C O N S E Q U Ê N C I A S

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- não se mova, ou atiramos!
Marcus não moveu um músculo, nem pretendia. ele apenas encarava o homem que acabara de matar.
- mãos pra cima agora! Vamos colocar as algemas em você!
Marcus sem falar uma palavra, apenas ergue as mãos e escuta o som das algemas sendo fechadas.
- Muito bem, você está preso em flagrante por assassinato, é melhor ir se preparando para ter um bom discurso para o delegado.
- ...
Empurrado como um rato pra dentro da viatura, Marcus não tem mais a mínima noção do que ele mesmo é! Ele sempre foi o menino bom, que só fazia coisas erradas sem querer mas sempre andava na linha. agora, tinha matado um homem com os próprios punhos...
Enquanto refletia sobre sua vida, Marcus via pela janela do carro, a paisagem de são Paulo a noite, a essa hora Marcus devia estar em casa jantando com todos mas não, nesse momento ele estava indo para a delegacia e, ele sequer sabia mais que destino teria. Isso pra ele poderia ser assustador mas não, Marcus estava calmo, perturbadoramente calmo.
- alô? Quem fala?
- a senhora é Michele Mendes? A mãe de Marcus dope?
- sim, sou eu mesma mas, o que aconteceu ao meu filho?
- então senhora... Seu filho está na delegacia, é melhor a senhora vir aqui e receber a notícia pessoalmente. Vou lhe passar o endereço.
- ah Deus, o que aconteceu ao Marcus?
Ao chegar na delegacia, Michele teve a pior visão que uma mãe poderia ter, seu filho, dentro de uma delegacia, com o rosto coberto de sangue seco e com um olhar completamente diferente do que ele tinha. É, essa foi a visão de Michele. Que completamente desesperada corre para abraçar o filho.
- Marcus! O que aconteceu com você?
- mãe...
- Michele? Boa noite, eu sou o delegado de polícia Alberto e gostaria de conversar com a senhora.
- Claro, vamos ali conversar.
Enquanto a mãe conversava de canto com o delegado, um novo preso chegou à delegacia.
- muito bem, Ruan Marques, o senhor está sendo acusado de pedofilia e foi preso em flagrante, é sua situação está realmente feia, me acompanhe.
Marcus o acompanha com os olhos enquanto o homem passa na sua frente, percebendo o olhar do garoto, o homem o encara com um olhar frio e, de volta, recebe o pior olhar que alguém já lhe deu, as pupilas dilatadas e fixas ao homem, e um sorriso meio de canto mostrando os dentes... Com certeza perturbador. O homem perplexo com aquilo desvia o olhar, ele com certeza se pergunta como um garoto dessa idade pode olhar pra alguém de modo tão cruel.
- então senhora Michele, seu filho foi preso em flagrante em cima do corpo do homem que matou.
- o que? Marcus matou uma pessoa? Isso é impossível, Marcus não faria isso jamais e...
- o sangue no rosto de seu filho... É do homem que ele matou.
Michele desvia o olhar do rosto do homem grisalho com quem conversa e olha diretamente para Marcus, seu rosto tem uma forma assustadora.
- ele... Ele está parecendo um demônio, seu olhar... Isso não é meu filho.
- seu filho acabou de matar uma pessoa, ele nunca mais será o mesmo minha senhora. Não só seu olhar mas tudo nele mudou, e mudará.
- porque? Ele nunca foi um garoto violento!
- estamos averiguando o caso, mas foi uma morte brutal! Seu filho está realmente encrencado senhora Michele.
- não é possível isso. Marcus ele, o que vai acontecer a ele?
- vamos escutar Marcus e depois o encaminhar para um juíz, como ele é menor será julgado como adolescente. Peço a senhora calma e paciência, nós te manteremos informada.
Não demora muito e Marcus é chamado na sala de interrogatório, ele se senta, e olha fixamente para o delegado.
- ah por favor, porque diabos ainda não trouxeram um pano úmido para esse garoto? Vamos, ele não pode dar um depoimento com a cara ensanguentada.
Marcus limpa a cara e finalmente começa a depor.
- bem, Marcus dope. Hoje dia 20 do quatro, o senhor foi preso em flagrante pelo crime de assassinato, mas provavelmente responderá por outros crimes. Tudo o que for dito nessa sala, a partir de agora será gravado. Então me conte, por que matou esse homem? Conte tudo desde o início.
É a vez de Marcus falar... Ele se ajeita na cadeira, observa ao seu redor e olha no microfone em sua frente. Ele se aproxima e começa a falar:
- errr... Eu estava voltando da escola como em um dia normal mas, coisas aconteceram, e acabou dando nisso.
- é senhor Marcus, literalmente coisas aconteceram - solta uma risada forçada - você matou um homem com as mãos de maneira brutal, o homem aparentemente não tem antecedentes criminais então, não fazemos ideia do que ele fez para...
- ele estava abusando de uma mulher! Foi isso que me levou a mata-lo!
- então você fez justiça com as próprias mãos? Isso não é seu papel nem o de ninguém a não ser da polícia Marcus, se não entender isso você, vai passar por essa delegacia diversas vezes! Crimes acontecem a todo momento, principalmente em são Paulo, uma cidade tão grande! Mas, é trabalho da polícia e da justiça determinar o futuro dessas pessoas, não cabe a você, Veja agora, você está aí, pagando por um crime no lugar do verdadeiro criminoso acha isso cert...
- eu acho! Sinceramente, eu sei que vocês não fariam nada com esse verme, enquanto eu estava na recepção eu vi, diversos homens acusados dos mais diversos crimes saindo pela porta da frente como se nada tivessem feito, eu não iria esperar ele ser preso para então possivelmente fazerem justiça com ele... De jeito algum.
- você não entende? Ninguém está acima da lei
- é claro que está! Se não estivessem, todos os dias não sairiam nos jornais notícias bárbaras sobre crimes horrendos! Vocês prendem e soltam logo depois, não conseguem perceber o quão errado isso é? Sempre existiram psicopatas, mas muitos crimes seriam evitados se a polícia passa-se de fato a imagem imponente que ela deve passar.
- está me dizendo que eu não faço meu trabalho corretamente?
O clima ficou extremamente pesado na sala, Marcus levantou da cadeira e discutiu com o delegado. Que lhe deu voz de prisão por desacato à autoridade. Mas logo em seguida, as coisas se acalmaram e o delegado retirou a acusação.
- certo, se acalme Marcus. Claramente nos excedemos aqui.
- me desculpe delegado, a culpa é toda minha, eu não deveria ter aumentado o tom.
- fique tranquilo, respire e continue respondendo minhas perguntas. Mas então, continue a alegação. Por que você matou o homem?
- depois que eu vi a cena e desci do ônibus porque o motorista exigiu, o homem começou a me perseguir. E eu não sabia o que fazer, eu estava desesperado. Na hora da raiva, e do desespero cada um tem sua própria reação delegado...
- e a sua foi matar o homem?
- na verdade no começo eu só o machuquei mas depois... Eu senti tanta satisfação vendo ele completamente imóvel, e eu podendo bater o quanto quisesse nele que, eu apenas fui.
- satisfação? Você gostou?
- delegado, pra um adolescente de 16 anos que nunca fez nada de muito interessante pra si mesmo e sempre​ viveu a vida rotulada dos pais, matar um pervertido de merda é um bom começo não?
- definitivamente não. Mas bem, vamos continuar o depoimento...
E assim se foi mais algumas horas de depoimento até finalmente acabar. Marcus ficou do lado de fora da sala, esperando o tempo passar... Era mais ou menos duas da manhã quando tudo realmente acabou. Nesse momento ele apenas olhava o céu esperando notícias de seu caso. Enquanto sua mãe era ouvida pelo delegado.
Passou-se um bom tempo e finalmente a mãe de Marcus voltou, mas com notícias não tão boas...
- Marcus, o delegado quer falar com você.
- Muito bem Marcus, com base nas legislações legais você, é obrigado a dormir aqui na prisão essa noite e amanhã, será interrogado novamente por um juíz, ele irá comparar seu depoimento de hoje com o de amanhã e decidir o seu destino, se quer um conselho... Não diga as mesmas coisas que você disse hoje pra mim, ou vai se encrencar demais. É isso.
Marcus acena com a cabeça e é levado até sua cela provisória. E sua mãe, bom, sua mãe vai pra casa desesperada e preocupada com o destino do filho.
Mas bem, como será a audiência? O que o juíz vai definir? Qual será o preço que Marcus pagará pelo seu erro terrível de ter matado aquele​ homem? Aguarde o próximo capítulo de trapstar.
Até breve...

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