11. A CURIOSIDADE QUASE MATOU A GATA

24 3 0
                                    

Vamos aos fatos. O que sabemos até agora? Coisas que não preciso perguntar. 
1. Eu posso ser uma das princesas desaparecidas;

2.Agora todas as mentiras para “me proteger” são justificáveis;

3.Meus pais continuam desaparecidos, e podem ter sido levados pelos traidores;

4. Eles não são meus pais reais;

5. Se eu for uma das princesas, tenho uma irmã.

Apenas respire Scarlet. Respire. 

Quem sabe sobre isso? 

Provavelmente os professores da academia. 

Chris. 

Mackenzie. 

    Um número não muito grande de pessoas, apesar de achar que tem muito mais nessa lista. Mas as que eu tenho certeza até aqui, são essas. 

Respire fundo. 

Fiquei no jardim o resto do dia, deitada nas flores, olhando o céu acima e pensando, colocando tudo em ordem. O ritmo devagar das nuvens me acalmou, o vento leve batendo na grama que de vez em quando bate em meu rosto, fazendo cócegas em minha bochecha. 

Tudo o que sei de verdade forma isso. 5 itens numerados, um número estimado de pessoas. Não posso saber ao certo, mas o que realmente importa é esclarecer os itens mais importantes. Minha genealogia verdadeira. Minha irmã. O que realmente aconteceu naquela noite? 

Respire fundo. Mais uma vez. 

O sol já se pôs e apenas a lua brilha no céu. Cheia em toda a sua glória. Eu volto para o castelo onde Chris me espera na entrada. Ele poderia ter pulado assim que me viu, mas cuidou de parecer mais controlado do que realmente está. 

Ao olhar para ele, vejo as mentiras que me contou e as verdades que me omitiu. Ela não está preparada. Foi isso o que disse a Mackenzie aquele dia, no dia em que ela queria me contar tudo, minhas origens, pelo que preciso lutar. E mesmo assim, ele achou que eu não estava preparada. Talvez não estivesse mesmo, não sei nem se estou agora. Mas é meu direito saber, meu direito ter consciência de quem sou depois de ter me perdido tanto. 

- Graças a Deus. – Pela primeira vez no dia, não ouvi um “Graças a Arthur”, e sinceramente, é um alívio. – Onde estava? Fiquei preocupado quando te procurei e não achei. 

- Você foi ao meu quarto? – Pergunto chegando perto dele, sentando em uma das cadeiras naquela varanda. 

- Fui... – Ele responde incerto. Eu tento sorrir. 

- Devia ter olhado na sacada. – Levanto o olhar de meus pés para ele. – Eu estava no jardim. 

Minha voz, por mais incrível que pareça e surpreendendo a mim mesma, está suave. Não tem raiva, nem alegria demais. É neutra como a água de um rio parado. 

Chris suspira, vindo se sentar ao meu lado. 

- Fiquei preocupado. – Ele faz uma pausa me olhando. – Como foi a aula? 

Ah, a aula. Foi ótima! Descobri que meus pais verdadeiros estão mortos, minha irmã pode estar morta, meus pais secundários continuam sem qualquer pista e provavelmente eu vou herdar uma coroa que nunca soube que teria. 

- Bem. – Respondo por fim. – Chris? – Eu o chamo e ele vira a cabeça, pronto para responder o que quer que eu pergunte. – Tem algo que queira me contar? 

O silêncio recai sobre nós, apenas o som da grama a frente. Eu me viro para olhá-lo, e seus olhos estão fixos em um ponto vazio a frente. Ele se inclina e engole em seco. 

Beijada pelo FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora