III

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  Exímio momento de reflexão profunda,
  Meus traços no espelho são como caminhos.
  Sentimento acre que meu peito inunda,
  Retrata a face dos calços de espinhos.

  Fadado a viver com tudo o que me mata,
  Aos poucos, como uma lança atravessa o peito.
  Ruídos pífios de minha voz em cascata,
  Traduzem o ócio do qual jamais tive deleito.

  Água fria, olhos inchados,
  Noites sem sono, repletas de abantesmas.
  Pingos de chuva, caminhos fechados,
  As inspirações são quase sempre as mesmas.

  As paredes desbotadas,
  Ornamentadas com traçados toscos,
  O teto escuro de telhas quebradas,
  O ar opaco de um universo fosco.

  Apanhados de meu ser,
  Jogados ao chão como cartas não lidas.
  Lançados, decrépitos pela falta de lhe ver,
  Exauridos fragmentos de minha decadente vida.

Chão de giz (Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora