; quatro

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Estávamos os dois sentados no sofá.

Ninguém dizia nada.

Apenas o som das nossas respirações preencham o espaço.

Não tinha coragem para falar.

Era como se as palavras tivessem escapado.

- Leonor, fala! Estamos aqui há muito tempo e ainda não disseste nada.

- Eu tenho medo da tua reação, Chico. - murmurei.

- Mas porquê, Nonô? Não precisas de ter medo da minha reação. Tu sabes que eu estou sempre aqui para ti. - ele pegou nas minhas mãos e acariciou-as. - Por favor, confia em mim.

- É difícil... - a minha visão ficou turva devido às lágrimas que nos meus olhos se formaram.

- Leonor...

De repente, as lágrimas que estava a tentar segurar, deslizaram pela minha face sem que as pudesse evitar.

- Oh Leonor... - suspirou e puxou-me para o seu peito.

Chorei. Chorei até não poder mais. A camisola do meu namorado ficou totalmente encharcada.

- Por favor, o que é que eu posso fazer para que tu fales? - afastou-me para conseguir observar-me. - Eu odeio ver-te assim.

- Eu... - engoli em seco.

- Tu... - incentivou-me a continuar.

- Eu não quero ser mãe, Chico. - e sem que pudesse pensar nas minhas palavras, revelei.

Ele afastou-me e apoiou os seus cotovelos nos joelhos, colocando também as mãos na cara.

O que eu menos quero que aconteça é que ele me afaste. Ele é o meu porto de abrigo e não imagino a minha vida sem ele.

- Era por isto que eu tinha medo da tua reação. - sussurrei.

- Porquê? Eu só quero perceber o porquê. - olhou para mim e ao ver os seus olhos marejados, o meu coração despedaçou um pouquinho.

- Nunca tive o sonho de ser mãe. - era mentira. Eu sempre sonhei em ser mãe. Mas tenho medo.

- Mas porquê? - o seu tom de voz demonstrava a sua confusão. - Tu amas crianças e, eu sempre pensei que um dia nós tivéssemos os nossos próprios filhos.

- Sim, eu amo crianças mas, sei lá. Nunca sonhei em ter as minhas próprias crianças.

- Eu não entendo, juro que não. Mas respeito. Respeito a tua decisão porque eu amo-te e nunca, mas nunca, te iria obrigar a nada.

- Eu não quero que te sintas na obrigação de continuares comigo. Eu percebo se tu quiseres acabar tudo... - olhei para o chão, uma vez que a coragem de encarar o olhar do Francisco era nula.

- Mas que raio de conversa é essa? Não é isto que nos vai impedir de sermos felizes. - com a sua mão, ele levanta o meu queixo.

- Eu sei que não mas, vê-se entendes o meu lado... Tu tens o sonho de ser pai e eu não tenho o sonho de ser mãe. Não estamos no mesmo patamar. Eu não te posso obrigar a desistir desse sonho tal como tu não me podes obrigar a ter um filho.

- Leonor, eu amo-te. E eu não consigo imaginar uma vida sem ti. Eu só te peço para não me afastares.

Aproximamos os nossos rostos e unimos os nossos lábios num beijo cheio de emoção.

Depois de nos afastarmos, o futebolista abre os braços e eu abraço-o.

- Eu nunca me irei afastar de ti. - respondi.

E era na ilusão da minha fala que iríamos viver.

A vida iria tratar de os nossos caminhos, com rumos diferentes traçar.

Bem, por agora, parece que tudo corre minimamente bem. Mas será que estes dois vão conseguir ultrapassar os obstáculos?

Eu espero mesmo que tenham gostado.

Sei que os capítulos estão pequenos mas não dá para mais.

Um grande beijinho,

Rita ❤️

LUZ ; francisco geraldesOnde histórias criam vida. Descubra agora