O Diabo Veste Gucci [TRADUÇÃO PT-BR]

Capítulo 14

O som alto do alarme o assustou.

Ele manteve os olhos fechados enquanto expirava cansado, o barulho estridente apenas aumentava de volume. Ele tateou cegamente, seus dedos procurando pelo celular na mesinha de cabeceira.

E então houve silêncio.

6 horas em ponto.

O início de mais um longo dia.

Kyungsoo respirou fundo, enquanto finalmente abria os olhos e sentava. Ele não queria levantar, mas não tinha escolha. Ele tinha trabalho a fazer, um escritório para ir. Tinha cafés para encomendar no caminho, uma penca de e-mails para responder, pessoas para ligar e agendas para confirmar.

Mas, era sexta-feira, e talvez essa fosse a única coisa que faria todas aquelas horas no escritório serem mais fáceis. O último dia da semana que ele tinha que estar lá antes de poder inventar desculpas e passar o final de semana inteiro sozinho em casa, com seus pensamentos e suas perguntas sem fim. Antes de poder sentar e pensar direito sobre tudo o que o incomodava e o corroía.

Ele balançou a cabeça, afastando aqueles pensamentos e respirou fundo novamente. Tinha que se arrumar.

A ducha foi refrescante, finalmente limpou sua mente, o acordou; e aquele era um bom começo. Kyungsoo encarou seu reflexo no espelho embaçado, seu rosto parecia mais magro do que antes. Ele não sabia se era por causa do quão ocupada sua vida estava ultimamente ou por todo aquele estresse se empilhando, mas tinha perdido peso. Não o suficiente para os outros notarem, mas o suficiente para ele notar. Não o suficiente para que se preocupasse, mas o suficiente para ele suspirar e negar com a cabeça, correndo os dedos pelo seu cabelo molhado, e o suficiente para virar de costas para o espelho e ignorar.

Ele estava abotoando sua camisa quando outro som estridente ressoou em seu apartamento vazio. Um som que fez seu coração errar uma batida em surpresa, porque não era Sehun se assegurando de ligar e irritantemente lembrá-lo de pegar os echarpe da Hermes no seu caminho para o trabalho, junto de seu latte-cappa-alguma coisa de baunilha do Starbucks. Seu telefone estava escuro e silencioso por entre seus lençóis bagunçados e Kyungsoo virou a cabeça na direção da porta quando a campainha tocou novamente. Ele franziu as sobrancelhas, quase tropeçando em seus jeans.

Quem estava visitando-o tão cedo? Por que alguém visitaria ele tão cedo quando sabiam que ele tinha que ir para o trabalho?

Talvez, fosse Chanyeol e Jongdae pregando uma peça nele. Se fosse eles, Kyungsoo iria cometer um assassinato. Não podia perder tempo quando tinha tanta coisa para fazer.

Ou, puta merda, e se fosse sua mãe? Ela gostava de fazer coisas assim sem avisá-lo antes — ela aparecendo às 6h da manhã em um dia de semana não seria nada que já não tivesse acontecido antes. Kyungsoo ainda tinha flashbacks de quando estava na faculdade e ele teve que esconder seu namorado da época porque ela havia decidido visitá-lo sem avisar.

— Porra — ele sibilou, puxando seus jeans para cima em um movimento brusco, seus dedos desesperados para fechar o botão. Então, disse: — Já vai!

Kyungsoo abriu a porta apressado e sua respiração ficou presa na garganta porque, a última pessoa que ele estava esperando ver era Jongin, mas era exatamente quem estava ali, em sua porta, o encarando de volta.

A primeira coisa que Kyungsoo fez ao ver o mais alto foi xingar mentalmente. Ele estava atrasado? Não podia estar, né? Ele ajustou seu alarme, acordou na hora. Ele esqueceu algo do trabalho? O pânico cresceu em seu peito e ele arregalou os olhos.

Jongin sabia? Ele descobriu de alguma forma? Por que não estava gritando com ele?

— Oi — foi Jongin que disse com um sorrisinho em seus lábios, e Kyungsoo apenas continuou encarando, tentando entender o que estava acontecendo. Ele finalmente notou o quão macios os cabelos de Jongin pareciam, caindo livremente sobre seus olhos; fofos e intocados, nenhum produto neles. Kyungsoo finalmente notou o suéter e os jeans que Jongin vestia, e a sacola de plástico que ele segurava. Kyungsoo suspirou novamente, perplexo. Jongin arqueou uma sobrancelha perfeita, um sorriso entretido em seus lábios. — Posso entrar? — Kyungsoo se assustou, tirando as mãos de sua camisa desabotoada enquanto se apressava para abrir mais a porta.