13. ALVOS E ADAGAS

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- Como assim não sabe? – Passam longos segundos até que eu possa assimilar o que Mackenzie diz, pergunto perplexa ainda não entendendo muito bem o que acabei de ouvir.

Ela tinha relatórios frequentes de mim por parte dos meus pais e, como bônus, ainda tinha de Chris que me vigiava fora de casa. Então como assim ela não sabe onde minha irmã pode estar? Não é algo muito difícil de descobrir para alguém como ela.

- Scarlet, você nem a conheceu. – Observa o óbvio tentando me mostrar algo que já sei.

- E isso importa? – Indago indignada.

- Deveria. – Devolve.

- Ela é minha irmã! – Digo mais uma vez para que ela possa entender.

Eu nunca tive um irmão nos últimos 18 anos, não senti falta de um, mas ainda é minha família e eu preciso dela comigo. É a única que pode me entender.

Mackenzie suspira, percebendo que não tem muito o que argumentar. Não importa o que diga, vou continuar querendo saber o que aconteceu com ela. Sendo assim, a única solução plausível e pacifica, é me contar.

- Amber fugiu no mesmo dia que você. – Ela começa com a voz de alguém que conta histórias em um livro. Eu me sento à sua frente, me acalmando para ouvir. – Aline pediu que Mary fosse com você, já que tinha acabado de nascer. Aaron, naturalmente, foi junto como marido. Amber foi com as únicas duas outras pessoas em que Aline e Arthur confiavam: Harry e Ana.

- Pra onde eles foram? Como foram? Se machucaram? Sei que não foram junto comigo. – Jorro perguntas ansiosas e conclusões que tirei por mim mesma.

Mackenzie foca seu olhar cerrado em mim, os verdes do gato contra os dourados do fogo. Ela franze o cenho como se considerasse alguma coisa, no fim apenas volta a falar como se eu não tivesse dito nada.

- Não, eles não foram com você. É estratégico. – Engulo em seco sem dizer nada. – Como você ouviu, o rei morreu naquele dia. A rainha dias depois, e eu fiquei no comando. Procurei vocês por toda parte sem encontrar uma única pista por semanas, até que a primeira delas veio de Ana. Eles estavam em uma pequena província na índia e a caminho da Ásia Oriental, Harry conseguira um lugar onde poderiam se estabelecer. E depois vieram notícias suas. Tinham acabado de se fixar no Oregon, encontraram uma casa e tudo estava bem. As duas estavam protegidas com feitiços de ervas, barreiras nas casas, vigilância constante... Concordamos que seria melhor que não voltassem por um tempo.

- Um tempo que durou 18 anos?

- Um tempo que deveria durar apenas 10 anos. – Mackenzie me responde, me deixando sentir o peso e o significado daquelas palavras sozinha.

Aos 10 anos conheci Chris, no meio do ano, quando estrou na sala com a explicação de que seu pai conseguiu um trabalho na cidade e, por isso, tiveram que se mudar de última hora. Um pai de fachada, uma história qualquer para se camuflar. Agora sei disso.

- O que aconteceu? – Pergunto ansiosa.

- No décimo terceiro aniversário da sua irmã nós começamos o planejamento para trazê-las. Amber foi a primeira. Tudo estava como combinado, estavam prontos para voltar mas, no último momento, a conexão que eu tinha com Ana e Harry foi cortada. Algo aconteceu e eu nunca mais tive notícias.

- Então quer dizer que... Você realmente... Não sabe? – As últimas palavras saem num sussurro. A pergunta paira no ar e eu não espero resposta, não é necessário, Mackenzie já respondeu antes de toda essa história.

Atualização: Minha irmã está desaparecida, assim como todos que conheço. Talvez eu é que esteja perdida enquanto eles, juntos, tentam me encontrar ou tem o mesmo pensamento que eu neste momento. Morte.

Beijada pelo FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora