Te esqueci? Só que não.

OTAVIO

Entro no quarto pda Mile e deito na cama, puxando ela de encontro a mim. Ela vem sem resistência, mas finge que ainda está dormindo. Ainda são 09:00 horas da manhã, não consegui dormir bem a noite por isso acabo cochilando. Quando acordo novamente vejo que ficamos na mesma posição dormindo de conchinha e bem abraçados, ela segura forte meus braços, enquanto eu seguro forte ela contra mim, olho no relógio e já são 11:30 da manhã. Não quero sair, quero passar o dia assim com ela. Mas combinamos de ir no parque aquático, não posso pular para traz. A não ser que ela também queira ficar assim.

_ Você não vai ficar bravo se não for mais para o parque?

Ela pergunta. Eu? Ficar bravo por passar o dia junto dela?

_ Depende.

Falo, depende dela.

_ Depende do que?

Ela me pergunta.

_ Depende. Se for para passar o dia inteiro aqui, deitado com você, eu não vou ficar bravo. Mas se for para mim ir embora e ficar longe de você, ai sim ficarei.

Falo sorrindo.

_ Passe o dia aqui comigo. De preferência desse jeito. Me abrace Otávio. Não me solte por nada hoje.

Estranho o seu pedido.

_ Não quero te soltar Mile. Quero passar o dia assim, abraçado a você no escuro. E no silêncio. Vamos apenas sentir o que somos juntos.

Falo cochichando em seu ouvido. Como senti falta de tudo isso com a Mile. Por mais que nós seguimos caminhos diferentes, eu e ela sempre seremos um só.

_ Ele me pediu em casamento.

Ela fala em um sussurro. Meu sangue para de correr por um tempo, meu cérebro não quer aceitar essa nova informação.

_ Quando?

É a única coisa que consigo falar, ou melhor perguntar.

_ No dia do meu aniversário. Assim que deu meia noite nos estávamos juntos, ele tinha preparado uma surpresa para poder pedir.

Ela fala rápido, tenho que me acalmar. Afinal foi eu quem dei a chance para aquele imbécil, ele apenas fez o que eu deveria ter feito.

_ Você aceitou.

Não é uma pergunta apenas uma afirmação.

_ Sim, eu aceitei!

Ouvir ela confirmar dói minha alma... Aquele imbecil terá o que era para ser meu. Ele dará a ela o dia dos sonhos dela, o casamento na igreja, os gêmeos que ela tanto sonha. Mas não posso fazer nada a não ser apoiar ela. É a felicidade dela. E se for com ele que ela será feliz, eu vou apoiar.

_ E eu vou ser o padrinho não é?

Falo tentando uma brincadeira.

_ Na verdade pensei em você ser um dos noivinhos.

Ela fala rindo, mas sei que no fundo ela não está sorrindo.

_ Vou no banheiro e já volto.

Ela fala e se levanta e indo até o banheiro. Fico deitado na cama dela, meu Deus. Que situação, tenho que rir quando a minha vontade era de quebrar tudo. Mile está demorando demais no banheiro, me levanto e vou até a porta, bato uma vez, nada, apenas silêncio. Bato a segunda e terceira vez e mais uma vez apenas silêncio. Fico nervoso e mecho na maçaneta da porta. A porta entre abre e eu empurro com medo do pior. Quando olho para dentro, Mile está sentada no chão, com as pernas dobradas rente ao seu corpo e seus braços abraçando as pernas... Ela chora em silêncio. Olhando para o nada. Me agacho de frente com ela.