21. UM LAÇO DE AMIZADE

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- A que horas combinou com eles? – Pergunto a Chris que já está arrumado, me esperando sentado em uma poltrona acolchoada ao lado da estante com um livro na mão. Seus cabelos ainda estão molhados do banho que tomou, e algumas finas mechas insistentes grudam em sua testa.

- Duas, eu acho. – Ele responde passando a página do livro.

- Duas? – Pergunto incrédula. Me abaixando com a escova nas mãos, penteando o cabelo numa rapidez extraordinária. – Por que não me avisou antes?

Pelo espelho, posso ver os olhos de Chris se levantarem da página para mim. Então como se não fosse nada, ele encolhe os ombros e balança a cabeça.

- Você não perguntou.

- Christopher! – Ele ri, aquela risada solta como se não houvesse nenhuma preocupação no mundo.

- Relaxa! Sophia também é atrasada, vão nos esperar de qualquer forma. Só se arruma com calma.

- Estou pronta! – Anuncio dando o último retoque com os dedos no cabelo, arrumando a jaqueta jeans que cobre uma regata preta, seguida de uma calça de cintura alta também preta de couro. Os tênis que trouxe de casa calçam meus pés e decido de verdade, que estou pronta.

- Ótimo! – Chris diz, fechando o livro que duvido que tenha lido, se levantando e abrindo a porta do quarto. – Primeiro a senhorita.

Eu dou risada de sua atitude, mas entro na brincadeira. Endireito a postura, empino o nariz e coloco um olhar esnobe no rosto.

- Claro que sim! – Uma voz pomposa sai pelos meus lábios e eu tenho que me segurar para não sair do papel. – Feche a porta direito, ou está demitido! Demitido! Demitido!

- Tantas vezes assim? – Chris pergunta me seguindo e fechando a porta.

- Claro! Não te demitiria permanentemente. – Respondo com um sorriso de canto.

- Oh, quanta misericórdia.

Descontraídos assim, nós fomos o caminho inteiro e quando chegamos ao restaurante, lá estavam eles conversando na mesa da janela, a mesma que pegamos na primeira vez que viemos aqui.

Entramos de mãos dadas, Natasha veio nos atender e não deixei passar seu olhar demorado pelos nossos dedos entrelaçados e logo depois, um sorriso largo desenhou seu rosto.

- Bem vindos de volta! – Ela nos recepciona. Como da última vez, o bloco de notas está em seu bolso e mesmo sem perguntar, ela anota o pedido que lê em nossas mentes. – Seus amigos já estão na mesa, vou leva-los até lá. Por aqui.

Não é como se não soubéssemos onde eles estavam, mas achei educado da parte dela, apesar de saber que é seu trabalho. Apesar de nem precisarmos dessa ajuda já que, assim que viramos o pequeno corredor do hall e entrarmos no campo de visão do casal que nos espera, Sophia ergueu o braço o mais alto que pôde e acenou freneticamente para que pudéssemos vê-la.

- Uau! Vocês demoraram. – Ela diz assim que chegamos e sentamos a mesa. – Estamos morrendo de fome, né Ryan?

- Tenho que concordar. – Ele apoia no mesmo jeito tranquilo de sempre. – Porque demoraram?

- Minha cama estava muita atrativa essa manhã. – Respondo de bom-humor.

- Só a cama? – Pergunta Sophia, levantando uma das sobrancelhas e alternando o olhar entre Chris e eu.

Olho para ela num claro aviso para ficar longe dos meus pensamentos, no que ela levanta as mãos em rendição.

- Não fiz nada, juro! O rosto de vocês diz tudo. - Ela ri, balançando a cabeça para afirmar veementemente o que acaba de declarar.

Beijada pelo FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora