Quando descrevemos histórias extraordinárias, as pessoas se questionam como elas aconteceram, como coisas tão inacreditáveis ocorrem? Como elas se iniciam? como terminam? E a resposta é simples: Tudo começa da maneira mais comum possível, não espere neste relato que irei lhes contar um começo cheio de mistérios ou algo do tipo, na realidade, eu estava tendo apenas mais um dia rotineiro e tedioso, indo a droga do meu trabalho ouvindo musicas no meu fone de ouvido, caminhando nesta cidade monótona do interior que tanto digo a mim mesmo que um dia irei me mudar. A propósito, me chamo Josué Fernandes, eu sei que meu nome é uma droga e parece me adicionar mais 60 anos, mas tenho apenas 19, Pedro Fernandes meu irmão mais velho por outro lado, tem um nome até legal, e claro que não foi meu pai que escolheu e sim minha falecida mãe. É, somos órfãos de mãe, mas isso fica para outro momento, deixe-me voltar a contar sobre a porra do meu dia.
Minha cidade se chama Santa Helena, uma pequena cidade no interior de Goiás, embora muitos pareçam estar super satisfeitos em viver aqui, eu sempre pensei a frente dessa gente toda, e nunca fui feliz e completo aqui, porém um jovem de 19 anos ainda não formado e trabalhando numa padaria não tem muitas opções. Aquela manhã acinzentada de quarta-feira não estava muito diferente das demais, mesmos rostos, mesmo trajeto, porém uma coisa me chamou atenção. Todos os dias no mesmo horário eu vejo a caminhote do Francisco da Silva chegando em sua casa que ficava a algumas quadras de meu trabalho, diferente daquela manhã, ele não estava lá, "ele deve estar na fazenda ainda" pensei comigo, me questionei justamente pois todos os dias por 2 anos seguidos eu era acostumado a passar de frente a casa dele e dizer o famoso "opa, bom dia", sentindo àquele cheiro de estrume nas rodas dos pneus de sua caminhonete D20 velha na cor azul marinho, que já estava desbotada e bastante arranhada. Mas Francisco naquela quarta-feira não estava lá. Francisco é um homem muito conhecido na cidade por ter ganhado na loteria quando era mais jovem e gastou grande parte de sua fortuna com sítios e fazendas, terras que traziam um bom lucro pra ele e gerava empregos também de certa forma. Ele era bem próximo de minha família, e sempre que posso, falo com ele, mas faz muito anos que não entro em sua casa, mas isso também fica para outro momento.
Mas, mesmo achando este fato de não ver Francisco estranho segui meu caminho pelas ruas extremamente sem graça do bairro, na verdade, nesta época do ano, a úncia beleza nesta cidade são as árvores ipês, que possuem flores de extrema beleza com suas cores exuberantes. Então foquei todo o trajeto as admirando ao som de
Quando eu estava quase chegando na entrada do trabalho, comecei a ouvir um som de arrancada de motor velho e aquele som que parecia um assobio estrondoso que era emitido na troca de marcha do veículo. Era Francisco, dessa vez com alguém na carroceria da velha D20, um homem jovem, aparentava ter a idade de meu irmão mais velho, o Pedro. Eu chutaria uns 25 anos. Ele estava segurando dois cachorros grandes e negros, bem bonitos aliás, que estavam encoleirados. Eu acenei para Francisco que nem sequer me notou, mas o homem na carroceria mesmo sem me conhecer acenou com a cabeça na tentativa de não me deixar no vácuo, porém sua expressão era de preocupação. Sou bem analítico quanto a aparência das pessoas, sei quando alguém não está bem, e aquele jovem me parecia muito sério, mas oque me fez concluir isso foi a feição de Francisco enquanto dirigia, pois ele estava praticamente frizado, olhando fixamente pra frente ignorando completamente meu aceno.
Mesmo sem entender nada, entrei para dentro do trabalho. "Talvez tenha acontecido algo, não conheço aquele jovem", sussurrei para mim mesmo enquanto me dirigia para o banheiro. Ali fiquei alguns instantes arrumando meus cabelos para colocar a minha touca de padeiro, colocando meus cabelos castanhos lisos meio ondulados para trás. Dei uma longa olhada para minha cara sem graça de frente ao espelho e me questionei novamente por alguns segundos se eu realmente precisava deste trabalho. "você acabou de comprar um novo smartphone e foi dividido em 12x então, você precisa trabalhar" dizia meu Eu interior jogando na minha cara que eu precisava estar ali.
Então me dirigi para a cozinha à assar algumas quitandas. A padaria se chama Pão Nosso, um clichê neste ramo de negócio por aqui, e claro, os donos eram crentes, evangélicos, cristãos, tanto faz, só sei que dê religiosos não tinham nada, já que meu salário sempre atrasava, mas sempre os via falando sobre ofertas para campanhas na igreja e etc, ofertas que as vezes eram bem altas, mas que se dane os funcionários neste caso, afinal faziam isso em nome de Deus. Aliás, eu não era adepto a crenças, nunca fui religioso, e sempre deixei isso bem claro para todos. Sempre fui muito incrédulo, quando viam me contar algo sobrenatural ou algum milagre, eu logo virava os olhos. Mas, a parte sobrenatural sempre me fascinou, mesmo não acreditando, mas tudo isso estava prestes a mudar naquela quarta-feira.
Aqui na padaria é bem puxado as vezes, mas é uma padaria com como as demais aqui na cidade.
Asso todo tipo de quitanda aqui, mas sempre fico no balcão atendendo também. Todas as manhãs tenho um motivo a mais para não deixar essa cidade, Cecília, a sobrinha do dono, eu tenho uma quedinha por ela, não queria usar essa palavra, mas digamos que ela seja minha crush desde que entrei aqui. Ela está sempre comigo no balcão, nós dois de toucas, ridiculamente trajados com um uniforme laranja com preto sorrindo para as pessoas (mesmo que forçados), pois esse era o lema de nossos patrões (e tios de Cecília), "um sorriso pode mudar o dia", e os crentelhos tinham razão, pois mesmo forçado, o sorriso de Cecília me incentivava a estar ali no balcão sempre ao invés de sair para assar pães. Cecília tem cabelos ruivos, pintados, não eram naturais, mas pareciam ser de tão bem cuidados, e seus olhos escuros, davam um contraste muito lindo com sua pele branca como leite. Talvez meus dois anos ali fossem bem mais longos se não fosse por ela. Mas, tínhamos uma amizade linda demais, e uma parceria incrível no trabalho, e sempre encobriamos as cagadas um do outro.
"Bom dia Josué do Egito", diz ela em tom de deboche enquanto me vê indo ao balcão organizar as recém assadas roscas. "Porra Ceci, eu que não sou crente sei que é José e não Josué do egito", digo retrucando a piadinha da ruiva. "Haha, só quis encher seu saco, mas e aí, já tá sabendo?", "Sabendo do que?" Pergunto para Ceci me apoiando em sua cadeira para me levantar de onde eu estava agachado.
"Ah, esqueci que você está sem telefone" diz Ceci revirando os olhos com uma expressão de surpresa. "É, o que eu comprei chega semana que vem, estou com esse tijolão aqui apenas, mas qual é a nova? Nudes de quem dessa vez?"
"Hum, poderia ser da Jéssica aquela vaca, queria rir dos peitinhos horríveis dela, mas não foi dessa vez, na verdade envolve o Francisco, vou te mostrar as fotos" diz Cecília pegando em seu iPhone e abrindo a pasta do WhatsApp. "Olha aí, muito estranho mano, os animais do Francisco foram quase todos estrassalhados e alguns até devorados, recebi ontem a noite essas fotos e fiquei assustada" enquanto Ceci falava soltei um suspiro de surpresa e fui logo dizendo, "então é isso, por isso ele estava daquele jeito quando passei por ele agora a pouco".
"Daquele jeito como? Você viu ele?", "Sim, como de costume, embora não o tenha visto em sua casa como sempre, ele acabou de passar com um cara na carroceria segurando uns cães" respondi. "Ah, você viu o Léo, filho do Francisco, aquele gato, pena ser hétero top demais, não faz meu tipo" disse Ceci dando um sorrisinho meia boca me fazendo virar os olhos e dar de ombros, para tirar mais uma formada que estava pronta no forno. Acho que nunca vi imagens tão feias, fazia tempo que não via esse tipo de coisa, pois sempre evito ver imagens de pessoas mortas ou animais, e sempre bloqueio esse tipo de conteúdo. Eram vacas abertas as barrigas, com os intestinos para fora, cabras e porcos esquartejados, uma cena terrível. Mas oque poderia ser aquilo? A curiosidade seguido de preocupação me tomou, e estava determinado a passar lá no almoço a fim de buscar saber o que houve.
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A BESTA
HorrorJosué Fernandes vive uma vida super comum em uma pequena cidade no interior de Goiás, onde começa receber relatos de animais mortos de maneira sinistra levando as pessoas a se questionarem oque pode estar acontecendo. A curiosidade de Josué e seus a...