epílogo ; quinze

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Francisco

Já se tinha passado um ano.

Hoje, o meu melhor amigo Daniel Podence fazia vinte e cinco anos.

Mas, hoje, fazia também um ano desde que eu e a Leonor terminamos.

Desde aí, nunca mais a vi e nunca mais ouvi nada sobre ela, por opção.

As pessoas à minha volta que a conhecem continuavam a falar-me dela.

Eu precisava de a esquecer e com toda a gente a falar-me nela tornava-se um pouco difícil. Mas eles entenderam e deixaram de tocar no assunto.

Eu sabia que a probabilidade de ela entrar pela porta era elevada. Mas ainda tinha uma réstia de esperança de que ela não viesse.

O Daniel e a Leonor eram muito próximos e ele avisou-me que a ia convidar.

Obviamente eu não o poderia impedir de a convidar.

Mas não me agradava nada a ideia de saber que a poderia ver.

- Francisco, queres? - Marta, uma amiga de infância de Daniel, perguntou-me, abanando ligeiramente no ar um prato com aperitivos.

- Pode ser, passa aí.

De repente, a campainha toca e ninguém move o seu olhar para a porta mas eu, instintivamente, olhei.

O Daniel dirigiu-se até à entrada e abriu a porta revelando assim a Leonor.

Rapidamente desvio o meu olhar da entrada para a minha ex-namorada não ver que estou a olhar para ela.

Percebo que eles entraram quando ouço a porta bater.

- Pessoal, para quem não conhece, esta é a Leonor e o seu namorado, o João.

Ao ouvir a palavra "namorado", parece que o meu coração deixa de bombear o sangue.

Observo o sorriso da Leonor mas assim que os nossos olhares se cruzam, o seu sorriso desvanece.

Engulo em seco e tento controlar as lágrimas.

Nem queria acreditar no que estava a ver.

Ela tinha seguido em frente.

Ela conseguiu.

Eu não.

- Daniel, quando é que cantamos os 'parabéns'? - questionei-lhe.

- Mais daqui a pouco. Porquê?

- Por nada, eu vou à casa de banho.

Levanto-me da cadeira onde me encontro sentado e inicio o meu trajeto até à casa de banho.

Estava quase a abrir a porta do pequeno compartimento até que uma voz feminina faz-me parar.

Giro os calcanhares na direção da voz que eu tão bem conheço.

- Olá, Francisco. - murmurou.

- Olá. - respondi.

- Será que podemos falar?

- Sobre? - não queria soar rude mas foi inevitável.

- Sobre nós.

- Já não existe nenhum nós.

- Mas existiu. - ela insiste.

- Existiu, é passado. Não entendo o que é queres. Não tens um namorado? Vai lá ter com ele.

- Estás com ciúmes? - a Leonor esboça um pequeno sorriso.

- Não interessa se estou ou não. Felicidades!

Virei-me de costas para entrar na casa de banho mas ela voltou a chamar-me.

- Tu sabes porque é que nós acabamos. - afirmou.

- Não, não sei.

Ela suspirou.

- Eu não quero ter filhos.

- Outra vez essa desculpa?

- Não é uma desculpa. Quer tu queiras quer não, esse era o nosso problema e nunca o iríamos conseguir superar. Eu encontrei uma pessoa que também não quer ter filhos e estou feliz. Espero que tu encontres alguém que tenha o mesmo sonho que tu e que sejas feliz, tu mereces.

A educadora de infância afastou-se de mim, indo em direção à sala de jantar.

- Então, puto? Estás aqui há tanto tempo... - constata Podence.

Ele repara para onde eu continuo a olhar, ou seja, para a Leonor, e diz:

- Ainda a amas?

- Claro que ainda a amo. Acho que nunca irei deixar de a amar. Ela era, é e sempre será a luz dos meus olhos. Mas acabou.

O amor é assim. Nem sempre termina bem. Amar nem sempre é o suficiente.

Gostar de alguém significa também deixar a outra pessoa seguir o seu caminho. Amar é ter coragem para reconhecer se somos capazes de fazer a outra pessoa feliz.

E, embora me custe, nós tivemos essa coragem.

E assim acabou mais uma história.

Ainda nem acredito que já acabou.... 😕

Eu sei, eu sei... Este não é o final que todas nós esperamos mas nem tudo termina bem, não é?

Desde o início que a minha ideia era fazer com que eles não ficassem juntos. Não porque não gostava que eles ficassem juntos, mas porque queria fazer o outro lado da história em que o casal não fica junto.

Espero, do fundo do meu coração, que tenham gostado desta minha obra tanto quanto eu gostei de a escrever.

Um grande beijinho e espero ver-vos por outras histórias ☺️

Rita 🧡

LUZ ; francisco geraldesOnde histórias criam vida. Descubra agora