Capitulo 5

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Após o almoço, fiquei no meu quarto tentando analisar toda a situação. Achei


absurda a visita do padre Antônio, que apenas repetiu parte daquilo que eu já sabia, só


que com palavras um milhão de vezes mais complicadas: que a sociedade não aceitava o


meu gosto sexual e que, na insistência desse desejo, seria condenado por Deus.


No fundo, a visita dele me serviu para duas coisas. Primeiro, foi conversando com


ele que percebi que o aparelho de som da sala - presente dos meus pais no último Natal -


havia se quebrado. Segundo, eu não sabia que era proibido a um homossexual receber a


hóstia.


Novamente pensei nos meus pais. Seria certo colocar os meus sentimento acima


de tudo? Mas então não adiantaria mais nada. Já tinha falado. Era um caminho sem volta.


E meu pai? Como será que ele estava? Será que iria querer me bater de novo?


Acho que não. Ele estava muito nervoso.


E o Renato? Como será que ele estava? E na casa dele, será que tinha dado tudo


certo? Como será que tinha sido? Eu não podia telefonar para ele de casa. Minha mãe


poderia ouvir na extensão e não gostar. Aliás, nem de um orelhão poderia ligar, pois se a


mãe dele atendesse, eu nem sabia o que iria falar. Que merda!


As horas foram passando e eu não agüentava mais ficar trancado no quarto.


Resolvi descer. Eu precisava de ar para respirar. Minha mãe estava lavando a louça na


cozinha com o rádio ligado e nem me ouviu descer.


Fui para o quintal, que ficava ao lado da cozinha. Sentei-me no chão e, encostado


na parede, fiquei pensando no Renato e nas loucuras que havíamos feito no último fim-


de-semana.


Da cozinha já não se ouvia barulho nenhum. Pelo arrastar de uma cadeira, dava


para imaginar que minha mãe estava sentada à mesa. O silêncio da casa só foi quebrado


quando meu pai chegou, e foi aí que me toquei que não deveria ter descido. Voltar para o


quarto sem que eles me vissem seria impossível, pois a velha escada de madeira iria me


delatar. Meu pai chegou calmo, beijou minha mãe e também sentou-se à mesa. Nessa


hora eu tinha medo até de respirar para não fazer barulho. Então meu pai perguntou para


minha mãe:


- E aí, Ana, como está o rapaz?


Minha mãe respondeu que eu estava bem e que não tinha ido ao colégio.


Imediatamente meu pai exclamou: Graças a Deus ele não fugiu! Fiquei espantado com a


afirmação dele. Nunca me passou pela cabeça fugir de casa. Eu não teria para onde ir.


Nesse momento, meu pai começou a desabafar com minha mãe:


- Sabe, Ana, eu tenho muito medo de toda essa história. O mundo não foi feito

Eterno Amor (romance bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora