capítulo 6

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Que ansiedade! Cheguei ao colégio uma hora antes de horário de entrada, já

haviam se passado trinta minutos e ele ainda não tinha chegado. A minha vontade, ao vê-

lo, era de sair correndo e dar um puta abraço nele. Imagina se eu fizesse isso, a bosta que

ia dar. Também não seria legal ficar no portão. O pessoal iria passar a perguntar se eu não

iria entrar ou quem estava esperando. Mas tudo bem. Só não queria encontrar a Beatriz,

não estava com saco para jogar conversa fora com ela.

- Marcus?

Quando olhei para trás eu não acreditei.

- Carlos? Você aqui! E o Renato?

Quando ele pediu para que o esperasse voltar da secretaria, percebi que nada

estava tão bem assim.

A angústia que eu sentia ao esperar o irmão do Renato voltar fez com que pouco

minutos se transformassem em horas. Já estava quase indo atrás do Carlos, quando ele

voltou.

- Marcus, vamos conversar em outro lugar. O carro está logo ali.

Entramos no carro e paramos a poucos quarteirões do colégio, numa rua pouco

movimentada.

Nunca tive muito contato com o Carlos. Ele devia ter mais ou menos vinte e seis

anos e estava noivo. Isso era tudo o que eu sabia dele.

Por diversas vezes esperei que Carlos começasse a falar, mas ele estava agitado

demais para isso. Com certeza não sabia como começar, então eu o ajudei:

- Carlos, estou mais nervoso que você. Por isso, respire fundo, cara, e se acalme

para que possamos conversar.

Ele tentava relaxar quando eu falei:

- Carlos, pelo menos me diga se o Renato está bem!

Acendendo um cigarro, ele falou:

- Agora ele está bem, Marcus.

Ele continuava travado, então falei abertamente:

- Olha, Carlos, se faz mal a você conversar comigo, tudo bem, cara. Eu só quero

saber de você como faço para falar com o seu irmão. Se ligar para a sua casa, consigo

falar com ele?

Finalmente ele começou a falar:

- Você interpretou tudo errado, Marcus, não tenho nada contra você. É que apesar

de ter sido sem querer, tenho vergonha do que aconteceu no fim-de-semana em casa.

Respirou fundo e continuou.

- No Domingo, Marcus, as coisas ficaram muito feias em casa. Ele e o meu pai

brigaram. O Renato está internado no hospital. O meu pai não iria machucar o próprio

filho. Foi muita confusão. Ele estava muito nervoso e acabou acertando sem querer a

barriga do Renato com uma faca de cozinha.

Eu não acreditava no que estava ouvindo. O que fizeram com a pessoa mais

importante da minha vida?
Com as mãos no rosto e com a cabeça quase sobre o colo, eu tentava controlar o

Eterno Amor (romance bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora