R A N C O R

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Os raios de sol começam a bater em Marcus, a cor alaranjada indica que o sol está se pondo e os poucos raios que entram pelos buracos da cela vão diretamente pro rosto de Marcus. Ele acorda e olha ao seu redor.
- droga, já vai anoitecer. Aonde aquele merda está?
Alguém surge das sombras da cela.
- você acordou? Uffa achávamos que você estava morto.
- ah oi. Obrigado mas quem é você?
Apenas agora Marcus se dá conta de que não estava mais amarrado e nem em sua cela, ele estava em outro lugar.
- ah sim eu sou Davi e bem, os guardas te colocaram aqui na nossa cela.
- ah entendi, obrigado mas estou no segundo compartimento?
- não está no corredor 1 do primeiro compartimento, porque?
- nada não eu... Ah caralho! Preciso falar com seu líder agora, quem é ele?
- o JP? QQ tu que com ele?
- nada só quero falar com ele, eu posso?
- bem eu posso ver perai.
- ok obrigado.
O homem sumiu por alguns instantes e Marcus reparou na cela. Era um lugar bem mais amigável do que a cela onde ele estava antes.
- bem Jp aceitou falar contigo, pode ir lá no fundo da cela.
Marcus ainda meio tonto e cheio de dor se dirigiu ao fundo da cela.
- oi? Err boa noite você é Jp?
- sim sou eu, quem é tu?
- ah eu sou Marcus dope. Eu vim parar aqui mas nem sei como.
- ah tá o moleque que foi espancado pelo merda do dex.
- então vocês me tiraram de lá?
- claro que não, eu não tenho poder pra isso. Os guardas é que ouviram os gritos do dex e a agitação na cela e te tiraram de lá. Você tava até desmaiado acho que pela dor que você sentiu.
- ah cara nem me fale, agora que você falou eu tô vendo, tô cheio de ematomas. Espero que aquele cara só tenha me batido e não feito nada de pervertido comigo.
- relaxa eu acho que ele não fez nada. Mas então porque você veio falar comigo?
- ah sim eu primeiramente vim te agradecer por ter me recebido na sua cela.
- já disse que foi os guardas que te colocaram aqui.
- sim mas mesmo assim você poderia ter me largado de canto ou ter me batido mais ainda já que eu estava desacordado. Obrigado por não ter feito nada.
- relaxa moleque eu não sou o tipo de cara que bate em pessoas sem motivo.
- entendi... Bem eu vim aqui também pra te falar de uma coisa...
O clima pesou um pouco no lugar, já era noite e Marcus rapidamente olhou para o céu pelos buracos na cela procurando ver as estrelas, e para sua surpresa não havia nenhuma que ele conseguisse ver.
- diga, o que você quer comigo?
- bem o dex... Eu sei que vocês não se dão bem...
Marcus estava tenso, ele estava prestes a causar uma guerra no reformatório e sabia que uma palavra errada e ele pagaria o preço.
- eu não tenho nada com aquele desgraçado, na verdade só de você citar o nome daquele merda na minha frente já me faz querer vomitar.
- dex e você realmente se odeiam né? Porquê??
- isso não é da sua conta cara.
- nem se eu te disser que ouvi dex falando de ti?
- é o que?
- exato, eu cheguei agora mas já escutei e sei de muita coisa.
- o que aquele pedaço de merda falou de mim?
- primeiro me diga o porque vocês se odeiam tanto.
- droga, você é esperto.
- eu não estou aqui atoa, e acredite eu posso ter essa cara de playboy mas sei muito bem como funciona o mundo de vocês.
- certo. Bem eu e o dex éramos praticamente melhores amigos e quando um entrou no crime o outro acabou entrando também. Éramos realmente mega amigos e onde um ia o outro ia também até que... Ele traiu completamente minha confiança e pegou minha mina. Eu cheguei em casa e os dois estavam na cama... Mandei ele sair e que depois a gente conversava. No dia seguinte quando nos encontramos eu fiz questão de ensinar aquele bosta o que um cara que nem ele merece. Dei a maior surra que já dei em alguém na minha vida e ele quase morreu.
- e o que aconteceu depois disso?
- ele ficou internado e chegou a quase morrer. Mas sobreviveu e voltou pro morro. Parecia tudo bem até ele um dia armou uma emboscada pra mim e eu fui pego pela rota. Levei uma surra dos policiais e fui trazido pra cá. Fiquei sabendo que ele matou minha mina e expulsou meus pais do morro. Eu não podia ficar parado vendo isso. Então eu de dentro do presídio mandei darem um jeito de colocarem ele aqui e aqui ele está. Em celas separadas e eu me controlando para não o destruir.
- caralho esse dex é realmente um cuzao. Eu não imaginava que ele faria algo Assim tão cruel.
- pois é, o cara comeu a minha mina e fodeu minha vida todinha, mas o mundo é pequeno e pra um criminoso  principalmente. Eu ainda vou pegar esse cara se não for aqui dentro, é lá fora.
- bem tô contigo nessa, eu também não gosto nem um pouco do dex e acho que só de me ver desse jeito entende o porque.
- sim.
- bem eu quero te ajudar nessa principalmente porque... Eu ouvi o dex dizendo que quer dar um fim em você o mais rápido possível.
- o que tá me dizendo? Aquele cara quer me dar um fim? Ele pensa que consegue?
- pelo jeito sim, pretende fazer isso ainda essa semana.
- não acredito nisso! Esse dex tá fodido na minha mão.
- então seja mais rápido que ele! Se ele vai atacar essa semana ataque amanhã mesmo por exemplo.
- vai me ajudar?
- claro que sim, façamos um trato, você me ajuda a causar o caos nesse compartimento e eu te ajudo a pegar o dex. Tudo bem?
- eu não devia fazer tratos com um estranho que chegou aqui do nada mas, nesse momento eu apenas quero pegar esse maldito.
- certo então, trato feito?
- trato feito, amanhã de manhã pegamos esse cara, vou avisar os caras aqui.
- ah só uma dúvida, amanhã como pretende conseguir fazer isso tudo?
- deixa comigo cara, eu sei bem quem são os guardas que estão dispostos a vender a dignidade por drogas ou dinheiro. Eu resolvo isso ainda hoje com eles.
- certo então posso ficar tranquilo.
- sim mano relaxa, hoje você vai dormir aqui e amanhã vemos o que acontece, pode ir pro seu colchão que amanhã o dia será movimentado.
- valeu mano, boa noite aí.
- boa noite... Marcus né?
- sim, valeu.
Marcus se dirigiu ao seu colchão e deitou, o dia tinha sido extremamente difícil para ele e só estava começando sua temporada ali. Ele pensava como seria os outros dias e o que ele faria dali pra frente, enquanto apenas sentia a dor dos ematomas violentos que dex tinha lhe causado. Marcus por fim olhou pelos buracos da cela e pode ver um pouco do céu da noite, era uma visão bem diferente da visão do céu de seu quarto entretanto, era o mesmo céu com as mesmas estrelas mudando apenas a sua percepção.
Até breve...

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