IV

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  Abstenho meus desejos,
  Não mais me guarda em seu seio,
  A mulher pálida de lábios vermelhos,
  Detentora de meus anseios.

  Vida combalida por avessos distintos,
  Que expelem minh'alma pelo suor.
  Olhos vidrados, agitados, famintos,
  Desacertos revividos em cada pormenor.

  Enfrento a rua como uma inimiga,
  Encaram-me como se encalçassem meus passos.
  Ainda a mágoa que meu peito abriga,
  Mostra que de misericórdia, meu peito é escasso.

  Aos que vejo no sofrimento,
  Dou-lhes meu olhar compadecido,
  Apenas meu lamento,
  Pois nada tem me feito sentido.

  As mãos nos bolsos são apenas uma farsa,
  Aldrabices para manter a inteiriça postura.
  Quem dera se tamanha trapaça,
  Servisse para apagar o mal desta urdidura.

  Não vencerei a luta,
  Mesmo assim, levanto-me todos os dias.
  Decerto que em algum momento, na labuta,
  Encontrarei um momento de paz e alegria.

Chão de giz (Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora