Quando vi Pedro mostrar o livro para mim, meu sangue gelou instantaneamente. Era muito familiar aquilo, pois eu havia acabado de ver um semelhante com José, agora estava vendo outro exatamente igual nas mãos de meu irmão. Meu pai ficou assustado da forma que Pedro entrou pelo portão e o delegado logo ao ver o livro nas mãos dele, correu em nossa direção. "Guarde já isso, e vamos para dentro." Disse José, olhando para os lados para ver se havia mais alguém por ali.
"Onde você conseguiu isso, filho?" perguntou o delegado. "Eu fui até a fazenda do Chico fazer um serviço rápido, e como eu já tava desconfiado dele a um bom tempo, aproveitei a oportunidade para investigar ele, mas não esperava encontrar isso lá e nem ver as coisas que vi dentro da casa dele". Respondeu Pedro super nervoso. "Meu filho, Pedro porque você diabos foi entrar na fazenda do Chico e pegar esse trapo ai, não ensino essas coisas pra vocês não." Disse meu pai com uma expressão de raiva. "Pai, o Chico não é a pessoa boazinha que ajudou a gente no passado, como você pensa. Eu vi com meus próprios olhos o que ele mantém debaixo do casarão". Respondeu meu irmão.
"Meu jovem, eu nunca poderia imaginar que o Chico teria o Livro da Capa Preta, por favor, me descreva o que você viu". Disse o delegado. Eu simplesmente estava ali parado sem entender nada, impressionado do quanto nós nos envolvemos de maneira tão rápida nisso tudo. "Eu dei um jeito de entrar despercebido no casarão, e num cômodo abaixo de uma escadaria eu achei uma passagem secreta que dava diretamente a outro cômodo escuro, onde tinha o que parecia ser um altar, com muito sangue, vi correntes, restos de animais, e também...este livro". Descreveu Pedro.
"Minha nossa, já faz 5 anos que eu estou nesta cidade, conheci Chico quando me envolvi no caso da busca de Rogério. E em todos esses anos nunca desconfiei de nada, o que me faz muito sentido agora. Chico está envolvido no desaparecimento do próprio filho, ou quem sabe até na morte dele". Disse José. Eu senti aquele aperto no coração ao ouvir o nome de Rogério, e imaginar Francisco sendo o autor de tudo isso, me fazia tremer. Eu já estava com o estômago enjoado e com náuseas. "Quer dizer que...você acha que..." Indaguei enquanto me sentava no sofá para recuperar o fôlego,
"Olha, há grandes chances do Chico ser o lobisomem, e toda essa história de ataques na fazenda dele serem apenas obra dele mesmo para ele culpar alguém". Disse José se sentando também no sofa. "Acho que não, porque não vi nenhum ferimento nele, nenhuma faixa, e ele parecia estar com o braço super saudável". Disse Pedro. "Mas que merda é essa que vocês estão falando? É sério isso de lobisomem? vocês estão dando corda para esses boatos, até você, delegado?" Disse meu pai indignado com o que estava ouvindo de nós. "Não só levo a sério como já matei e botei muitos para correr, senhor". Disse José enquanto mostrava fotos de criaturas que ele mesmo capturou e matou.
"Pai, não fomos atacados por um ladrão e sim por um lobisomem na noite passada. Tudo o que você anda recebendo aí no seu whatsapp é real, não é conversa fiada". Respondi a ele.
"Como assim? Porque não me disseram a verdade? Como que um lobisomem veio parar aqui em casa?". Perguntou meu pai muito confuso com tudo aquilo, ficando até vermelho, uma atitude comum quando ele estava nervoso. "Senhor, é por isso que estou aqui, vou proteger vocês e vim justamente explicar algumas coisas para vocês, assim como expliquei para Josué". Respondeu o delegado.
"É pai, eu quase fui devorado, se não fosse a boa mira de Josué". Completou Pedro. "E você já se meteu com esse tipo de coisa, delegado?" Perguntou meu pai. "Já sim senhor, como já disse a Josué". Respondeu José. "Então que caramba é isso na mão do meu filho? O que é o Livro da Capa Preta?" Perguntou meu pai.
"É um livro com magias antigas vindas diretamente do inferno. Magias capazes de mudar a forma humana, e de fazer com que alguém receba habilidades sobrenaturais". Respondeu José, enquanto pegava o livro com Pedro. "Veja, a página do ritual do licantropo está marcado com esta dobrada. De fato, é evidente que Chico praticou as coisas que aqui estão escritas, agora com qual intenção eu não sei, e qual destes ele fez, eu também não faço a mínima ideia, mas julgo que ele fez o ritual no qual ele deve oferecer um filho, em troca de algo que ele queira, um preço muito alto, a se pagar, e em troca ele recebe o que deseja. Mas, não faz sentido, tudo isso para virar licantropo? Um filho para se transformar numa fera?". Disse José coçando sua barba enquanto pensava. "Ele fez isso em troca da riqueza que possui". Eu disse, dando minha mísera opinião. "Eu não sei o que dizer a respeito disso, mas o Chico é meu conhecido de muitos anos, e ele era pobre, do nada ele ganhou na loteria, mas sempre julguei isso como sorte". Disse meu pai. "Então acho que agora estamos chegando em algum lugar, mas geralmente pactos em que vidas humanas são oferecidas, você receba a riqueza em troca da vida e da alma, ser fadado a virar um lobo e matar animais e pessoas, é algo meio ilógico. Pois além de entregar o seu filho ao diabo, ele ainda teve que se entregar a uma transformação bestial". Disse José ainda coçando sua barba e refletindo sobre os fatos. "De qualquer forma teremos que investigar isso, pois em breve ele descobrirá que seu livro não está lá, e só Deus sabe o que ele fará". Disse Pedro se levantando do sofá e andando de um lado para o outro na sala de forma nervosa e inquieta.
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A BESTA
HorrorJosué Fernandes vive uma vida super comum em uma pequena cidade no interior de Goiás, onde começa receber relatos de animais mortos de maneira sinistra levando as pessoas a se questionarem oque pode estar acontecendo. A curiosidade de Josué e seus a...