Na semana logo após o Natal, agitamos com os nossos pais uma viagem para o
litoral norte de São Paulo. Eu e Renato queríamos passar o Ano Novo sozinhos num
hotel. Mas para isso precisaríamos de grana, e eu não queria mexer na minha poupança
novamente. Também minha mãe teria que deixar o carro dela com a gente. No início, eles
hesitaram um pouco. Primeiro disseram que os meus avós ficariam chateados. Depois,
que não conseguiríamos reservas num hotel em cima da hora. E, por último, como
faríamos no hotel para que ninguém percebesse nada? Respondi a eles que nós ficaríamos
num apartamento com duas camas de solteiro, ou seja, dois amigos passando o Ano Novo
juntos. Disse, também que já havíamos feito contato com um hotel em Boiçucanga, e que
ainda era possível reservar um apartamento pagando um pouco a mais pela diária. Na
verdade esse 'um pouco a mais' representava quase o dobro da diária, mas achei melhor
não contar nada a eles.
Antecipando-se a meu pai, minha mãe disse:
- Você pensou em tudo, não é Marcus? E quanto aos seus avós? Você sabe que
eles gostam de ver a família toda reunida em Jundiaí para a passagem de ano.
Meu pai quase não deixou minha mãe terminar de falar dizendo que o problema é
com o seu Francesco eles resolveriam. Percebi que ela ficou surpresa com a atitude dele.
Acho que era a primeira vez que meu pai não estava ligando muito para o que meu avô
iria pensar.
Antes de sair da sala, ela disse que eu poderia fazer as reservas e depois dissesse a
ele quanto em dinheiro iria precisar.
Meio inconformada com a decisão do meu pai, minha mãe subiu as escadas logo
atrás dele, mas esperou que chegasse à suíte para questioná-lo. Eu também subi e, com o
ouvido na porta, escutei o que eles diziam:
- Ana, nós sabemos que o problema maior não é o seu pai. Nada na vida é eterno.
Este ano é o Marcus que não poderá estar presente na festa. No ano que vem, poderá ser
outra pessoa, e assim a vida continua. Eu mesmo me encarrego de inventar uma história
qualquer para o seu Francesco.
- Sei que você está certo, Giorgio. Mas me incomoda saber que o nosso filho, que
só tem dezesseis anos, vai ficar com um rapaz alguns dias num hotel. Já parou para
pensar no que pode acontecer?
Ligeiramente alterado, mas com a voz firme, meu pai disse:
- É óbvio que já pensei, Ana. Só que é impossível querer controlar uma situação
como essa. É como tentar impedir que as ondas se quebrem na praia. No fundo, Ana,
estou tentando ser digno dentro da lama.
Minha mãe suspirou fundo, e meu pai continuou a falar:
- Outra coisa, Ana. O Marcus já vai fazer dezessete anos e o rapaz com quem ele
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Eterno Amor (romance bissexual)
RomanceEterno Amor, fala de amor, de paixão e de liberdade. Reflexivo no final, acredito que sua leitura, indicada para todo segmento da sociedade venha contribuir de forma positiva para o fortalecimento do respeito a que todo ser humano tem direito.