PREFÁCIO

315 17 0
                                    

- "Não façam barulho, e nem se movam, fiquem quietos pelo amor de Deus". Diz José aos sussurros para não chamar atenção da coisa medonha que estava a alguns metros de nós próximo ao silo. Lentamente, nos abaixamos no mato e ficamos apreensivos morrendo de medo que algo nos acontecesse. Cecília estava desesperada suando frio e chorando baixinho. "Não quero morrer, eu não quero, vamos sair daqui", ela dizia tremula com a imagem da criatura infernal que parecia nos farejar no ar, ficando sobre duas patas e soltando grunhidos como de um porco selvagem. Aquela coisa voltou a ficar de quatro, e correu para o lado oposto do nosso, oque nos trouxe um certo alivio, pois aquilo que parecia nos caçar, agora estava indo embora. "É a nossa chance, vamos sair daqui, corram pra camionete", diz José se levantando num pulo e nos guiando até a sua caminhonete vermelha que estava logo a alguns metros de nós.
Cecília ainda estava em estado de choque, meu irmão Pedro com o olhar longe como se ainda não estivesse acreditando, soltou um longo suspiro e finalmente voltou seu olhar para nós enquanto José dirigia na estrada de terra cercada pela escuridão e por um terrível matagal. "Eu acho que não há mais duvidas sobre as suposições dos cidadãos, não é somente uma lenda, é de fato um..." Enquanto falava, o som da voz de Pedro foi interrompida por uma brusca freada da caminhonete, e logo a frente de nós, a besta da noite estava ali no meio da estrada, pronta para atacar nós três. Sua aparência era grotesca, os faróis iluminavam aquele maldito monstro, que soltava grunhidos altos, antes era algo apenas escuro como um vulto no mato, mas agora podíamos ver aquela face horrenda com focinho de porco e orelhas de cachorro, afiando suas garras as raspando no chão levantando poeira. O desespero tomou conta da cabine, e mesmo em meio aos nossos berros, José agiu rápido e arrancou com tudo para cima da besta fera, que sem exitar, saltou em cima da cabine.
"EU NÃO QUERO MORRER, EU NÃO QUERO MORRER" gritava cecília com as mãos na cabeça tentando evitar contato visual com oque estava ali agarrado aos vidros da frente tentando quebra-los para entrar. Somente um milagre poderia nos livrar daquilo, e incrédulo quanto a nossa sobrevivência, apenas fechei meus olhos e abracei Cecília na patética intensão de protege-la, mas no fim ambos sabíamos que não haveria como se defender daquele ser infernal...

A BESTAOnde histórias criam vida. Descubra agora