As contrações eram cada vez mais fortes e parecia que iria explodir a qualquer momento.
Não estava nada preparada para este momento.
Afinal, qual é a mulher que está?
A gravidez não vem com um manual de instruções e, por mais que nos digam quais as sensações, nunca se está preparada para dar à luz.
Muito menos nas minhas condições.
Nunca quis ser mãe.
E agora aqui estou eu... Prestes a sê-la.
- É agora! Vai ter de fazer força, está bem? - diz a médica.
- Eu não consigo... - murmurei.
- Tu consegues sim, Leonor. - Francisco agarrou a minha mão e apertou-a. - Traz esse bebé cá para fora.
- Eu não consigo, Francisco. - repetia várias vezes.
- Eu não consigo, Francisco.
Acordei de repente e elevei o meu tronco.
Levei a mão ao peito e tentei regularizar a respiração.
- Nonô, o que é que aconteceu? - o Francisco, que também já tinha despertado, questiona.
Olhei para ele e a minha visão começou a ficar turva.
Engoli em seco e corri até à casa de banho.
Baixei-me ao nível da sanita e vomitei.
Senti os meus cabelos serem agarrados e percebi que o lisboeta estava ali comigo.
Levantei-me, fui até ao lavatório e lavei os dentes. Depois disso, lavei a cara e peguei na toalha para a secar. Olhei-me ao espelho e observei o Francisco, que já me observava atentamente.
- Com o que é que estavas a sonhar para te deixar assim? - proferiu.
Mirei-o e suspirei.
Não queria nada ter aquela conversa mas eu sabia que se o evitasse agora, teria de lhe contar depois. Por isso, é preferível falarmos já.
Inspirei e expirei e comecei a brincar com os meus dedos.
- Eu sonhei que estávamos prestes a ter um filho. - comecei. - Estavam todos a pedir-me para fazer força e eu só queria chorar. Eu não tinha forças para trazer aquele bebé ao mundo e... - as lágrimas que, entretanto se formaram nos meus olhos, caíram e impediram-me de continuar.
- Calma, Leonor! - puxou-me, levemente, pelo braço para o quarto e sentamo-nos na cama.
- Chico, eu não te posso fazer isto. - murmurei.
- Isto o quê?
- Tu não podes continuar comigo. Não podes quando um dos teus maiores sonhos é ser pai e esse sonho não é o mesmo que o meu. Tu mereces alguém que te queira dar filhos. - por muito que me custasse dizê-lo, esta era a verdade.
Ele não me merecia.
Eu estava a ser egoísta por não lhe querer dar um filho.
E, mesmo que ele me dissesse o contrário, eu sabia que ele não estava feliz a 100%.
- Não digas isso, Leonor... - falou com a voz tremida.
- Estou apenas a dizer a verdade.
- Vamos dormir. - tentou fazer-me esquecer o assunto. - E não penses mais nisso, ok?
Meti-me debaixo dos cobertores e senti a mão do jogador a puxar-me para si.
Deixou um beijo na minha testa.
- Amo-te. - sussurrou.
- Amo-te. - sussurrei de volta.
Mas, às vezes, amar não é suficiente.
⚡
Emoji que descreve este capítulo? 🤧
Well, estes dois.... Vamos ver o que é que o futuro lhes reserva.
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LUZ ; francisco geraldes
FanfictionTERMINADA • ❝ - Eu não quero ser mãe, Chico.❞ ✓ ritaxsilva, 2019