A minha recuperação não está sendo fácil. Mas, estou resistindo. Já deve fazer dois meses que estou nessa sala. E é, mesmo, uma sala, no porão da Casa. Já consigo pisar, mas, a perna direita ficou uns seis, sete centímetros menor que a direita. Meu braço esquerdo quase não sobe, e já fui alertada que fazer força com ele pode romper o remendo na clavícula. Nestes dias intermináveis, minha vaidade foi jogada no lixo. Só uso essas batas ridículas de hospital, com a bunda à mostra, e meu cabelo foi raspado, com o pretexto de cuidar do ferimento provocado pela coronhada que me apagou na clareira.
Mas, hoje é o dia em que serei liberada para subir. E, quem diria, isso me anima.
— Oi, Raísa. — é a não-médica, novamente — Você está quase pronta para subir. Falta só um último procedimento.
— Que procedimento? Que novidade é essa?
— Os funcionários des-demitidos ficaram chateados com sua denúncia, e fizeram uma devassa nas filmagens em que você aparecia. Encontraram uma trela bastante lasciva! — breve pausa, para saborear meu medo — Rosa, hem? Uma moça bonita! Se você fosse homem, eu diria que tem bom gosto.
— E o que vocês vão fazer? Não acham que já acabaram comigo?
— Segurem-na. — e dois homens bem fortes me levantam e colocam-me no leito — Podem amarrar.
Eles o fazem, mesmo eu me debatendo e gritando. Minha força não é páreo para a deles, e temo que o remendo da clavícula não possa resistir à pressão, quando me seguram com força.
— O que vão fazer comigo?
— Nada demais. Somente vamos reduzir seus impulsos homossexuais extraindo o órgão de prazer.
O leito tem uma articulação que acompanha as pernas amarradas, quando elas são abertas. Escancarada, ouço o som de travas, e não posso mais mover as pernas. Estou completamente vulnerável e à mostra. Sinto o ar gélido do ar condicionado ressecar a pele sensível da minha intimidade.
Não paro de me debater. Grito que não, que são todos loucos!
Ela pega um alicate de unha, desses que manicures usam para cortar a cutícula.
— Não se preocupe, Raísa. Está esterilizada.
Com o polegar e o indicador, ela abre, e puxa um pouco pra cima. Sinto a pontinha do clitóris ficar à mostra.
— Se você continuar se sacudindo, em vez de um corte limpo, toda essa região do seu corpo vai ficar parecendo carne moída! Ajude-me a fazer disso o menos traumático possível.
Eu não consigo.
Estou simplesmente apavorada.
Tento ficar quieta por um instante, mas, sinto o metal gelado encostando na pele fina e sensível, e dou um pulo involuntário.
— Viu? Primeiro corte. Seu lábio esquerdo vai arder muito no banho... e toda vez que você mijar.
Já está ardendo! Contraio todos os meus músculos, tentando controlar outros possíveis espasmos. Sinto o metal gelado encostar novamente, mas tremo o mínimo possível.
E, quando menos espero, ouço o som do metal batendo contra o metal. A dor chega com atraso, quase dois segundos depois do som, mas, vem crescendo sem parar e irradiando por meu abdome, meus seios por todo o meu corpo, e minhas pernas tentam sozinhas fechar, num esforço vão de tentar me proteger. É quando eu vejo um ferro de solda, vermelho em brasa na mão dessa psicopata de bata! Ela parece querer me mostrar seus instrumentos, como qualquer torturador que se preze.
— É preciso cauterizar, agora, para estancar o sangramento.
Outra dor indescritível irradia por todo o meu corpo, e minhas pernas se contorcem a ponto de eu pensar que a junção ligeiramente torta do fêmur vai se partir. Mas, não. Com meus movimentos involuntários, algumas áreas da parte interna de minhas coxas são queimadas, também.
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Correcional
RomanceA jovem Raísa é presa sem razão aparente, julgada e condenada sem direito de defesa. A pena? Tratar-se para "curar" sua homossexualidade. Claro que ela não ficará passiva! Poderá Raísa sobreviver ao tratamento que lhe é dado? P.S. 1. Este Thrill...