Capítulo 28- Mostarda para cabelo

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Durante o jantar contei a meus pais e irmão sobre o que havia acontecido no ônibus, escondendo a parte de termos saído um pouco tarde de casa por conta da minha "saidinha" com Piter.

-Levaram algo de vocês? -pergunta meu pai preocupado.

-Não -digo arrogante.

Não finja-se de preocupado pai, a pouco ignorou-me totalmente.

-Que sorte a de vocês! -declara Matheus.

-Sorte? -ironizo- Estávamos num ônibus que foi "assaltado", ficamos nervosas e assustadas, Bruna chorou, e ainda chama isto de sorte?!

-Sim, não levaram-lhe nada -argumenta.

-Nada material! Mas isto vai ser difícil de esquecer... -atiro.

-Mas você está bem, isso é o que importa -diz mamãe sorrindo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Observo meu prato que ainda nem toquei, percebo mamãe também o observando.

-Não comeste nada -comenta mamãe.

-Não estou com fome -digo.

-Nos últimos dias, nunca está -observa.

-Hã... Talvez seja porque ando comendo fora dos horários -minto.

-Não ficou para o almoço hoje -diz Matheus.

Oh merda, não sabe ficar calado?!

-Comi um lanche com a Bruna quando estávamos lá, não se preocupe.

Meu pai passou o resto jantar calado. Eu também. Comi um pouco do meu jantar, pois não quero ouvir mais reclamações.

Lavei a louça e quando estava subindo as escadas...

-Amanda! -chama-me mamãe.

-Sim?

-Estás roupas... hã. .. Como planeja paga-las? -interroga mamãe visivelmente preocupada.

-Oh, esqueci-me de contar! -digo- Bruna me presenteou, pois disse que eu ajudei bastante.

-Espero bem!

-Ok -disse e voltei para pegar as bolsas.

Quando passei pelo quarto do meu irmão observei que a porta está aberta, e que ele está tomando um duche. Decido pôr o meu plano em prática, quer dizer... o de Piter. Levo as bolsas a meu quarto.

É agora ou nunca, Amanda!

Vou correndo até a cozinha, pego na mostarda e subo rapidamente, na esperança que ainda esteja no duche.

Paro na porta de seu quarto. Observo o território inimigo. Entro cuidadosamente sem fazer nenhum barulho. Vejo o seu "gel" de cabelo e vou até lá. Eu sei que ele o usará daqui a minutos, pois planeja sair.

Ponho um bocado da mostarda no pote e saiu correndo em direção a meu quarto.

Quando ouço Matheus saindo do banheiro, deito-me por baixo das cobertas e fecho os olhos para dar a entender que estou dormindo. Silêncio.

-Onde pus... -ouço Matheus falar no outro quarto-...estava bem aqui!

Imagino-o olhando em volta do quarto, até perceber o pote logo encima da sua cama, onde o tinha deixado.

-Que merda é está...? -começa Matheus- AMANDAAAA!

Rio tão alto que posso jurar que até mesmo Piter está ouvindo na casa ao lado. Não consigo parar de rir, levo as mãos a minha barriga. Não estou conseguindo manter meu "disfarce", todos já sabem que estou acordada.

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