Te esqueci? Só que não.

MILENA

MILENA 

O Otávio se foi, já faz quase duas semanas e nem se quer me respondeu as mensagens que mandei pra ele. Perdi meu chão já faz alguns dias. Não tenho ido trabalhar, não tenho saído de casa, não como, tem dias que nem minha própria higiene faço. A Luiza, a Karen e a Aline vieram dormir aqui várias noites. Tentaram me animar, mas a única coisa que consigo fazer é chorar e chorar. Elas têm tido muita paciência comigo. Minha mãe está com olheiras e sua feição está triste. Claro que é por me ver assim, mas não consigo me levantar. Meu pai toda noite vem e me dá um beijo na testa e sai sem falar nada. A única coisa que faço é ouvir Malta, ele gostava da banda, por isso ouço o dia inteiro. Cada música tem um trecho que se aplica a nós dois. Como eu queria saber se ele ainda pensa em mim. Se ele sente minha falta, se ele se arrependeu. Pego meu notebook e entro no facebook, procuro por ele e vejo suas fotos. A primeira selfie dele é em San Francisco, jantando em um restaurante de comida típica brasileira, tem uma dele perto de uma ponte. Eu curto todas, e vejo uma nova, quer dizer nem tão nova assim. Uma foto de nós dois na praia, estamos deitados na areia, fazendo careta. Bem típica de casal feliz. Mas a legenda que me chama a atenção.

" Sinto falta, tanto quanto a noite sente falta do dia, o peixe sente falta da água.
Eu vou guardar cada foto de nós dois 
Pra te levar, pra onde eu for 
Vou desenhar cada linha em sua mão 
Pra te lembrar E eu sei que vou ser mais que o sol 
Como o fogo em sua pele 
Seja lá onde for, o nosso amor 
Vai ser como o sol derretendo toda neve 
Dia e noite igual eu e você 
Vou desenhar cada linha em sua mão 
Pra te lembrar. 
Eu te amo, princesa."

Fico parada vendo a foto e lendo e relendo a mensagem. As lágrimas escorrem por meu rosto. Curto a foto e deixo um comentário.

“Se realmente você sentisse tanto assim como escreve, você nem teria ido para começar "

Desligo o notebook e afundo meu rosto no travesseiro afim de abafar meu choro. Tá na hora de me reerguer, ele escreve em fotos na rede social que sente minha falta, mas se sentisse estaria aqui comigo e não tão longe. Ele ao menos tentaria me ligar, me mandaria uma mensagem. Que porra. Não posso ficar assim, tenho que seguir minha vida, assim como ele ta seguindo a dele. Pego o telefone e ligo para a Luiza e chamo ela para sair, ela fala que vai ver com o Gustavo, ligo para a Aline, ela topa logo de cara, combino de pegar um taxi e passar na casa dela pegá-la, afinal, estou saindo para beber todas e não posso dirigir. A Karen ainda não está pronta para pegar uma balada. Entendo o lado dela. Mas logo ela estará na ativa novamente, tudo ao seu tempo. Me levanto e vou para meu banheiro. Tomo um banho bem demorado. Saio do banheiro e escolho um dos meus vestidos mais curto, um tubinho preto bem ousado. Faço aquela maquiagem elaborada, típica de quem está indo para a caça. Sobrancelhas bem alinhadas, olhos bem delineados e sombra marcada de um tom que levante meu olhar, um blush discreto só para dar um ar de pessoa saudável e finalizo com um batom cor de boca com um pouco de gloss. para brilhar. Escolho um sapato prata de salto maravilhoso que comprei para ir em alguma festa com o Otávio, mas já que não terei essa oportunidade, por que não usar agora? Ele é lindo mesmo e sei que vai chamar muita atenção pela sua beleza.

Ligo para o taxi em meu quarto mesmo. Quando saio para a sala minha mãe e meu pai estão assistindo tv. Me olham chocados.

_ Vai sair filha?

Minha mãe me pergunta, minha vontade é de falar, "Não mãe, me arrumei para assistir tv" mas claro que não irei falar isso.

_ Sim, combinei de pegar uma balada com a Aline. Chamei um taxi.

Falo parada na porta da sala.

_ Huumm, que bom que decidiu sair daquele quarto. Já estava indo jogar um balde de água gelada em você.