O J U L G A M E N T O

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Marcus acordou com pessoas gritando do lado de fora da janela. Meio assustado, tratou de checar que horas eram naquele momento. Eram 6:00 da manhã. Já mais despertado, Marcus encostou a cabeça no travesseiro e encarou o teto por algum tempo. Ele estava ansioso sobre como aquele dia iria acabar. Pensou consigo que poderia voltar ainda naquele dia para a prisão e de lá não sair tão cedo. Mas ele não queria isso, não, Marcus definitivamente não queria isso. A sensação de liberdade lhe era tão viva e tão emocionante. E só de pensar em ter que voltar para aquele lugar imundo, Marcus já sentia repulsa. O sol nem havia soltado os primeiros raios ainda pelo horizonte mas logo alguém entrou no quarto.
- Marcus, como está se sentindo?
- tô ótimo. E então, como vamos fazer?
- vou te levar a uma sala especial onde vai tomar seu café da manhã, trate de comer bem porque não dá pra saber quanto tempo a audição vai durar e nem como vai terminar. De lá os militares irão te levar até o local da audiência. Eles já estão aqui esperando, portanto vamos.
- não posso nem ao menos tomar um banho?
- ontem de madrugada nós ouvimos você ligando o chuveiro mesmo sem nosso consentimento. Então está bem limpo, não vai necessitar de banho agora.
- então tá. Podemos ir?
- claro. Me acompanhe.
Passando pelos corredores Marcus pôde ver que estava chovendo lá fora. E além disso, estava bem frio. Um tempo comum de outono, logo em seguida foi levado para a sala onde tomou um reforçado café, descansou um pouco a comida e logo em seguida os policiais apareceram para levá-lo até a audição. Marcus então foi guiado até um carro forte com vários policiais lá dentro. Marcus, algemado e com roupas de um presidiário, como se estivesse pronto para voltar a ser preso,dessa vez em um presídio de segurança máxima, se perguntava o porquê de tanta segurança assim para o transportar. Em dúvida resolveu questionar um dos agentes ao seu lado.
- é... Com licença, porque tanta segurança e precaução pra me levar até a audiência? Além desse carro forte que está me levando consigo ouvir umas duas viaturas acompanhando.
- você está muito mais encrencado do que pensa. Arthur corrow, o homem que você matou era além de um policial um miliciano, e um dos grandes. A qualquer momento alguém do lado dele pode tentar te matar, eu não queria ter de fazer isso mas infelizmente você ainda está sobre nossa proteção, então temos que dar nossas vidas para protegê-lo.
Aquilo foi suficiente para Marcus ter percebido que matar aquele pedófilo poderia se tornar um pesadelo para ele mais para frente. E ele começou a se preocupar com isso. A chuva apertou e ele podia ouvir os pingos caindo no teto do carro forte. Passaram-se alguns minutos e o carro parou. Logo depois a parte de trás foi aberta e Marcus saiu. A claridade do dia mesmo com aquele tempo estava forte e Marcus pela primeira vez em um ano via o dia do lado de fora de uma prisão. A chuva já não estava tão forte mais ainda molhou Marcus, e ali bem em frente dezenas de repórteres esperavam loucos por uma palavra de Marcus sobre seu caso.
- Marcus o que tem a dizer sobre seu caso?
- acha que vai conseguir convencer o juiz e ficar livre?
- pode nos dar uma entrevista?
- ele não pode parar, temos uma audiência pela frente! Vamos circulando, dêem passagem para passarmos.
Marcus foi entrando pela porta da frente do local, antes de entrar pela porta, parou e olhou brevemente para trás a cidade funcionava a todo vapor. Como Marcus sentia saudades de ver isso.

Ainda algemado, dope foi deixado sobre a tutela de dois guardas, até o momento que o juiz autorizasse sua entrada para dar início a audição. Enquanto pensava na vida olhando pra parede Marcus ouviu David gritando seu nome.
- Marcus!
- tô aqui mano. Eai, o que esperam de hoje?
A mãe de Marcus logo o abraçou, e com a cabeça afundada em seu ombro disse.
- você hoje sai daqui meu filho. Nós fizemos de tudo para garantir isso.
- sério? O que vocês fizeram?
- eu disse que iria te ajudar cara, contratei meu próprio advogado particular para cuidar do seu caso. Ele soube de cada detalhe do seu caso e está disposto a te tirar daqui usando todas as artimanhas que conhece.
- bom dia Marcus dope, me chamo Rodrigo e sou seu advogado.
- bom dia doutor. Acha que consegue me tirar daqui?
- sim. Apesar de ter causado algo enormemente grave no reformatório fazendo os presos se rebelarem você, teve suas motivações, e eu quero usar esse ponto para vencer hoje.
- perfeito. Espero que dê certo.
- vai dar sim Marcus, Rodrigo é ótimo nisso e me explicou como pretende convencer o juiz.
- filho, leve esse pingente contigo. É da sua avó. Ele lhe dará sorte!
No pingente havia uma foto, de uma paisagem, estava extremamente manchado de um amarelado por causa do tempo, mas ainda era lindo de se ver.
- foi a primeira casa da sua avó. Quando sua bizavó morreu, sua avó resolveu queimar a casa para deixar pra trás esse passado dolorido e iniciar uma nova vida. Essa foi uma foto da casa horas antes de ser incendiada. Agora é seu, ela iria gostar que fosse assim.
- obrigado mãe, vou levar comigo sim.
- muito bem Marcus, antes de tudo, temos algo a tratar...

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