Te esqueci? Só que não.

Capitulo 1 - Apaixonada e Magoada.

O sinal toca, me atraso para entra na sala de aula. Um garoto gato passa por mim, me olha e sorri. Senhor que sorriso é esse? Abaixo minha cabeça e continuo andando, quando esbarro em alguém.

_Olha por onde anda gorda.

Ele enche a boca para falar o "gorda". Morro de vergonha, é só meu primeiro dia na escola e já estão me zoando.

_Olha por onde anda você, babaca. Pensa que não vi que fez de propósito isso, mas só vou te avisar uma única vez, se xingar ela novamente de gorda eu parto sua cara.

Levanto minha cabeça para ver quem é meu protetor e me deparo com lindos olhos castanhos. Mas porque ele esta me defendendo? Não entendo. Olho para ele com meu melhor olhar matador. Quem ele esta pensando que é? Não preciso que o alfa da escola me defenda.

_ Ei, calma. Não precisa me matar com esse olhar. Pensei que estava te ajudando.

Ele diz sem jeito. Eu poderia ao menos ter falado obrigada.

_ Me desculpe, mas eu não preciso que ninguém me defenda, sei me virar. Só não quero arrumar confusão no meu primeiro dia de aula.

Falo me explicando e é verdade, sei me defender posso muito bem dar uns socos na cara de algum garoto. Aliás, em Tubarão a maioria dos meus amigos eram meninos e eu entrava nas brincadeiras de lutas com eles, é claro que pegavam leve comigo, mas eu sempre machucava eles. O garoto começa a rir. Que garoto estúpido.

_ Você esta rindo do quê babaca? Dormiu com o bozo? Acha que não sou capaz? Além de ser gorda, acerto um soco de direita muito bem.

Foi mau, falei de mais. Só que agora é tarde. Ele fica sério

_ É eu percebi, por isso que permaneceu com a cabeça baixa para aquele babaca?

Não estou afim de ficar explicando, baixei a cabeça por que não queria começar com o pé esquerdo, mas ele não precisa saber disso.

_ Olha, tenho que ir para a aula, já estou atrasada.

Viro lentamente em direção a sala de aula, sem nenhuma vontade de ir.

_ Ei, espera.

Fico de frente para ele, esperando ele dizer o que quer.

_Meu nome é Otávio, estou no terceiro ano.

Ele faz uma pausa para que eu me apresente. Mas não quero dar o braço a torcer.

_Eu e a turma estamos indo para a Agronômia, passar o tempo por lá. As aulas hoje são apenas apresentações dos professores. Vem com a gente?

Fico olhando para ele tentando ver algum sinal de brincadeira. Afinal os bad-boys não são conhecidos por serem simpáticos. Mas não acho nada, pelo contrario, vejo sinceridade.

_ Tudo bem, sou a Milena, estou no primeiro colegial. Só vou se você falar que não terá nada de errado nesse lugar.

Ele para e reflete o que eu disse e depois de alguns longos segundos finalmente me responde.

_ Não tem. Agora venha.

E eu fui. Essa foi a primeira vez que segui os comandos dele.

E é assim até hoje. O que mudou, foi que amadurecemos mais. Temos nossas responsabilidades agora. Otavio durante o dia ajuda o pai na metalúrgica, mas a noite continua o mesmo Bad-boy de sempre. Cada dia com uma garota diferente, ainda fuma, bebe e sempre esta no meio de ''rachas'', fora as brigas que ele arruma apenas por diversão. Tento falar com ele, mas ele sempre diz que virei um porre e que preciso arrumar um cara para mim. E eu, de dia ajudo minha mãe na loja dela, e a noite faço faculdade de administração. Os horários são corridos e cansativos. Mas não perco nenhuma oportunidade de estar com ele, aliás, ele é meu melhor amigo. É difícil ver ele com varias garotas, mas nunca comigo. Elas são todas gostosas e eu sou baixa e gorda. Pelo menos tenho o que nenhuma delas tem. Tenho o respeito, a amizade, o carinho e o verdadeiro "eu" dele.