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Por Alicia

Uma parte de mim ainda diz que foi doidera minha ter saído da Itália e ter voltado para o Brasil.

Eu morei aqui até meus 3 anos de idade. Vivia em um bairro nobre do Rio de Janeiro enquanto meu primo morava com meus tios em uma favela. Na época não entendia a dimensão do absurdo.

Esse ano me deu a louca e eu quis voltar para o Brasil. Demorou bastante para meu pai liberar. Ele ficou puto da vida com isso e a única ajuda que ele permitiu que alguém me oferecesse é que, de acordo com ele, eu deveria ir no Morro do Alemão e procurar pelo Fabrício.

Eu não fazia a mínima ideia de que meu primo tinha virado traficante mas algo me diz que meu pai sim. Não o via nem em fotos faz muito tempo, mal lembrava da sua existência. Mas assim que olhei em seus olhos não pude negar que conheci aquele homem de algum lugar. Ele me reconheceu primeiro, provavelmente porque era bem mais velho quando fui embora.

Alicia: eu morava no Brasil até meus 3 anos de idade. Depois me mudei para a Itália junto de meu pai e decidi voltar esse ano - falo para o tal de Alemão

A primeira coisa que pensei quando vi esse loiro foi "que cara gostoso". Mas me arrependi do pensamento na mesma hora que eu soube que ele é o dono do complexo do Alemão.

Alemão: Italiana? - pergunta com um sorrisinho - Gostei

Rio e nego com a cabeça.

Alicia: quem é aquela garota que me chamou de loira de farmácia e bateu no meu primo do nada? - pergunto rindo

Alemão: ta falando da doida da minha irmã? O nome dela é Fernanda

Alicia: entendi. Onde a gente está indo mesmo? - pergunto porque já nos afastamos bastante do lugar onde o encontrei

Alemão: ta com medo me mim, boneca? - pergunta rindo e eu reviro os olhos - Existe uma regra aqui no morro, sabia?

Alicia: qual? - pergunto erguendo a sobrancelhas e ele sorri malicioso

Alemão: uma menina só revira os olhos para mim se eu estiver fudendo ela. E você acabou de revirar os olhos para mim - diz na maior cara de pau e eu sinto vontade de bater na cara dele

Alicia: que bom que eu sou uma mulher e não menina, ou seja, mais um motivo para você me respeitar - digo séria e o sorriso dele aumenta

Alemão: qual é a da marra? Cu doce não leva a nada - pisca para mim - E respondendo sua pergunta, estamos indo para o topo do morro, onde fica minha casa

Me arrepio com a ideia de adentrar mais ainda nessa favela. Eu só posso estar ficando doida mesmo

Alicia: por que está me levando lá? E não, eu não estou com medo de você - falo antes que ele venha com essa piadinha

Não vou negar que quando ele sugeriu que transássemos eu chega pisquei mas isso não importa porque ele parece ser um belo dum idiota.

Alemão: porque você pode ficar lá ate que seu primo apareça e te leve para a dele que fica perto da minha.

Franzo o cenho com a ideia de entrar na casa dum traficante e tento não demonstrar meu desconforto.

Alemão: cortaram sua língua, foi? Eu to falando contigo

Alicia: meu primo vai demorar voltar? - ele abre um sorrisinho

Alemão: pode ser que ele se esqueça da sua existência porque está ocupado transando com minha irmã e vá direto pra casa dele.

Safado DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora