capítulo 12

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Quando acordei era noite. Me levantei da cama e fui acender a luz do quarto, já

que a única luz acesa era a de um abajur muito pequeno que quase não iluminava nada.

Tanto eu quanto o lençol estávamos muito sujos de ketchup e mostarda, sem contar as

sobras de pão, carne, queijo e latinhas vazias de cerveja que se espalhavam pela cama e

pelo chão. Estava sozinho e, antes de ir tomar banho, ainda procurei algum bilhete

deixado pelo Renato. Como não encontrei nada, fui para o banho. Não fazia dez minutos

que eu estava debaixo do chuveiro quando a campainha tocou. Inutilmente gritei que a

porta não estava trancada, mas acho que não dava para Renato ouvir. Ainda ensaboado e

puto da vida fui atender à porta:

- Você é foda, Rena... Beatriz!

Pedi a ela que entrasse e voltei correndo para o banheiro. Apesar de ter feito o

'tipo envergonhado', na verdade eu gostei muito de ela ter me visto nu.

Terminei meu banho e de short fui para o quarto.

- Tudo bem, Beatriz?

- Tudo bem, Marcus.

- Desculpe ter atendido a porta daquele jeito. Eu pensei que fosse o Renato.

- Não se preocupe não, Marcus. Aliás, você... deixa pra lá.

- Pode falar, Beatriz.

- Eu ia dizer que você tem um corpo muito bonito.

Sem saber o que responder, disse um solene 'obrigado' e a convidei para tomar

cerveja na varanda.

- Aceito, Marcus. Mas você vai deixar o quarto desse jeito?

Realmente o quarto parecia um chiqueiro. Uma das camas, então, dava até nojo de

olhar. Além de toda a sujeira, nossas mochilas ainda estavam abertas no chão, dando uma

certa impressão de maloca. Por sugestão dela, liguei para a recepção e pedi que viessem

trocar os lençóis e dessem uma ordem no quarto. Antes de irmos para a varanda, deixei a

porta aberta para que o pessoal da limpeza pudesse entrar sem nos incomodar.

Estava claro para mim que não deveria me imaginar transando com a Beatriz. Mas

eu não consegui deixar de pensar nisso. De uma forma meio animal, ela me atraía. Se o

Renato soubesse dos meus pensamentos, com certeza ele não entenderia que foram as

histórias dele com ela que me deixaram com esse desejo estranho. E isso com certeza não

tem nada a ver com o amor que sinto por ele.

- Eu vou voltar para São Paulo amanhã, Marcus. E vim até aqui para me despedir

de vocês.

- Eu acho que entendo o que você deve estar sentindo, Beatriz. Só que esse tipo de

assunto entre a gente é... muito difícil. Eu sou suspeito para lhe dizer qualquer coisa.

- Eu sei o que você quer dizer, Marcus. Numa situação normal, nós nem

Eterno Amor (romance bissexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora