CAPÍTULO 3: SÓ SE FALA NISSO AGORA

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"Você parece ter ficado em choque Josué do Egito" diz Cecília me dando uma cotovelada no ombro. "Ah, você acha mesmo que acredito nessas merdas folclóricas? Mano, esse velho deve estar mentindo." Respondi.

"Não sei o que dizer, cresci ouvindo esses relatos na minha cidade natal no Mato Grosso, então sinceramente a forma que ele contou me passou verdade, mas...pode ter sido outro tipo de animal, assim como está acontecendo com o Chico" disse Ceci. Na real, eu fiquei com um certo medo mesmo, mais duvidas e curiosidades no assunto do que medo aliás, pois as últimas palavras do velho me deixou um pouco apreensivo "pode ser que a gente vai tê problema com um aqui também", essas palavras me fizeram gelar, mas não tinha motivos, já que essa coisa de lobisomem não passava de uma piada para mim.

Meio dia, já era a hora de ir almoçar e eu precisava passar na casa do Francisco (Chico) e ver como ele estava, logo atrás de mim veio Ceci ajeitando seu cabelo se olhando na câmera frontal de seu iPhone, pois havia acabado de tirar a touca ridícula que usamos para trabalhar.

Víamos sempre umas pessoas cochichando e mostrando o celular umas para as outras, e dava para ouvir nitidamente alguns dizendo, "tão falando por ai que uma besta fera tá solta nas fazendas, tomara que não venha pra cidade". Era só no que se falava. A tal história do lobisomem estava sendo bem comentada, para minha surpresa, pois eu estava sem um telefone decente, e não fazia a mínima ideia do que estava se passando nas redes sociais. "Ai meu Deus, Josué olha isso aqui..." disse Cecília quase enfiando o celular na minha cara. "Aumenta o brilho ai que não tô vendo nada" eu disse apertando bem os olhos, pois oque parecia ser um video, estava muito ruim de ver devido a claridade. "Vem aqui pra sombra e olha bem isso", "meu Deus cara, que porra é essa?" Eu disse com a mão na boca sem acreditar no que estava vendo ali. Era um video feito por um vigilante noturno da fazenda do Chico. Nele, o vigilante grava uns sons estranhos vindo de longe na mata, então ele se esconde atrás de uma árvore e filma um vulto negro passando rápido que ficou sobre os dois pés farejando o ar. Então o flash da câmera dele estava ligado e isso chamou a atenção da coisa no vídeo, que após alguns segundos veio correndo atrás dele de uma forma muito bizarra. Minutos depois recebemos a notícia de que o vigilante desapareceu, e foi achado apenas o seu smartphone com esse vídeo.

"Ceci, oque diabos foi isso? Esse vigilante ia sempre ia comprar pão lá com a gente lembra?" Minha voz estava trêmula e meus lábios secos, pois foi assustador aquilo. "Mano, eu não sei, mas da noite pro dia essa cidade começou a ficar sinistra com essas histórias, vamos lá no Chico falar com ele".

Ainda assustados com oque vimos, fomos em silêncio até a casa do Chico, e chegando lá tocamos o interfone de sua casa. Francisco morava em uma casa enorme, era a mais bela da cidade e ouso dizer da região, porém a casa de tão grande se torna maior ainda devido o vazio que faz com a ausência de Rogério, seu filho, e meu melhor amigo. Nunca tive muitos amigos, e atualmente eu tenho apenas Ceci próxima de mim, mesmo amando ela, sinto falta de meu amigo, era muito bom poder descer para as cachoeiras com ele, e andar a cavalo na fazenda de seu Pai, o Chico. Tocar aquele interfone me trouxe uma série de sentimentos, pois fazia muito tempo que eu não entrava alí. Uma voz firme atendeu o chamado do interfone, "Olá pois não?" Disse a voz. Não era Francisco.

"Abre aí o portão Léo, aqui é a Cecília, tô com um amigo aqui". "Ah, caraca, Ceci, a quanto tempo menina, entra ai." Disse o tal filho mais velho do Chico, com um sotaque caipira arrastado de dar nojo. Como assim ele também chama a Cecília de Ceci, só eu chamo ela assim, mas não havia tempo para sentir ciúmes, estava apreensivo demais para isso. Ao ouvirmos o click do portão abrindo, o empurramos e passamos pelo grande portal, e subimos as belas escadarias que levava até a porta blindex da entrada. Léo estava na sala sentado vendo TV e comendo oque parecia ser uma cochinha de frango assado, e não pude deixar de notar aquele cheiro de pequi enchendo a casa. Ele nos convidou para almoçar mas recusamos, então ele limpou a ponta dos dedos na calça jeans, e deu um abraço na Ceci, eu explodiria de raiva, mas eu só queria falar com Francisco e saber como estão as coisas.

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