por muito que me custasse dizê-lo, esta era a verdade.

Ele não me merecia.

Eu estava a ser egoísta por não lhe querer dar um filho.

E, mesmo que ele me dissesse o contrário, eu sabia que ele não estava feliz a 100%.

- Não digas isso, Leonor... - falou com a voz tremida.

- Estou apenas a dizer a verdade.

- Vamos dormir. - tentou fazer-me esquecer o assunto. - E não penses mais nisso, ok?

Meti-me debaixo dos cobertores e senti a mão do jogador a puxar-me para si.

Deixou um beijo na minha testa.

- Amo-te. - sussurrou.

- Amo-te. - sussurrei de volta.

Mas, às vezes, amar não é suficiente.

Emoji que descreve este capítulo? 🤧

Well, estes dois.... Vamos ver o que é que o futuro lhes reserva.

LUZ ; francisco geraldesOnde histórias criam vida. Descubra agora