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Por Alemão

Papo reto, essa mina me deixou curioso, sem maldade.

Trouxe a Alicia para minha casa, to ligado que ela deve ta pensando que só quero transar com ela e falou, mas ela me deixou interessado real.

A mina é italiana, a voz dela já é uma gracinha, com esse sotaque então...

Vontade de jogar ela numa cama é grande.

Mas como sou de cumprir palavra, eu só me sento com ela na sala para conversar.

Peguei uma cerva já para mim pra dar uma relaxada mas a Alicia negou.

Alemão: por que desistiu de morar na Itália? — me jogo numa poltrona e ela senta no sofá com maior pose. Mina mó certinha.

Alicia: meu pai é um idiota — dá de ombros e eu ergo a sobrancelha.

Qual é, quero saber mais coisa, isso dai deu nem para o gasto.

Alemão: e...? — pergunto e ela faz careta — Conta a história inteira, boneca, to curioso — admito e ela sorri.

Sem maldade, o sorriso dela é lindo.

Alicia: ta, a história é longa, ok? — assinto com a cabeça e ela suspira — Minha mãe e meus pais moravam em uma cobertura em Copacabana, alto padrão de vida. Os pais do Fabrício já moravam aqui no morro e eu não entendo porque meus pais nunca os ajudaram financeiramente, nada contra, mas querendo ou não isso é uma favela — dou de ombros pelo seu comentário porque sei que não está mentindo e nem fala por mal. To ligado que geral que mora aqui, preferiria viver num bairro todo certinho — Ta, mas voltando ao assunto, minha mãe engravidou e bla bla bla. Gravidez deu tudo certo, chegou na hora do parto e ela teve uma parada cardíaca, resumindo eu nasci por uma cesária de emergência e minha mãe morreu. — ela fala tudo naturalmente e eu fico na minha, sei lá, vai que a mina ta foda-se para isso? Tem umas galeras que são assim — Meu pai nunca disse diretamente que me culpa pela morte dela, mas sei que por dentro ele sente isso. Marcos sempre foi um idiota comigo em todos os sentidos, mas nunca deixou de me dar alimento, educação, essas coisas ai... minha mãe, tinha uma casa  a Itália, meu pai nunca me respondeu o porquê e eu desisti de tentar saber. Ta, ai eu completei meus 3 anos, tudo sobre controle, meu pai deu a louca de ir para a Itália. Ninguém o impediu e como eu era bebê, mal me fez diferença. O Marcos continuou sendo o babaca de sempre até que eu cansei de conviver com ele e quis voltar para o Brasil. Foi quase 6 meses de briga até que ele disse "dane-se, vai e dá teu jeito para sobreviver". No começo fiquei feliz mas depois vi como a ideia era absurda, e, como eu adoro quebrar minha cara, dei a louca e vim mesmo assim. A única coisa que Marcos me disse é que eu deveria vir no Morro do Alemão atrás dum FM. Quando ele me disse não sabia que era o Fabrício, tinha anos que não nos víamos e eu nem me lembrava dele já que saí daqui quando neném. Ai o resto tu sabe — deu de ombros.

Fiquei uns segundos encarando ela. História mó confusa, altas coisas sem o mínimo sentido mas senti firmeza no que ela disse.

Só peço a Deus que ela não seja da máfia Italiana

Alemão: ok, você ganhou o prestígio de poder me chamar de Gregory ou Grego — brinco e ela sorri já sabendo a resposta da minha pergunta.

Escolhi confiar nela

Alicia: e você? Tem família ou ta perdido no mundo igual eu? — pergunta rindo e eu fico de cara.

A mina leva os papo tudo na brincadeira, gostei.

Alemão: tenho minha mãe e minha irmã só. Elas também moram nessa casa, mas minha mãe está resolvendo uns negócios e vai passar uns dias no asfalto — dou de ombros e ela olha em volta

Alicia: essa casa é linda

Alemão: to ligado — digo rindo e ela sorri

Ela começa a me contar uns bagulhos sobre a Itália e poha, mina simpática do caralho. Quando fui ver já tinha passado horas e nós dois batendo lero.

Alemão: vou beber água, quer também? — digo me levantando da poltrona

Ela chegou hoje de viagem e disse que estava cansada e tals, nessa brincadeira acabou deitando no sofá e largando pra lá a pose perfeitinha.

Alicia: não, obrigada

Vou para a cozinha. Encho um copo e bebo água, tava com uma sede no caralho. Aproveito para dar uma olhada no meu celular e nada do FM e a Nanda aparecerem.

To pagando para ver essa garota me aparecer grávida.

Caralho, eu dou um surto de felicidade se isso acontecesse. 

Volto para a sala já falando.

Alemão: boneca, teu primo sumiu — digo rindo mas ela não responde.

Caminho até o sofá e vejo que ela dormiu.

Puta merda, mina gostosa do caralho, fica linda até dormindo.

Alemão: porra, Alicia — digo comigo mesmo.

Seria maldade acordar a garota, ela estava cansada pra porra. Mas também não vou deixar ela dormir aqui em casa, muito menos no sofá.

A porta abre e o casal entra.

Alemão: até que enfim, caralho. Fizeram meu sobrinho ou uma nova geração inteira? — resmungo e eles só riem mesmo.

Bando de sem vergonha na cara.

Não julgo porque faço pior.

FM: trouxe a Alicia pra cá, sério? — pergunta olhando para o celular.

Eu dou dois passos para o lado e só ai os dois vêem ela dormindo no sofá.

Nanda: espero que você não tenha drogado ela — faço careta

Alemão: ficou doida?

A Nanda caminha até a Alicia e depois se vira para nós dois de novo.

FM: leva ela para um quarto — nego com a cabeça

Alemão: ela não vai dormir aqui

Nanda: vai dormir onde, então?

Alemão: na casa do FM, ele que é o primo dela — dou de ombros e ele bufa

FM: vou levar ela para o quarto de hóspedes. E eu não to pedindo — diz na maior marra

Foda-se também. Já ta tarde e amanhã eu vou trampar cedo.

Subo as escadas para ir pro meu quarto sem nem dar tchau para eles.

To cansadão.

Safado DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora